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Lucas Headquarters #88 – Vince McMahon: Outro escândalo para a coleção


 

Ora então boas tardes, comadres e compadres! Como estão? Bem-vindos a mais um “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias! Com que então… “Abril, águas mil”, dizem os nossos avós, não é? Se eles vissem o calor que está agora, trocavam “águas” por “camelos”…


Mas faz todo o sentido que eu tenha invocado o calor que por esta altura se faz sentir em todo o nosso Portugal, porque o tema que trago para vocês hoje, meus amigos… é escaldante. É daqueles que queima pele e osso. É daqueles que, se eu vos contasse e vocês não lessem quaisquer notícias sobre ele, vocês não acreditavam e julgavam-me mentiroso. O que, em boa verdade, não deixa de ser justo, porque eu próprio tenho dificuldade em acreditar nisto.


Enfim, isto é o que acontece quando se acha que em dezasseis anos a acompanhar wrestling já se viu tudo. Não, minha gente. Há sempre algo mais a ver. Só que às vezes escolhemos fingir-nos desentendidos e outras vezes simplesmente ignoramos porque isso fere as agendas que construímos para proteger os wrestlers de quem gostamos.


Hoje venho, mais uma vez, falar de Vincent K. McMahon, o único homem que fingiu a própria reforma quase tão bem como aqueles criminosos das séries policiais que fingem a própria morte.



E reparem que, quando o assunto é Vince McMahon, escrever este tipo de artigos passa a ser um frete monumental – não porque eu tenha perdido o gosto por escrever estes meus comentários semanais à Professor Marcelo (ainda que estes não me garantam quaisquer hipóteses de ascender à Presidência da República), mas porque, quando o assunto é Vince McMahon e a sua gestão interna, quase nunca, ou mesmo nunca, há algo a apontar que seja bom. Pode haver um detalhe ou outro, mas no cômputo geral, isso não contribui para um balanço positivo de uma qualquer situação onde o “chefão” se veja metido.


Há praticamente um ano que a vida administrativa de Vincent K. McMahon o tem empurrado para o precipício: Primeiro, Sasha Banks (nka Mercedes Moné) e Naomi (nka Trinity) bateram com a porta e abdicaram dos Women’s Tag Team Championships que detinham na altura quando o Monday Night RAW de 16 de Maio estava prestes a ir para o ar. 



Depois, o seu verão foi marcado por escândalo atrás de escândalo, tendo todas estas trapalhadas o ponto comum de se tratar de situações de cariz mais íntimo ou até mesmo sexual. 


Daqui, posso automaticamente concluir (e todos vocês também) que a imitação é a forma mais sincera de elogio: Donald Trump (que até já apareceu na programação da WWE, foi presidente americano e, pelo meio, ainda ganhou honras de WWE Hall of Famer em 2013) já comprou centenas de milhares de silêncios para sair ileso das não menos centenárias trapalhadas em que andou metido pelo menos até chegar ao posto de homem mais poderoso do mundo ocidental. 


E a este ponto, já não é surpresa para ninguém se dissermos que Vince McMahon fez exatamente as mesmas coisas para tentar varrer todas estas aldeagas para debaixo do tapete. Só que lá por se esconder fisicamente uma qualquer peripécia menos aconselhável, isso não quer dizer que ela não exista… e foi o que aconteceu, tanto que, em meados de Julho, assistimos com surpresa ao Fim de uma Era mais pequeno e pouco verdadeiro de todos os Fins de Uma Era.



Isto tudo para dizer que Vince McMahon somou, nesta última semana, mais um escândalo para a sua coleção. Só que, se os outros já eram repugnantes (pelo menos) este já é repugnante, hediondo e inconcebível numa sociedade onde lutamos tantos para que todos sejam aceites como e pelo que são e para que se falem dos mais variados temas sem o mínimo de remorso.


Os factos remontam a 2020. Vince McMahon discriminou uma escritora negra da WWE por se opor a roteiros onde personagens negras eram sujeitas a estereótipos racistas. Mas não é tudo. Isto porque havia outro roteiro onde, por exemplo, Slapjack (aka Shane Thorne) iria passar a ter uma personagem de, pura e simplesmente, “caçador” de lutadores negros, e consta-se que a sua primeira “vítima” seria Reggie. Provavelmente haverá mais por onde pegar, mas na edição de hoje, fiquemo-nos por estes dois exemplos.




No caso dos estereótipos, cita-se o exemplo de Bianca Belair e da seguinte frase: “Don’t make me take off my ear rings and beat your ass!” e também o de Apollo Crews, que desde mais ou menos essa altura começou a falar com o tal sotaque africano e a encarnar uma personagem de chefe tribal americano (ou estava apenas a fazer testes para aquilo que viria a ser o Roman Reigns?). E aqui até podemos passar paninhos quentes, quer dizer, Bianca até usa frases semelhantes (com as devidas alterações PG) e para efeitos de heat heel, a personagem de Apollo até tinha condições para ir longe.




No caso do “caçador”, a conversa já é outra. A conversa já é outra porque Vince McMahon parece ter-se esquecido de que as pessoas de raça negra foram historicamente usados como escravos e mão de obra barata, até pelos próprios americanos. Portanto, os planos de Vince McMahon revelam uma ignorância e um desconhecimento que não deviam existir quando estamos a falar de um gestor de uma empresa com uma das maiores máquinas de media a nível mundial.



E depois existe outra questão: O que é que vai acontecer? Irá Vince McMahon responder pelo que vem a público?


Para vos ser sincero, parece-me que não vai acontecer nada. E por duas razões, a primeira das quais bastante esclarecedora: Sim, os factos narrados vieram a público AGORA, mas a sua localização no tempo corresponde a 2020, ou seja, na prática… tudo o que aqui aconteceu tem três anos, e estará obliviado da memória de muitos.


Segundo, Vince McMahon terá, segundo se diz, uma cláusula de “código de conduta” que estipula que, em caso de comportamentos mais polémicos que possam lesar o bom nome da WWE (ou da Endeavor) este terá imediatamente que cessar funções. Ora, isso, por muito que queiramos que aconteça, não será o caso, não só porque Ari Emanuel é amigo pessoal de Vince, como, se o não fosse, este último poderia, mais uma vez, fazer o mesmo que Trump, e comprar-lhe o silêncio.



É esperar e ver se surge mais alguma coisa. Pode ser que, se novos casos forem chegando, a Endeavor seja obrigada a tomar uma posição que devia ser tomada JÁ, porque este perpetuar de estereótipos que Vince quis implementar não pode acontecer, no wrestling ou em qualquer outro desporto.


E vocês, que análise fazem a mais este escândalo da parte de Vince?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo site, pelo nosso Telegram, de ficarem atentos a novas estreias que chegam em breve 😉, de deixar opiniões e sugestões nos comentários, e para a semana cá estaremos com mais um artigo!


Peace and love, até ao meu regresso!





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