Ultimas

Lucas Headquarters #87 – STARDOM All Star Grand Dream Queendom: Antevisão à epopeia joshi


Ora então boas tardes, comadres e compadres! Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters”, aqui no WrestlingNotícias! Que mês de Abril que temos tido! Sim, estou a parecer redundante, mas a verdade é que a qualidade de wrestling que temos tido este mês em termos de eventos não tem desapontado, e por isso nunca é demais exaltar esse facto.


Atrevo-me a dizer, até, que esta foi das alturas do ano em que o wrestling a que assisti, fosse em pouca ou muita quantidade, se mostrou mais consistente. Não houve, desde o dia 1, um evento que eu tivesse de classificar claramente como sendo puramente mau, embora, como é óbvio, tenham existido uns melhores que outros, mas a quantidade de recursos disponíveis para que tais eventos se realizem tem sempre influência.


E para fechar este quarto mês do ano em beleza, a STARDOM prepara-se para pôr todas as cartas em cima da mesa e apresentar já neste Domingo aquele que, a julgar pelo card, é unanimemente considerado como o melhor PPV de sempre do seu interessante percurso de doze anos: o All Star Grand Dream Queendom! E antes de irmos para uma análise mais detalhada daquilo que vai acontecer já este fim-de-semana, convém que se realce a parte do “a julgar pelo card” e etc. e tal. 


Obviamente que, com os combates que vão ter lugar, será difícil que o PPV não fique nos anais da história como um dos grandes eventos de wrestling dos últimos anos (tendo em conta as feuds que a ele dão corpo) mas, no wrestling como em qualquer desporto, deitar os foguetes antes da festa quase sempre nos obriga a apanhar as canas. 


Felizmente – e quando se trata de STARDOM isso acontece amiúde – a probabilidade de termos que apanhar as canas desta festança de wrestling que vai acontecer na Yokohama Arena é mínima, arrisco, na minha condição de espectador quase assíduo da empresa, a dizer que é praticamente nula.


Outro detalhe interessante que deve ser tido em conta no plano geral é que o All Star Grand Dream Queendom é fruto de muitas circunstâncias (umas planeadas, outras não, umas mais tristonhas, outras mais felizes) mas também de muitas coincidências.


Certamente que a organização de um evento de grande magnitude para esta altura do ano já estava planeada, mas, ao nível das coincidências, se a atual IWGP Women’s Champion Mercedes Moné não marcasse presença para defender o seu título, certamente que, para muitos, este seria apenas mais um PPV mensal da empresa, que provavelmente estaria ao nível de um Midsummer Champions ou de um Hiroshima Goddess Festival – que, apesar da pouca magnitude que carregam quando comparados com este, não merecem qualquer desrespeito da nossa parte.




Certamente que, no lado das circunstâncias, se Himeka não tivesse anunciado a decisão de terminar a carreira no passado mês de Fevereiro e de pôr fim a um percurso de cinco anos tendo a wrestler que melhor a conhece por última adversária – vulgo Maika – muito do pathos – a parte emocional – que este PPV carrega iria completamente à viola.



E claramente que, se a decisão de reacender a já longa chama da discórdia que opõe a atual campeã Giulia à líder das Cosmic Angels Tam Nakano não fosse tomada, provavelmente estaríamos perante mais um combate onde a unanimidade seria quase total – não que seja exequível, à terceira defesa do World of STARDOM Championship, que Giulia perca o título numa altura em que vai apenas para a sua terceira defesa, depois de superadas Suzu Suzuki no Supreme Fight de Fevereiro e Maya Yukihi nas finais do Triangle Derby em Março.


Mas um PPV deste calibre pedia duas wrestlers de topo, que são consensuais entre os fãs, que têm todo um appeal atrás de si e que são credíveis candidatas a campeãs onde quer que lutem. Giulia e Tam Nakano são, a esta altura, esse tipo de wrestlers: Giulia herda o papel desempenhado por Syuri ao longo do último ano e Tam Nakano procura ir mais além do simples papel de líder de umas Cosmic Angels abaladas por muitas convulsões recentes.

 



Isto no plano geral. Mas, prevendo que este é o tipo de PPV que pode cativar pessoas a começar a acompanhar o produto da STARDOM, decidi que era altura de passar para o particular e trazer uma antevisão um pouco mais detalhada, com algum contexto, daqueles que considero serem os principais combates do card, para que quem não conhece e queira ver não seja apanhado desprevenido e vá para o evento devidamente informado. No fundo, é uma espécie de serviço público, mas tenho a vantagem de não ser privatizzado por alguém.


IWGP Women’s Championship – Mercedes Moné (c) vs Mayu Iwatani



Seria justo afirmar que o All Star Grand Dream Queendom dispõe da raríssima virtude de ter um Main Event triplo – ou, pelo menos, de ter três combates onde estão concentradas todas as atenções. E este é, sem dúvida, o primeiro, quanto mais não seja porque opõe a lenda viva da STARDOM a uma wrestler que se quer afirmar como lenda viva do wrestling em geral – e ainda vai a tempo disso, mas já poderia estar mais perto desse estatuto não fosse alguma controvérsia aqui e ali.


Não obstante, Mercedes Moné chega ao All Star Grand Dream Queendom como a maior atração que os fãs de wrestling em Terras do Sol Nascente vêem no momento, tendo um estatuto que desde que nomes como Bea Priestley, Toni Storm ou Jamie Hayter pisaram os ringues da empresa não era dado a mais ninguém. 



Do outro lado está uma wrestler que dispensa quaisquer apresentações. Esteio da STARDOM desde o seu primeiro sopro de vida, conta com um impressionante palmarés de 12 títulos conquistados na empresa, entre reinados como World of STARDOM Champion, Wonder of STARDOM Champion, Goddess of STARDOM Champion e Artist of STARDOM Champion. Foi, durante anos, a única wrestler da STARDOM a somar duas vitórias seguidas no Cinderella Tournament – feito que MIRAI igualou há uma semana, depois de ter vencido a edição deste ano e a de 2022.




Com toda a razão, Mayu Iwatani é aclamada como a lenda viva da empresa – e do joshi atual – e esse estatuto é ainda mais exaltado se pensarmos que, quando em 2016, a WWE “pescou” IYO SKY e KAIRI à empresa (e quando nomes como Hana Kimura, Arisa Hoshiki e Utami Hayashishita estavam a ser preparados para ascenderem à ribalta) Mayu Iwatani não só recusou várias propostas da empresa de Vince McMahon como permaneceu na STARDOM para garantir que esse cenário se concretizava.


Infelizmente, apenas parte dele veio a ser realidade: Hana Kimura faleceu a 23 de Maio de 2020 nas circunstâncias que todos sabemos, e Arisa Hoshiki terminou a carreira exatamente três dias antes da trágica morte da Dangerous Flower, abdicando do Wonder of STARDOM Championship depois de um ano de reinado. Hayashishita tornar-se-ia vencedora do 5 STAR GP, World of STARDOM Champion e é hoje a destemida líder das Queen’s Quest.


Quanto a futuras mudanças de título, eu diria que este é o combate mais incógnito nessa matéria. O IWGP Women’s Title é o título que falta no lendário percurso de Iwatani, mas Mercedes fará, em princípio, mais uma data pelo Japão, pelo que a hipótese de reter o ouro volta a ganhar força. É esperar, ver e desfrutar.


Himeka vs Maika – a última dança



Em Fevereiro, Himeka apanhou o mundo do wrestling de surpresa ao dizer que ia dar por terminada a sua carreira de cinco anos nos ringues, retirando-se do wrestling após a cerimónia de despedida agendada para 14 de Maio.


 


Para o último combate oficial da sua carreira (ainda há outro dia 28, num evento a si dedicado organizado pela Pro Wrestling WAVE), Himeka escolheu como adversária a sua “outra metade”, parceira da dupla MaiHime e também ela parte das Donna del Mondo: Maika, de quem se tornou praticamente indissociável durante todo este tempo. 


Um combate que promete ser físico, mas acima de tudo intenso e emocional, já que, para efeitos práticos, o sol da carreira da Jumbo Princess por-se-á já no Domingo. Tentem só não cortar muita cebola, se faz favor. 


Wonder of STARDOM Championship: Saya Kamitani (c) vs Mina Shirakawa


Nunca o reinado de Saya Kamitani como Wonder of STARDOM Champion esteve tão ameaçado como neste combate. É certo que, dada a histórica importância do seu reinado com o White Belt (e pelo facto de já ter derrotadas todas as adversárias credíveis ao título) o fim do seu percurso como campeã é algo que já desde o combate com Hazuki (nas finais do Triangle Derby) se vem perspetivando, mas mesmo com o público todo do lado da integrante das STARS, não havia assim tanta certeza quanto a uma mudança de campeã.


isto porque ambas as intervenientes se enfrentaram num passado recente. Foi no Hiroshima Goddess Festival que Mina Shirakawa fez mira ao White Belt, num combate unanimemente considerado como dos melhores de 2022 – e com inteira justiça. No entanto, o único prémio que conseguiu foi uma lesão oral – lábios e dentes a sangrar. 



Desde aí, formou as Club Venus e quase desintegrou as Cosmic Angels, uma prova de que, desde que voltou da lesão, Mina Shirakawa está mais concentrada nos “fins” do que nos “meios”. Mas a obsessão por ser Wonder of STARDOM Champion, essa, permanece; e Shirakawa já se sente tão perto de ser campeã que muitos apostam que quase consegue tocar no título, mesmo que, nas próximas quarenta e oito horas, ele ainda esteja amarrado a outra cintura.


World of STARDOM Championship – Giulia (c) vs Tam Nakano




Vocês também pensavam que já tinham visto tudo quando viram a feud entre Giulia e Syuri ao longo do ano passado, não era? Ah, seus malandrecos! É porque não conhecem a história que une – e ao mesmo tempo separa – Giulia e Tam Nakano, e que já remonta a Março de 2021 e a um hair vs hair match onde Giulia perdeu o Wonder of STARDOM Championship que na altura era seu, tendo sido depois obrigada a ir à máquina zero (só gostava que ela soubesse português, para a ouvir cantar o tema de Rui Veloso com o mesmo nome).



Esta questiúncula voltou à nossa memória em Outubro do ano passado, quando Giulia e Tam Nakano se enfrentaram na final do 5 STAR GP, na condição de vencedoras dos respetivos blocos. A italiana residente da STARDOM levou a melhor, mas longe estávamos nós de pensar que a rivalidade terminava por aqui, até porque em Dezembro Mina Shirakawa regressa de lesão, forma as Club Venus, separa-se das Cosmic Angels, leva Waka Tsukiyama consigo e expõe as fraquezas da liderança da Top Kawaii of the Cosmos.


Como se Nakano não estivesse no olho do furacão, Giulia expõe a negligência da adversária em pleno Twitter, dizendo, resumidamente, que Nakano favoreceu Natsupoi quando esta trocou Giulia e as Donna del Mondo por Tam Nakano e as Kozuen no Midsummer Champions in Nagoya em Julho do ano passado, pondo todas as outras integrantes em segundo plano. Isto para não falar do seu brutal ataque na conferência de imprensa de antevisão do evento, que deixou Nakano com a cara pintada de sangue...


 


 


 


 


E vocês, que expectativas têm para o All Star Grand Dream Queendom? Qual é o combate – ou os combates – que mais querem ver?


E assim termina mais uma edição dos “Lucas Headquarters”, com as devidas desculpas pela lonjura! Não se esqueçam de passar pelo site do WN, pelo nosso Telegram, deixar opiniões e sugestões nos comentários e se tudo correr bem, para a semana voltarei com mais um artigo!


Peace and love, até ao meu regresso!

  

Com tecnologia do Blogger.