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Lucas Headquarters #128 – STARDOM: Haverá salvação?


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Bem-vindos sejam a mais um “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Neste momento, o povo em geral tem um sem-fim de perguntas que quer ver respondidas na sua cabeça: Quem é que vai ser o próximo Primeiro-Ministro? Quem é que vai ser o próximo Campeão Nacional de futebol? Quando é que começa um novo campeonato na F1? (esqueçam, para essa pergunta já existe resposta: Apontem na agenda, 2 de Março, GP do Bahrein. De nada!).


No que toca à wrestling, a única pergunta que a malta quer ver respondida é: “WTF is going on???”.


Surgem novos detalhes relativamente ao escândalo que envolve Vince McMahon e, em última análise, Brock Lesnar. Triple H poderá estar implicado. McMahon renuncia a todas as suas obrigações na TKO. Pela primeira vez em 40 anos, ninguém da família McMahon trabalha na WWE (Triple H não conta, porque não é consanguíneo). WTF is going on???




Rossy Ogawa despedido da STARDOM pela Bushiroad, pouco tempo depois da empresa (que ele próprio fundou) ter comemorado treze anos de existência. Não apenas a Giulia – de quem já aqui falei bastantes vezes – mas várias wrestlers pertencentes à empresa poderão sair já a partir do mês que vem, deixando a Bushiroad entre a espada e a parede. WTF is going on???




Pois é, meus caros comensais do wrestling, já lá vai o tempo em que tudo neste nosso pequeno mundo era uma calmaria desconcertante, nós andávamos sempre à espera de ver alguma coisa acontecer e o que é certo é que não acontecia absolutamente nada (e quando acontecia, não era nada de interessante). Não sei se é de estarmos em plena Road to WrestleMania, de facto eu nem sei se alguma outra empresa de wrestling tem um período do calendário onde a excitação e a agitação sejam tão evidentes, mas o que é certo é que o mundo do wrestling está totalmente virado ao contrário desde o começo do ano.


Mas deixem-me, antes de mais nada, dizer-vos uma coisa que acho importantíssimo que vocês retenham na vossa cabeça, sobretudo neste tempo em que o tribalismo está a flor da nossa pele e o escândalo que envolve Vince McMahon veio agravar essa situação: Nenhuma empresa é perfeita.


Eu sei, já vos disse isto de muitas formas e feitios, umas mais pedagógicas, outras mais cruas e diretas, mas eu acho importante realçar isto não porque a STARDOM tenha sido sempre aquela companhia que melhores decisões tomou a nível do seu roster e/ou booking (Rossy Ogawa também tem os seus fetiches…) mas porque muita gente – e eu próprio me incluo nesta generalização – criou uma redoma à volta da empresa. 


A malta ficou tão cansada de ver WWE e AEW estarem constantemente a protagonizar escândalos de backstage das mais diversas naturezas (a Elite teve - supostamente - que lidar com o Punk, a WWE tem que lidar com um old senile who’s out of touch) que procurou uma empresa que atuasse neles como uma droga. Procurou um escape que lhes permitisse fechar os olhos para a constante negatividade que envolve estas duas empresas e está personificada nos seus fãs.


E acredito que tenha sido assim que para muitos se abriram as portas da STARDOM. Não para mim em particular – no meu caso, a STARDOM aparece quase por acaso a meio do Verão de 2021, curiosamente numa stream que publicámos aqui no site, e não é que eu não quisesse escapar a essa negatividade (que na altura achava ser pouco evidente), eu queria apenas descobrir outras formas, outros estilos, outras abordagens de wrestling.



A nível da comunidade, a coisa também terá corrido bem – a comunidade que assiste joshi, tirando um caso ou outro, não é conhecida por ser uma comunidade altamente tóxica, bem pelo contrário, até é uma comunidade onde impera o respeito e a boa discussão sobre wrestling e a STARDOM merece crédito porque, na sua forma de comunicar com os fãs, sempre exortou esses valores.


Mas tudo isso contribuiu para que de repente passasse a haver uma maçã comestível rodeada de maçãs podres. Ora, infelizmente, durante o começo desta semana, descobrimos que não é bem assim. E se as coisas já são más quando se trata de um homem a tomar conta de uma empresa durante quatro décadas (conseguindo varrer tudo quanto seja escândalos que manchem a sua reputação para debaixo do tapete), quando é uma companhia a gerir outra (ainda que os ramos sejam ligeiramente diferentes) as coisas não ficam melhores. 



Rossy Ogawa foi despedido da STARDOM pela Bushiroad, e se podemos, à partida, ficar descansados porque o que sucede não tem origem num escândalo de tráfico e abuso sexual, as consequências dessa decisão é que nos podem, isso sim, tirar o sono. 


E não é que a STARDOM não possa seguir em frente sem Rossy Ogawa – ninguém é insubstituível, no wrestling e na vida – mas estamos a falar do homem que criou e pôs a empresa no mapa. Pelas suas mãos foram lançados nomes como Mayu Iwatani, Hana Kimura, Utami Hayashishita ou Arisa Hoshiki, apenas para citar alguns. Para bem dos nossos pecados, a maioria das decisões que ele vinha a tomar ainda faziam o mínimo de sentido comparadas com as de um congénere seu que só agora foi corrido da sua empresa.







O que está na origem do seu despedimento, isso sim, é que me parece ser tudo uma valente teoria da conspiração. Não é que não se encontrem fundamentos nessa justificação, aliás, temo-los que cheguem e sobrem: A WWE tem cada vez mais interesse em estabelecer-se no mercado do wrestling japonês (da qual a STARDOM é um dos principais expoentes) e Kairi Sane regressou à WWE vinda dessa mesma empresa no passado mês de Novembro, precisamente na mesma altura em que a WWE manifestou interesse em contratar Giulia, um dos principais nomes do wrestling feminino na Terra do Sol Nascente. 


O interesse na anglo-nipo-italiana, esse, mantém-se; no entanto, o processo que a poderá levar para os Estados Unidos vai atrasar mais uns meses, porque Rossy Ogawa vai fundar uma nova empresa e Giulia quer contribuir para que o início seja auspicioso.



Todas estas evidências levaram a Bushiroad a acreditar que Rossy Ogawa tenha agido como uma espécie de “agente infiltrado” para a WWE nestes últimos meses. E a minha pergunta é… “really? Really?”



A STARDOM perdeu, em 2018, os seus dois maiores nomes à época – Kairi Sane e IYO SKY – para a WWE, onde gozaram – e ainda gozam – de relativo sucesso (embora Kairi ainda tenha voltado ao átrio materno entre Março de 2022 e Novembro do ano passado). Qualquer fã que compreenda o talento que estes dois nomes possuem concordará que a sua saída foi um duro golpe para a empresa, apesar de, do ponto de vista da formação de ativos, essas mudanças terem sido uma primeira fonte de fama.




Mas sejamos minimamente razoáveis: Se Rossy Ogawa fosse o “agente infiltrado” para a WWE como a Bushiroad acredita que é, não só ele tinha deixado sair Kairi Sane e IYO SKY como também não teria manifestado interesse nenhum em preencher o vazio deixado por ambas com nomes de qualidade. 


As provas estão aí para quem as quiser ver: Hana Kimura, Arisa Hoshiki, Utami Hayashishita, Giulia… não só Rossy preparou a próxima geração joshi como estabilizou o roster, que neste tempo todo conheceu apenas quatro “baixas”: Arisa Hoshiki (obrigada a terminar a carreira por lesão), Hana Kimura (pelas razões que se conhecem), Kagetsu e Himeka (terminaram voluntariamente a carreira). Poder-se-ia incluir aqui o nome de Hazuki, visto que terminou voluntariamente a carreira em 2019, mas acabou por voltar cerca de ano e meio depois.


Da mesma forma, se for verdade que Rossy tentou roubar talento para fundar uma nova companhia, não se pode dizer que o que ele fez seja correto. Como disse anteriormente, nem sempre é fácil gerir uma empresa quando não somos nós a ter a última palavra (e Triple H está a começar a aperceber-se disso) mas os nossos ativos devem, na medida do possível, ser sempre postos à parte dessas disputas internas, sob pena de comprometer o seu dever de imparcialidade.


Debandada a partir de Março, a lealdade a Ogawa 

e um novo começo


Tudo isto ocorre depois de um período em que a Bushiroad Fight passou por mudanças na presidência: Katsuhiko Harada (com quem Ogawa mantinha grandes divergências) saiu para dar lugar a Taro Okada, mas nem com a mudança de presidente as coisas conheceram um rumo diferente, isto porque Rossy Ogawa já havia anunciado ao antecessor que se ia embora a partir de 18 de Fevereiro. Portanto, se formos a ver bem, este despedimento é apenas um apressar do inevitável.



Mas não é apenas Rossy Ogawa que vai embora em breve. Como ele e Giulia, muitos dos talentos que compõem o atual roster da STARDOM vão ser livres para decidir a sua carreira a partir do próximo mês. Na verdade, a única wrestler que está sob um contrato de longo prazo com a empresa é o seu ícone, Mayu Iwatani, e grande parte desse compromisso se deve à sua biopic, que estreia no Japão já a partir de Maio.




Não se sabe se muitos destes contratos já expiravam por defeito nessa altura ou se muitas wrestlers decidiram fazê-lo em consequência deste tumulto, mas o que é certo é que grande parte do roster tem uma dívida de gratidão para com Rossy Ogawa, por ter sido pelas suas mãos que as suas carreiras no wrestling foram lançadas.


Tudo isso deverá ter impulsionado Ogawa para o anúncio que fez na passada segunda-feira: Vai haver uma nova empresa joshi fundada pelas mãos do próprio, naquilo que pode ser entendido como sendo “um novo começo”.


O que é que isto significa para a STARDOM? Não se sabe ainda. Todos os cenários são perfeitamente plausíveis, embora o cenário da continuidade ainda não esteja assimilado na cabeça de muitos, porque a STARDOM confunde-se com Rossy Ogawa quase tanto como a WWE se confundiu, nestes quarenta anos, com a família McMahon. O que deverá dar algum talento a Ogawa é o facto de a sua substituição não estar ao alcance de qualquer um, pois os principais candidatos nesta altura, Taro Okada (presidente) e Oyama (gestor de merchandising) não têm qualquer experiência a nível de wrestling.


"Bye, Rossy!"




Quem não se inibiu de festejar esta súbita mudança foi um tal de Tony Khan, que não perdeu tempo a celebrar a derrota pessoal de um dos seus principais concorrentes com um simples tweet: “Bye, Rossy!” acompanhado de um GIF onde vinha escrito "The Big Goodbye". Logo a seguir, partilhou mais uns quantos GIFs, entre eles um que faz referência à famosa série The Sopranos, emitida no final dos anos 90, com a passagem "The Feds had an undercover agent in Dr. Schreck's office".




Sim senhor, já todos conhecemos Tony Khan, e podemos com toda a propriedade dizer que Tony Khan é para o wrestling o que um adepto fanático é para o futebol: Pode até ser um gajo porreiro e que demonstra algum respeito para evitar provocações do adepto rival, mas no fundo não consegue deixar de manifestar a sua felicidade quando o clube adversário está nas lonas.


Cada um usa as redes sociais como quer e bem lhe apetece, e muito afortunado é ele por gozar de tal privilégio. Mas convinha que ele se apercebesse do telhado de vidro que está por cima da sua cabeça antes de atirar pedras ao telhado de vidro do vizinho…


 Acham que a STARDOM fez bem em despedir Rossy Ogawa? Conseguirá a empresa ter condições para continuar? Acham que Ogawa terá sucesso quando fundar a nova companhia?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo site, pelo Instagram, pelo Telegram e demais redes sociais, deixem as vossas opiniões/sugestões aí em baixo… o habitual. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!!

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