Roman Reigns chocado com um kick out de Sami Zayn
Lembro-me
de andar aqui pela comunidade de wrestling online (IWC, sigla inglesa),
aproximadamente entre 2007 e 2011, e discutir-se muito, quando as caixas de
comentários dos vários blogues estavam cheias, a credibilidade dos finishers .
Dizia-se
muito que o Attitude Adjustment era uma projeção banal, que o STF
aparentava não causar dor, que o People’s Elbow valia apenas pelo
envolvimento do público, mas que não era um golpe final credÃvel, além das muitas
variações de Neckbreakers que parte do roster utilizava e do Cobra
de Santino Marella, só para mencionar alguns exemplos. Nem o Atomic Leg
Drop de Hulk Hogan estava a salvo de discussão, até porque havia quem o
utilizasse como um de muitos golpes do move-set . Parecia irrealista, aos
olhos de muitos, que alguns desses moves pudessem sentenciar combates. Inquestionáveis
eram o Tombstone Piledriver , o Pedigree e o GTS , enquanto o
Sweet Chin Music /Superkick , não estando ao mesmo nÃvel, tinha
bastante aceitação. Normalmente, quando eram aplicados, significavam o final do
combate. As exceções eram rarÃssimas, e podiam prender-se com alguma lentidão entre
a execução do finisher e o momento do pinfall , um rolar
involuntário para fora do ringue, uma interferência ou o facto de estarmos numa
WrestleMania
e de ser necessário entregar aos fãs um espetáculo uns furos acima do que
aquilo que estão habituados a ver noutros eventos. Hoje em
dia é ao contrário. Seth
Rollins executa o Pedigree, mas raramente conquista vitórias no
assentamento imediatamente a seguir, mais de metade do roster usa o Superkick
– e há tag teams que utilizam até o Double Superkick – sem que
isso signifique o fim do combate e, enquanto na WWE todas as variações de Piledrivers
foram banidas, é usual as vermos na AEW sem que logo a seguir se assista a um pinfall
vitorioso. Na
realidade, por muito impactante que seja um finisher , é raro que a sua primeira
execução durante um combate signifique uma vitória. Nem quando é aplicado em
superfÃcies mais duras que o tapete do ringue. Tanto na WWE como na AEW. Ainda
recentemente, vimos Seth
Rollins aplicar tanto um Pedigree como um Stomp numa espécie
de balcão em Shinsuke Nakamura no Fastlane, mas mesmo depois disso o japonês conseguiu
levantar-se.
VIDEO
No
WrestleDream, Christian Cage executou um Killswitch em cima da madeira
do ringue exposta em Darby Allin, numa altura em que o tapete estava retirado,
mas no assentamento que se seguiu Allin fez o kick out . No
mesmo evento, Adam Page executou um Dead Eye em Swerve Strickland em
cima dos degraus, mas veio até a perder o combate . E para triunfar em qualquer
combate pouco importante, Kris Statlander executa o seu Wednesday /Friday /Saturday /Sunday
Night Fever , uma espécie de dois Tombstone Piledrivers de
seguida. Estamos a falar de golpes que, caso
não fossem aplicados em segurança, poderiam partir ossos da cabeça e do pescoço, colocar pessoas em
cadeiras de rodas ou até conduzir à morte. Vivemos
na era do “kick out after kick out ”, de near falls inesperadas e de
combates em que é quase necessário matar o adversário para alcançar a vitória.
Todos vibramos, gostamos e atribuÃmos cinco ou mais estrelas. Mas há perigos.
Primeiro, porque se escancarou a Caixa de Pandora e aparentemente atingimos um
ponto sem retorno. Depois, porque parece que os combates de wrestling, enquanto
espetáculo, parecem ter cada vez menos por onde crescer.