Lucas Headquarters #93 – Prometeram muito, entregaram pouco
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão?
Bem-vindos sejam a mais um “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Oh
diabo, então mas agora em Junho é que se lembra a chover? Mas o São Pedro não põe
ordem na Diana e na Rainha? É que com tantos trovões que vi esta tarde, elas só
podiam estar a atirar candeeiros…
E lá se passou mais um fim-de-semana em que tivemos wrestling até fartar, e como vocês sabem, não há altura do mês (ou do ano) que um fã de wrestling goste mais do que um fim-de-semana desses. WWE, AEW, STARDOM – todas estas três empresas tentaram conquistar-nos com a melhor oferta de wrestling possível e imaginária.
E seriam quatro, não fosse o Lisbon WrestleFest no
Parque Mayer – originalmente agendado para o passado Sábado, 27 de Maio – ser adiado
devido às más condições climatéricas que se vão registar pelo menos até meados
deste mês (e já agora, a nova data do referido evento passa a ser 8 de Julho. Save
the date).
Em teoria, todos os três eventos prometiam. Na prática, só um
foi capaz de cumprir. E aqui reside o ponto inicial da edição desta semana, que,
para quem não teve a oportunidade de acompanhar todo este carrossel, causará a
surpresa geral: Aquele que cumpriu não foi o que se esperava.
Não quero, com isto, dizer que o show em questão não
iria entregar uma proposta boa, mas isto é tal e qual como noutros desportos de
natureza mais coletiva: Normalmente, as equipas – ou jogadores – que têm os
media todos atrás deles são aqueles de quem esperamos melhores exibições, precisamente
porque os vemos jogar de uma forma quase diária, conhecemos os seus pontos fortes,
os seus pontos fracos, as suas virtudes e os seus defeitos.
Normalmente, o show que tem menos cobertura mediática
fica relegado para segundo plano. Muitas vezes é aquele que até temos vontade
de ver, porque há lá lutadores e histórias de qualidade, mas ao mesmo tempo a
nossa expectativa baixa pelo facto de, se por acaso não corresponder, a gente
não se vai chatear muito com isso.
Mas, para perceberem quais é que foram os PPV (ou Premium
Live Events, como quiserem) que não corresponderam, vou abordar, de forma muito
geral, aquele que correspondeu, o Flashing Champions da STARDOM.
O “prato forte” deste PPV era, sem dúvida, o Champion vs Champion Match que opunha a World of STARDOM Champion Tam Nakano à Wonder of STARDOM Champion Mina Shirakawa.
Foi um combate excelente em termos de ação, intenso
do princípio ao fim. Mas o resultado não faz jus àquilo que realmente aconteceu.
Mina esteve claramente mais over durante o combate do que Tam, sobretudo
pela história de superação que vinha contando desde há um mês, pelo que
entregarem o White belt a Nakano foi uma jogada que não caiu bem na
maioria dos fãs de STARDOM, e com alguma justiça.
Achei interessante a proposta de trio que Maika, Mei Seira e
Suzu Suzuki entregaram contra Nanae Takahashi, Yuna Mizumori e HANAKO mas acima
de tudo achei fofinho da parte do Rossy Ogawa compreender a revolta dos fãs de
Giulia quando esta perdeu o World of STARDOM Championship para a Tam no All
Star Dream Queendom e compensá-los com… outro título. É um título de trios, é
certo, e Giulia terá que dividir os despojos da guerra com Thekla e Mai
Sakurai, mas é fofinho nonetheless.
E o fim de um dos mais brilhantes, se não mesmo o mais
brilhante reinado high speed de sempre. Saki Kashima conquistou o título
que AZM detinha há já mais de um ano, num combate que foi do tamanho da Fukigen
Death – pequenininho. Vai ser interessante ver como será o reinado da integrante
das Oedo Tai, bem como se AZM estará agora preparada para outros voos bem mais
altos.
Elencados os destaques do show que cumpriu, vamos,
agora sim, mudar as agulhas para os que não cumpriram. E enquanto é justo dizer
que o último terço do Double or Nothing salvou o fim de semana de ser um fiasco
monumental em termos de wrestling, já do Night of Champions não se pode
dizer a mesma coisa.
Já era por demais evidente que a WWE só se atrevia a fazer
eventos na Arábia Saudita pelo dinheiro que estes lhe rendem, porque mais fã
menos fã, ao fim do dia os salários caem na conta dos lutadores. Mas não era
preciso tornar tudo assim tão óbvio.
O resumo que é possível fazer de tal PPV é que teve três velocidades – devagar, devagarinho, parado. Quem se queixa das falhas que o Double or Nothing teve (que foram algumas, não vamos estar cá com rodeios nem com opiniões tendenciosas) é porque nunca viu uma das mais experientes wrestlers da divisão feminina da WWE ser enxovalhada perante a jovem campeã.
Que já é um nome a ter
em conta em todo o panorama da empresa, não tenhamos quaisquer dúvidas, mas isso
não justifica tudo. Rhea Ripley sai das Arábias com a imparavelmente positiva
impressão de ser uma campeã forte e temível, mas a Natalya foi sempre a âncora
capaz de aguentar a divisão feminina da WWE quando esta andava nas ruas da amargura.
Outra coisa: Quem é que desmaia a estar preso num Kimura Lock? Não, a sério, digam-me, porque aquilo que eu vi foi surreal.
Eu
compreendo a posição da WWE, Brock Lesnar é dos maiores big deals que a
empresa lá tem em termos de dinheiro (quer o dinheiro que rende, quer o
dinheiro que recebe) e depois da surpreendente derrota na Wrestlemania, fazer o
Cody Rhodes perder de forma limpa seria, no mínimo, fazer igual ou pior do que
quando o obrigaram a ser doppelganger do irmão (e ainda bem que esses tempos
vão longe, acho que não aguentava ter de voltar a ver aquilo). Mas podiam por
exemplo ter obrigado o Lesnar à desqualificação, já que gostaram tanto de o ver
aplicar três F-5 no Cody no pior RAW pós-Wrestlemania da história…
A única coisa boa do Night of Champions foi, sem dúvida, o Main
Event. Um combate vertiginoso e cheio de storytelling, onde basicamente
tivemos Kevin Owens e Sami Zayn a jogar as melhores cartas que tinham enquanto
Solo Sikoa levava com tudo e Roman Reigns esfregava os seus mil dias de reinado
na cara do público. Dizem que o melhor se guarda para o fim e foi isso que
aconteceu: Não venham dizer que aquele superkick não teve um efeito
igual à cadeirada que o Reigns levou do Seth Rollins, fez ontem nove anos…
Por último, mas não menos importante, Double or Nothing. Um PPV muito mais fluido e menos “mastigado” em comparação com o Night of Champions, mas com algumas coisas que também não deu para compreender, sobretudo no combate entre Adam Cole e Chris Jericho.
E já nem falo de quando Britt Baker apareceu
para lhe dar uma sova daquelas onde parece que vemos a mãe a bater num filho. Mas
como é que um unsanctioned match (com direito a enforcer e tudo)
acaba por via de um referee stoppage? Se o combate era unsanctioned e
se, supostamente, a AEW lavava as mãos de qualquer responsabilidade em relação
ao que viesse a acontecer, é no mínimo estranho…
Podia também opinar sobre Toni Storm vs Jamie Hayter, mas a
verdade é que a lesão de Hayter não me dá espaço para dizer grandes coisas de
momento.
Pontos positivos? O Open House Rules Match (que ainda assim acho que deveria ser guardado para PPV mais especiais sob pena de ser banalizado);
Jade Cargill vs Taya Valkyrie (notam-se melhorias da Cargill em ringue, mas o facto de ter lidado com uma veterana como adversária ajudou muito a disfarçar as suas fraquezas);
O retorno de Kris Statlander (que ganhou contornos épicos pelos nove meses em que esteve ausente);
O Fatal 4-Way entre os Four Pillars (onde todos se mostraram a um nível excelente, com cada um a ter direito a mostrar os seus argumentos ao público, mas aquele combate merecia ter acabado com um finisher mais do que com um side headlock, assim passa a ideia de que a conclusão foi algo… insalubre);
E o Anarchy In The Arena que foi aquilo que
prometeu e muito mais. Quem diria que Takeshita iria ser o principal decisor do
combate… só pode querer dizer que vem aí Kota Ibushi.
Em suma, se tivesse que ordenar os três PPV do melhor para o pior: Flashing Champions > Double or Nothing > Night of Champions.
A
STARDOM apresentou um show consistente ao largo de quase quatro horas,
já a AEW apenas acabou por entregar o que sabe nos últimos três combates. Notei
uma certa ênfase na storyline dos “Four Pillars” e na de BCC vs Elite,
tudo o resto me pareceu descurado para segundo plano, e talvez isso tenha
contribuído para que este PPV estivesse uns furos abaixo das expectativas. Na
WWE, apenas rendeu o Main Event, e mais pela efeméride e circunstâncias
externas do que internas.
E vocês, que análise fazem a este fim-de-semana de wrestling?
E assim termina mais
uma edição de “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo nosso site,
pelo nosso Telegram, deixar a vossa opinião aí em baixo… o costume. Para a
semana cá estarei com mais um artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso!