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Lucas Headquarters #102 – A nova hora de Hikaru Shida

 


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Bem-vindos sejam a mais uma edição de “Lucas Headquarters”, aqui no WrestlingNotícias!! Sou-vos sincero, escrever este artigo vai ser um esforço um bocadinho inglório: O calor vai aumentar e, por isso, muita gente vai optar por ir à praia. Outros há que vão estar a viver dias intensos, numa Lisboa que deve estar à pinha graças à Jornada Mundial da Juventude. Mas a quem tiver a hipótese de ler a entrada de hoje, bem-vindos mais uma vez!!


Repetindo o ponto inicial: Escrever o artigo desta semana vai ser uma tarefa um tanto quanto inglória. Mas que não se pense que seja por causa da falta de eventos que vamos ter este fim-de-semana, porque isso, definitivamente, não se verifica: O Summerslam terá lugar já esta noite e, pela hora que isto vem a público, ainda estaremos no rescaldo de mais uma edição do Sareee-ISM, o evento que tem Sareee como cabeça de cartaz e que é produzido pela própria. 


Na primeira parte deste evento, tivemos Sareee contra Chihiro Hashimoto, naquele que foi, para mim, um combate bastante interessante e que serviu de “teste” para pôr à prova tudo aquilo que Sareee havia aprendido em três anos a lutar nos Estados Unidos. Lutar contra Chihiro nunca é tarefa fácil, mas Sareee demonstrou saber estar à altura.


O card para o Summerslam promete, também ele, bastante: Jimmy Uso enfrenta o Tribal Chief Roman Reigns num Tribal Combat, naquele que é entendido por muitos como o derradeiro capítulo desta já longa novela. É interessante apontar várias coisas a respeito deste combate:


1 – No início desta história, ninguém acreditava que um dos Usos pudesse sobressair-se a nível individual. E isto acontece devido a vários fatores: Genes e força de hábito. Como é do conhecimento geral, os gémeos têm bastante dificuldade em viver contextos distintos (eu próprio, não tendo irmãos gémeos, conheço casos deste género).


Quanto à força de hábito, todos nós nos acostumamos a ver Jimmy e Jey juntos no ecrã, e quando um se ausentava por lesão, o outro acabava por desaparecer de mansinho, ou desempenhar um papel diferente dentro da esfera da WWE, mas que ainda assim o permite manter em sintonia com a companhia. 


Exemplo disso foi o breve período em que Jimmy Uso foi color commentator no SmackDown em 2015 enquanto Jey estava a contas com uma lesão. Como tal, para os fãs era muito pouco usual ver uma destas metades a brilhar sozinha, porque “uma mão lava a outra e as duas lavam a cara”, quer isto dizer que os Usos, até aqui, só aparentavam funcionar os dois em conjunto.


2 – Existe a possibilidade, ainda que remota, de Jey sair campeão e fechar de vez esta novela. Sim, esta é uma possibilidade e remota e ainda ninguém conseguiu, para já, imaginar um cenário plausível onde isso acontece e quais seriam as consequências disso. 


Mas este segundo ponto tem origem, também, no seguinte: Virtual e realisticamente, Roman Reigns já venceu toda a gente que poderia hipoteticamente representar uma ameaça. A única ameaça que falta será Randy Orton… e diz-se por aí que ele estará nos bastidores para o Summerslam desta noite. Será que vamos ver um regresso do The Viper? Será que, a regressar, irá opor-se a Roman Reigns e candidatar-se a mais uma run como World Champion? Esse é o ponto interessante desta possibilidade: Toda ela se desdobra em sub-possibilidades, mais ou menos plausíveis e concretizáveis.



Na edição desta semana quero, contudo, falar de All Elite Wrestling. E, querendo falar de AEW a 5 de Agosto, é impossível negar que o faço já com os olhos postos nesse All In do dia 27. Até porque o foco da edição de hoje será uma mudança que terá impacto nesse evento.


Hikaru Shida tornou-se AEW Women’s Champion, num segundo reinado que vem às custas de um reinado de Toni Storm que nem deu para saborear ou para apontar os prós e os contras. Toni Storm, por sua vez, tornou-se campeã no Double or Nothing de 28 de Maio, num combate também ele curto, de pouco mais de três minutos, que, no que diz respeito à curta duração da contenda, veio a público que tinha por motivo as várias lesões com as quais Jamie Hayter tem lidado, e que devem mantê-la afastada dos ringues durante o resto do ano.



Ora, devo confessar, em primeiro lugar, que um novo reinado de Hikaru Shida era algo que não estava à espera. Não que ela não tivesse potencial para voltar a ser campeã – Shida foi um dos corações pulsantes da AEW durante a fase pandémica, tal como, na porta ao lado, Drew McIntyre também o foi – e já lá iremos.


Esta surpresa relativamente ao reinado de Hikaru Shida é puramente circunstancial. Quero com isto dizer que estamos a falar de uma wrestler que acabou de começar um segundo reinado, no ducentésimo episódio do Dynamite (o que lhe adiciona um sabor especial), mas é uma wrestler que nos últimos meses tem combatido quase sempre no Rampage, e só com esta storyline que a põe contra as Outcasts é que a temos visto de uma maneira mais regular naquele que é o show principal da All Elite.


Isto reforça, de certa maneira, uma convicção que trago comigo desde que, na pandemia, vi Hikaru Shida dar a cara não só pela AEW, como também por uma divisão feminina que mesmo com a japonesa como o seu principal nome à entrada para um segundo reinado: Hikaru Shida é uma wrestler tremendamente subestimada.



Numa divisão feminina da AEW que, como acabei de dizer, não tem o star power que a WWE dispõe, Shida é, sem dúvida, dos nomes – senão o nome – que mais experiência reúne lá dentro. No entanto, Shida chega aqui com uma mão cheia de problemas que poderão ser um desafio ao seu período enquanto campeã.


Primeiro, a falta de nomes de peso na Divisão Feminina. Este é um problema que já vem desde aquele Double or Nothing de 2019 e que levou a AEW a arriscar pôr o título numa jovem Riho que na altura tinha apenas 22 anos. E hoje, a verdade é que a coisa pouco mudou. 


Da divisão feminina que a AEW dispõe atualmente, apenas as Outcasts têm algum peso nos seus nomes. Toni Storm, antes da AEW e da WWE, já tinha levantado ondas na STARDOM (venceu, inclusive, o 5 STAR GP) e com Ruby Soho ainda havia alguma esperança quando se juntaram as Riott Squad (e creio que, ainda assim, quem caiu mais nas graças dos fãs foi uma tal de Liv Morgan). Desta lista incluem-se também dois grandes nomes:


Taya Valkyrie, que foi uma das principais caras da Divisão Feminina da IMPACT durante quatro anos mas que perdeu muito brilho numa passagem sem qualquer brilho pela WWE (a única coisa que me lembro de a ter visto fazer foi interromper Raquel Rodriguez logo na sua estreia, fazendo-se acompanhar de um caniche e parecendo, em certa medida, uma Torrie Wilson 2.0);




Athena (fka Ember Moon) que gozou de grande protagonismo num dos melhores períodos de sempre do NXT (foi campeã e até teve Lzzy Hale, dos Halestorm, a cantar-lhe o tema de entrada) mas que, como era esperado, passou entre os pingos da chuva quando subiu ao Main Roster. 


Voltou ao NXT num repackage que tirou grandes inspirações dos tempos do Undertaker American Badass (obviamente, com a devida adaptação à chegada da terceira década do século) e ainda foi NXT Women’s Tag Team Champion com Shotzi Blackheart, mas a verdade é que o seu tempo na WWE já estava a chegar, como se viu pouco depois, a um ponto de não retorno.





E, claro, Thunder Rosa. Thunder Rosa é uma ex-AEW Women’s Champion por direito próprio, e até à lesão que a levou a abdicar do ouro era, se calhar, o nome com mais peso na divisão. Uma globethrotter que impressionou durante quatro anos no seu México natal (fez parte da Lucha Underground) e cuja passagem pela TJPW, apesar de curta, foi extremamente positiva (e apenas foi interrompida pelo COVID). Já antes havia tido uma passagem discreta pela STARDOM, da qual quase ninguém é capaz de se lembrar.




Segundo, a falta de tempo e de protagonismo que é dado à Divisão Feminina. Que a divisão Feminina da AEW tem falta de nomes de peso, isso é uma verdade insofismável. No entanto, existe lá gente com bastante potencial, e se não lhes for dado o tempo e as luzes da ribalta necessárias para o seu crescimento e desenvolvimento, então esse protagonismo nunca chegará a ser atingido.


E dentro deste ponto, os problemas são imensos: Pouco tempo reservado para os combates e para as promos, feuds que não fazem qualquer sentido (ou às quais não é dada continuidade depois de umas semanas/meses) e ainda, a quantidade infindável de nomes que lá estão que não são aproveitados.


Abaddon, por exemplo. Tirando Julia Hart (que tem evoluído tremendamente desde que se juntou aos House of Black), era ela a cabeça de cartaz das dark gimmicks entre as mulheres A sua gimmick zombie era algo que, apesar de se enquadrar num tema que já vimos imensas vezes em diferentes wrestlers, ainda era suficientemente original.



Marina Shafir e Paige VanZant são, talvez, dos casos mais gritantes. Marina Shafir chegou à AEW depois de uma discreta passagem pelo NXT. Nela eram depositadas muitas esperanças, já que Ronda Rousey e Shayna Baszler haviam conseguido realizar com algum sucesso a transição da UFC para a WWE. 


Essas esperanças, esmagadas pela sua saída sem brilho da empresa de Vince McMahon, reacenderam-se quando o marido, Roderick Strong, assinou pela All Elite, mas de nada valeu. Com Paige VanZant o desafio parecia maior porque a transição teria que ser feita de raiz, mas a verdade é que pouco ou nada vimos dela.



Portanto, Hikaru Shida terá aqui a missão de devolver à Divisão Feminina da AEW a credibilidade que sempre lhe faltou. E, a julgar pela forma como deu a cara pela empresa numa fase difícil e ainda conseguiu reinar com o ouro durante pouco mais de um ano (372 dias) é justo dizer que é ela a pessoa certa. E o seu reinado começa em excelente altura, já que um bom combate no All In poderá ser o primeiro passo para a obtenção dessa credibilidade.


Hikaru Shida e Drew McIntyre: Estão bem um para o outro




Uma das primeiras coisas às quais fiz menção a respeito de Hikaru Shida (e que fui fazendo questão de reafirmar ao longo da edição de hoje) é que, tal como Drew McIntyre, Shida está ligada a uma fase difícil para o wrestling em geral e para a AEW em particular: A fase da pandemia. 


Na altura, a campeã durante mais de um ano foi ela, tal como, nas mesmas circunstâncias, Drew McIntyre foi campeão duas vezes: A primeira, durante sete meses (após derrotar Brock Lesnar na primeira Wrestlemania sem público, gravada uma semana antes de ir para o ar) e a segunda, durante três (após derrotar Randy Orton no RAW antes do Survivor Series desse ano).


Por essa razão, vejo Drew McIntyre e Hikaru Shida como dois wrestlers que estão a ser mal aproveitados pelas respetivas empresas. Numa altura em que a WWE e a AEW se viram sem a sua principal força motriz (que é o público), tendo muitas vezes que lidar com baixas importantes no roster devido a casos de COVID e, consequentemente, tendo que improvisar planos já previamente delineados, o contributo que o escocês e a japonesa deram às suas causas foi inestimável. 


Por isso digo que Drew McIntyre e Hikaru Shida “estão bem um para o outro”: Antes de Shida ser campeã, já ela era merecedora de um maior reconhecimento. Esse mesmo reconhecimento é devido a McIntyre, não só pelas suas capacidades, como pelo facto de ser um dos wrestlers mais confiáveis que a WWE tem ao seu dispor neste momento.




E vocês, o que acharam da vitória de Hikaru Shida pelo AEW Women’s Championship? Como acham que será o seu reinado? Que problemas terá de enfrentar?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo nosso site, pelo nosso Telegram, deixar a vossa opinião aí em baixo… o costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!







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