Lucas Headquarters #98 – No fundo e no topo
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão?
Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!!
Pois é, estamos cada vez mais perto da edição 100 deste espaço, e não bastasse
isso, como disse na semana passada este mês de Julho tem tudo para ser
extremamente positivo no que toca a wrestling. Mas, já que estamos quase
a atingir um número redondo – redondíssimo – por aqui, deixem-me dizer, antes
de mais, que eu tenho um sonho, como dizia o outro.
E eu nem sou muito, aliás nada, de pedir estas coisas, mas
como vocês bem sabem, uma das coisas que mais me deu prazer em fazer foi
escrever estas 98 edições ao longo de pouco mais de três anos. Por isso, vou propor
um desafio: Até à edição 100 (e para lá dela, espero eu), gostava de ter mais
pessoas a ler o artigo do que as que estiveram na apresentação do Di María no
Benfica, na passada quinta-feira. Será que conseguimos?
Falando agora do assunto desta semana (e recuperando um pouco
do que disse no primeiro parágrafo) na semana passada eu entrei neste sétimo mês
do ano com expectativas relativamente altas, não só pela quantidade de eventos
aos quais íamos assistir ao longo de 31 dias mas também pela qualidade do wrestling
apresentado que, na minha opinião, tem que ser diretamente proporcional ao
número de eventos existentes (quando é mais) e inversamente proporcional
(quando é menos).
A parte boa deste mês – e acho que também deixei isso claro –
é que íamos ter wrestling para todos os gostos: Começávamos com WWE (e
logo um PLE, na minha opinião, marcante, como é o Money In The Bank) e acabávamos
com a STARDOM a dar-nos wrestling para mais dois meses com mais uma edição
do 5 STAR GP, cuja antevisão será feita precisamente na edição 100, daqui a
duas semanas (eu tinha algo diferente planeado para essa data, mas na edição
101 vamos tratar desse assunto).
Na semana passada fiz também a antevisão do Money In The
Bank, deixei escritos no papel os meus sentimentos relativamente a este PLE e
arrisquei vencedores dos dois combates que são cabeça-de-cartaz do evento. Se
fosse apenas por aí, podia dizer que foi um evento “agridoce”, se calhar um bocadinho
“insosso”, porque evidentemente que aqueles eram os destaques do evento, mas
depois… Não havia nada de interessante e o hype facilmente desaparecia.
Felizmente – e digo isto com um grande sentimento de alívio
misturado com felicidade – não foi isso que aconteceu. Arrisco dizer apenas que
a única infelicidade que houve foi exclusivamente minha, e foi não ter podido
ver o evento em direto, numa das raras ocasiões que constitui um evento de wrestling
numa zona do globo com um fuso horário perfeitamente acessível ao público português.
Claro que, consequência perfeitamente natural de não estar a
ver um PLE ao mesmo tempo que a grande maioria dos fãs, foi a quantidade insana
de spoilers que apanhei imediatamente a seguir a cada combate e nas
horas e dia seguinte ao próprio evento. Fiquei um bocadinho de pé atrás na questão
de ver o Money In The Bank em si (coisa que acontece sempre porque acaba por
perder a piada se já estou a par de tudo) mas há sempre aquela parte de mim que
quer ver e comprovar se as coisas foram realmente como estava escrito e tinha
sido dito. E não fiquei desapontado.
John Cena aparece – LITERALMENTE DE SURPRESA – trava-se de razões com Grayson Waller e deixa no ar uma hipótese que vem sendo equacionada há muito (Wrestlemania em solo europeu) mas que, para nossa infelicidade, não acontecerá antes de 2026.
Hoje quero, sobretudo, falar de dois wrestlers que eu senti que saíram do Money In The Bank com emoções opostas. Estes dois partilham um common ground: São adorados pela grande maioria do público, que já percebeu que o seu talento não é para ser usado na nobre missão de elevar companheiros de balneário ou de recuperar o seu momentum. LA Knight (YEEEEAAAAH) e IYO SKY.
Dois dos wrestlers mais
populares de que a WWE dispõe neste momento e, ainda assim, apenas um parece estar
realmente destinado a receber louros, palmas e vitórias. E não me venham com conversas
de que “ah, no combate Money In The Bank masculino qualquer um podia ter
ganho porque nenhum dos integrantes foi Campeão Mundial”, porque apesar de,
como sempre, terem razão, nesse caso temos que fazer referência à forma como cada
wrestler estava over.
Ricochet é um wrestler de quem o público gosta, mas a tradicional
bacorada que é feita quando se trata disso (e, sobretudo, de wrestlers com
o seu estilo de luta) já há muito que alienou o interesse do público, que
continua a gostar dele, mas que não vê nele nada que não seja um lowcard act
ou um lower midcarder, precisamente por saber que lá atrás não
existe confiança no seu trabalho.
Butch… Bom, se a mudança de nome não era indicação suficiente…
Santos Escobar é um wrestler que como babyface até não se tem dado mal (vale lembrar que os Legado eram heels nos tempos do NXT) mas o facto desta LWO ser uma recriação da original e não trazer nada de inovador – nem de ter grandes perspetivas de futuro - acaba por deixá-lo para segundo plano.
Shinsuke Nakamura é aquele exemplo clássico de what could’ve
been? sem que isto seja, no entanto, culpa do próprio. A WWE teve tudo para
lhe atar o foguete às costas depois do combate com AJ Styles na Wrestlemania 34
mas falhou miseravelmente. O heel turn até começou por ser uma ideia
fixola, mas rapidamente percebemos que não passava apenas da graçola do “no
spik engrish” e que AJ Styles seria uma opção mil vezes melhor para esse
papel como já foi no passado.
Logan Paul é aquilo a que podíamos chamar de Brock Lesnar
mais magrinho, e se calhar até com alguma propriedade porque os combates que
ele teve até agora foram positivamente surpreendentes, mas parece que a WWE
percebeu aquilo que não tinha percebido com Lesnar: É imoral – isto falando de wrestling
– que um part-timer que só faz uns quatro eventos por ano – os Grand
Slams – mais Arábia seja agraciado com tão distinta honra para depois raramente
defender o título.
Sobra-nos o vencedor, Damian Priest. Que, em certos aspetos, até é uma opção válida para a vitória no entender de muitos, sobretudo depois da excelente saga contra Bad Bunny. Mas os Judgment Day evoluíram como nunca, sobretudo desde que trocaram de liderança.
Estabeleceram-se como uma stable coesa
onde cada um brilha e é bem recebido pelo público, sem que para isso precisem
de aparecer sempre em grupo. Querem mais provas de que esta stable é um
sucesso? Elevou um miúdo que até há um ano era somente o “filho do Rey Mysterio”
a um dos heels mais odiados da companhia. Basta chegar o microfone à
boca que chovem assobios. É automático.
Serve isto para dizer que nenhum destes, excetuando Priest
(em certa medida) estava tão over como LA Knight. E LA Knight é um caso
raríssimo de encontrar, porque pese embora todas estas semelhanças entre ele e
outros casos de sucesso orgânico na WWE (como Kofi Kingston e Bryan Danielson, fka
Daniel Bryan), o público parecia já conhecer o seu trabalho anterior na IMPACT.
E isto, regra geral, não acontece.
Não acontece porque a WWE constitui sempre aquele “primeiro
passo” do fã de wrestling. Nós durante anos consumimos aquilo e somos hipnotizados
pela ideia de que não há mais nada de bom wrestling para além daquilo.
Ora, já sabemos que não é difícil comprovar que essa afirmação é mentira…
O medo instala-se quando Triple H tenta acalmar as massas e diz que o suposto push de LA Knight, seja lá o que isso for, está só a começar, e os fãs têm que ter paciência, etc. e tal.
Eu não sei se vocês estão
de acordo, mas daquilo que vou vendo e lendo e escrevendo e opinando, no círculo
de fãs de wrestling, sobretudo aqueles mais apaixonados (que não são tão
casual viewers, perdoem o termo), a paciência da malta com long-term
booking é muito curtinha (Bloodline parece ser a exceção, e mesmo assim já
há malta a ficar cansada). Basta ver pelos acontecimentos da Wrestlemania: Cody
Rhodes perdeu, é humilhado no pior RAW pós-Mania desde que me lembro e a malta ainda
não recuperou desse trauma.
A pergunta que não quer calar é: Será que LA Knight sempre
vai ter o tal push que já demonstrou merecer? Será que não é um daqueles
pushes que começa, chega a meio e deixam de apostar, levando o público a
perder interesse? Será que, no mais remoto canto da mente humana, ainda
consideram a hipótese de fazer dele um manager devido à idade?
O outro caso, com um final de noite diametralmente oposto ao
de LA Knight, é o de IYO SKY. E no caso de IYO SKY já estava prestes a
acontecer o mesmo do que poderá eventualmente acontecer aos LWO, mas pior.
Vai fazer no final deste mês um ano que IYO voltou à WWE junto com Dakota Kai para formar as Damage CTRL (e ambas estiveram, se não me engano, com pé e meio na STARDOM antes de Triple H assumir o comando).
A ideia
parecia promissora ao socorrerem-se de Bayley para salvaguardarem os seus interesses
de Main Roster e não correrem o real risco de acabar ambas a definhar no
low card, mas cedo se perceberam duas coisas: Que o talento de IYO era
grande demais para andar escondido entre um trio, e que aquela ideia, apesar de
promissora, na prática prometia zero.
Em Setembro, depois do Clash At The Castle, Dakota e IYO
vencem os Women’s Tag Team Championships de Aliyah e Raquel Rodriguez,
perderam-no ao fim de 50 dias para Alexa Bliss e Asuka, recuperaram-nos no
Crown Jewel, perderam-nos em Fevereiro… isto não ata e nem desata, dão-se três passos
à frente e três atrás.
Felizmente, a WWE parece… Quer dizer, não é que se tenha
apercebido do talento de IYO SKY per se, mas a lesão que implica a longa
paragem de Dakota Kai fez mais bem que mal à causa porque dá tempo mais que suficiente
para IYO mostrar tudo aquilo que tinha mostrado no NXT.
E vocês, que análise fazem a derrota de LA Knight e vitória
de IYO SKY nos respetivos Money In The Bank Ladder Matches?
E assim termina mais
uma edição de “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo nosso site,
pelo nosso Telegram, deixar a vossa opinião aí em baixo… o costume. Para a
semana cá estarei com mais um artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso!