Ultimas

Lucas Headquarters #92 – Os 1000 dias do Chefe Tribal


 

Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Sejam muito bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias! 


E sim, eu sei, este fim-de-semana vai ser complicado para vocês lerem esta minha dissertação semanal: Uns porque vão estar precisamente a ver as carradas de wrestling que este fim-de-semana nos reserva (e entre WWE, AEW e STARDOM, o que não falta são escolhas, e vocês sabem que eu vivo para esse tipo de fins-de-semana), outros porque vão estar a enriquecer-se culturalmente na Feira do Livro de Lisboa, e outros porque vão estar a enriquecer-se culturalmente… de cerveja na mão, no Marquês ou nos Aliados, só lá para essas 20h é que saberemos o local exato.


Eu próprio também não vou ter muito tempo livre, pelo menos para andar a saltitar entre o Night of Champions, o Double or Nothing, ou o Flashing Champions. Confesso, se calhar desde o Backlash que a minha rotina em termos de wrestling tem decrescido, mas fiquem lá descansados que não se vão ver livres de mim ainda! É só porque o mês de Maio, em termos de eventos aqui na minha zona, é um mês preenchido por natureza.


Falando em eventos (e tal como acabei de dizer), neste fim-de-semana temos três empresas a concorrer para o Globo de Ouro de empresa com o nome de evento mais fatela do mês. A WWE concorre com o seu já tradicional evento nas Arábias, tradição que, se formos a ver bem, é como a ida ao dentista para as crianças: Pelo menos de seis em seis meses tem que acontecer.


A entrada da WWE neste concurso dá pelo nome de “Night of Champions”, mas, tendo em conta o local do evento, o mais que provável protagonista e os rumores à volta do seu reinado, mais valia que mudássemos o nome para “As Mil e Uma Noites”… pelo menos, fazíamos referência às mil e uma noites que já fantasiamos em acabar com o reinado do Roman (sobretudo depois da Wrestlemania) nem que para isso lá tivéssemos que pôr o Kaval, ou o Eugene, ou o Mordecai (lembram-se dele? O Undertaker do bem?).




Em seguida, temos a All Elite Wrestling com o evento que, há precisamente quatro anos a esta parte, mudou absolutamente tudo: Double or Nothing. Mas não faria mais sentido mudar-lhe o nome para “Announcement or Nothing”? 


É que não sei se sou eu que estou mal habituado, mas eu já vou para o Dynamite todas as semanas a esperar um anúncio do Tony Khan e quando isso não acontece sinto-me só. Sei lá, sinto que falta algo. É quase como se fosse comer uma francesinha e faltasse o picante – e sim, esta comparação foi feita em solidariedade com os Calema, Nuno Ribeiro e Mariza, que se queixam da mesma coisa na canção “Maria Joana”…



E por último, mas não menos importante, temos a STARDOM, esse gigantone do joshi que mantém e quebra o protocolo ao mesmo tempo. Isto porque este sábado nos vai brindar com o Flashing Champions, um evento inovador na medida em que não tem na sua nomenclatura palavras como “Goddess”, “Festival” ou “Queendom”, que até aqui eram absolutamente indispensáveis sob pena de despertarem a ira de algum samurai que ande por aí adormecido.



Mas, como já perceberam pelo título (e por um teaserzinho que eu dei há uns parágrafos atrás) hoje o foco vai para uma pessoa. Ou melhor, não é bem, bem, para uma pessoa, mas antes para aquilo que foi o seu percurso ao longo dos últimos mil dias. E é interessante como, apesar da mudança de ponto cardeal e de interveniente, este artigo não sai da emotional streak que o tem atravessado nas últimas duas semanas. Se os últimos dois artigos vos causaram imensa tristeza, este é bem capaz de vos fazer causar alguma raiva. Procedam com discrição.


Roman Reigns. O Big Dog (onde é que essa fase já vai, senhores…), o menino de ouro da estrutura da WWE na última década. O único homem que consegue dividir mais águas do que o John Cena no seu auge. Mas acima de tudo, o Chefe Tribal e a Cabeceira da Mesa que já há mil dias reúne tudo à sua volta.



Roman Reigns não é um wrestler consensual. Admito até que houve uma fase, quando ele começou a encarnar esta nova gimmick, em que parecia que a WWE finalmente queria apagar toda a burrice que tinha feito com ele até ali. Com efeito, terminou a histórica parceria entre Paul Heyman e Brock Lesnar e tornou Heyman no fiel conselheiro do renovado Reigns, que estava apostado em chegar ao topo como forma de honrar o legado da lendária família de onde vem.



 

Toda a gente parecia, também, estar finalmente rendida a este novo Roman de cara lavada, sobretudo porque aquele era um papel que lhe assentava na perfeição (não só pelo seu currículo, mas também pela forma serena, confiançuda, mas intimidante com que se fazia notar). E isso viu-se logo na feud que teve com Jey Uso, em que encarnou a personagem de uma forma de tal maneira fria que foi capaz de levar Main Event Jey ao limite das suas emoções, lá está, com a confiança quase semidivina de quem sabe o poder e a prepotência que a sua posição enquanto figura de proa dos Anoa’i lhe confere.





De facto, essa confiança aumentava mais e mais e mais a cada mês que passou desde aquele já longínquo Agosto de 2020, mas seria errado dizer que a imagem que o Tribal Chief nos deixa nesta altura não foi consolidada por aquele combate no Royal Rumble em que o seu velho conhecido Seth Rollins aparece vestido com o colete à SWAT que os popularizou a ambos nos Shield. Ou com a storyline épica que envolveu Reigns, Daniel Bryan e Edge na Wrestlemania 37 e que nos fez acreditar que qualquer um do podia ter saído dali com aquele título.



Logo a seguir, temos o envolvimento de Sami Zayn nos assuntos da Bloodline que, em termos práticos, relegou o próprio Roman para segundo plano (sobretudo nas questões da popularidade) mas conseguiu manter o interesse, na medida em que todas as semanas pensávamos “Quando é que o Roman ataca o Sami?”, “Está-se mesmo a ver no que é que isto vai dar…” e no fim foi o próprio Sami a atacar Roman com uma cadeirada tão perfeita, mas tão perfeita que nos deu flashbacks quase instantâneos da noite em que o supramencionado Rollins acabou com a jornada de ouro que os The Shield tinham percorrido durante 18 meses, mais coisa menos coisa.


Enfim, os momentos são muitos, de tal forma que se eu destacasse aqui todos a bola acabava amanhã e vocês ainda aqui estavam, e não é isso que se pretende. Portanto, na análise a estes mil dias de reinado, permitam-me destacar o bom, o mau e o terrível deste período, que teve muitos momentos bons, mas nos últimos tempos tem tido o seu je ne sais quoi de decisões pouco acertadas. Mas mais adiante falaremos disso.


Os 1000 dias de reinado de Roman Reigns


O bom: A mudança de personagem



Diz o adágio popular que o melhor se guarda para o fim. Mas no caso de Roman Reigns, o melhor vem no início. A sua mudança de personagem de “Big Dog” para “Tribal Chief” é a mea culpa da WWE de que a gimmick que Roman encarnara desde 2014 definitivamente já não servia os interesses de nenhuma das partes.


Embora a sua controversa gimmick tenha gerado uma gigantesca empatia quando Roman quebrou o kayfabe para anunciar que lutava contra a leucemia, o facto é que ficou a sensação de que, a partir do seu regresso, o fundamento do Big Dog enquanto persona se resumia apenas a isso – a um gajo que venceu uma leucemia. O que não deixa de ser um ato heroico e que espero que toda a gente que lute contra a doença consiga consumar, mas fazer de uma doença grave do mundo real a bandeira de uma personagem de um mundo algo ficcionado… Sempre me pareceu uma decisão imprudente.


O mau: A vitória sobre Cody Rhodes na Wrestlemania





Esta entrada era um bocado óbvia, não? A WWE passou o ano inteiro a construir Cody Rhodes como o único wrestler com argumentos para derrotar o todo-poderoso chefe da Ilha da Relevância, mas no fim faz com que o herói pareça fraco aos olhos de praticamente toda a gente.


Tendo em conta a forma como a feud se tinha vindo a construir, Cody Rhodes não podia perder de maneira nenhuma, e só a invocação do pai e do irmão e do falhanço de ambos em conseguir o desejado título já deixava antever a obrigatoriedade da WWE em deixar de parte a hipótese de Cody perder para Roman (para não falar que, há dois meses, havia ganho o Royal Rumble como #30).


Para além disso, não só está em causa a derrota de Cody, como a forma como esta aconteceu, e que tem sido exaustivamente repetida ao ponto de se tornar previsível: Interferência dos Usos seguida de Samoan Spike de Solo Sikoa. Que piada tem ver um combate do Roman se já se sabe como é que acaba?


O terrível: O booking do último ano e as perspetivas de continuação




Percebo que a WWE queira fazer do Roman um Tribal Chief em toda a linha. Percebo que queiram atualizar os livros de recordes – afinal, alguma vez existiriam recordes e alguma vez se escreveria a História a nível desportivo se eles não fossem atualizados de tempo a tempo?


Só que o wrestling é um desporto que precisa de constante renovação. Ter a mesma cara sempre no topo torna o wrestling num desporto cheio de clichés, previsibilidades, e ainda para mais é uma chapada na cara de muitos wrestlers que trabalharam anos para terem se calhar uma única oportunidade de serem Campeões Mundiais.



E no seguimento disto, vem aquilo a que gosto de chamar a falha.



E qual é a falha com Roman Reigns neste momento? A mesma daqueles seis anos de Big Dog, que pensávamos que já estava corrigida, mas que voltou para nos assombrar. A WWE sabe que o reinado do Roman entrou em estagnação há já muitos meses e que as únicas storylines que lhe acrescentaram interesse foram as do Cody e Sami Zayn. A WWE tem perfeita noção de que já não há, nos nomes ativos do Main Roster, ninguém que Roman Reigns não tenha já vencido (à exceção, talvez, de AJ Styles e pouco mais).



Mas a WWE continua a insistir nisto porque chamar a WWE à razão é a mesma coisa do que lavar a cabeça de um burro com sabão. A WWE tem dificuldade em criar novas estrelas precisamente porque – e esta é uma tecla na qual eu vou sempre bater – aposta sempre na mesma estrela até que ela se transforme em Supernova. 


Se, por exemplo, no Clash At The Castle em Setembro, Drew McIntyre tivesse ganho, o reinado do Roman não ficava manchado e ganhava-se um momento especial, não só por se tratar de alguém que o vem merecendo mas porque aconteceu precisamente em “casa” do próprio McIntyre (entenda-se, Reino Unido).




Que análise fazem aos mil dias de reinado de Roman Reigns?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo nosso site, pelo nosso Telegram, deixar a vossa opinião aí em baixo… o costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!


Com tecnologia do Blogger.