Lucas Headquarters #86 – Almada WrestleFest e o wrestling em Portugal: Novos caminhos?
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição dos “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias! E essa Páscoa? Muitos chocolates? Banquetes fartos? É isso que se quer. Este mês de Abril está a entregar-nos wrestling de alta qualidade e promete não parar por aqui.
Tivemos a Wrestlemania no primeiro
fim-de-semana do mês, o Sakura Genesis da NJPW no Sábado de Aleluia (vejam o
combate entre Mercedes Moné, AZM e Hazuki, vale bem a pena!) e vamos ter, no
dia 23, o All Star Dream Queendom da STARDOM, que promete ser um dos eventos do
ano e que conta já com um card de sonho, com os “pratos fortes” a serem
o combate entre Giulia vs Tam Nakano pelo World of STARDOM Championship e o
combate entre Himeka e Maika, que marcará o fim de uma aventura de cinco anos
da Jumbo Princess no círculo quadrado.
No entanto, em plena Semana Santa, fomos brindados com a transmissão do Almada WrestleFest (que aconteceu a 18 de Março, se não me engano) a partir do YouTube, naquilo que representou uma oportunidade para quem não pode assistir presencialmente aos eventos de wrestling em Portugal poder apreciar algum do melhor wrestling que se faz por cá.
Nomes como
Lobo Ibérico, Nélson Pereira, “Raging” Cláudia Bradstone, Goldenboy Santos e
Leo Rossi estiveram presentes num evento que durou cerca de duas horas, tendo
também contado com presença internacional, já que a wrestler irlandesa
Amira Blair participou no show como adversária da Cláudia.
Portanto, inspirado por um evento que foi, na minha opinião,
bastante sólido (tendo em conta aquilo que são os standards – ou, se
quiserem, tendo em conta os poucos recursos de que um circuito como o do wrestling
nacional dispõe), trago-vos uma sequela de um tema que explorei há, se bem
me lembro, trinta edições atrás, e onde fiz uma espécie de “revisionismo
histórico” da história da projeção do wrestling em Portugal.
Nesse artigo, olhou-se para o passado, começou-se na década
de 90, nos primórdios das transmissões da luta-livre neste paraíso à beira-mar
plantado. Agora, num exercício muito mais árduo, vou tentar olhar para o
futuro, e prever que novos caminhos é que o wrestling nacional pode
abrir a partir daqui.
Na altura em que escrevi esse artigo (que podem voltar a ler aqui) fiz menção aos nomes de Killer Kelly, Shanna e Justin Credible, de seu nome verdadeiro Peter Polaco, nascido nos Estados Unidos mas com vincado sangue português. E, na verdade, no que diz respeito a dois desses três wrestlers, já houve mudanças significativas nas suas carreiras.
Killer Kelly assume cada vez mais destaque no IMPACT Wrestling, contando também
com aparições na GCW (empresa de shoot wrestling, ou seja, um tipo de wrestling
mais realista e com muito mais contacto físico em relação àquele que
estamos habituados a ver), tendo já partilhado o ringue com nomes como a
japonesa Miyu Yamashita (um dos grandes nomes da Tokyo Joshi Pro Wrestling) e
com Marina Shafir (atualmente na AEW, mas com uma passagem muito discreta pelo
NXT).
No que diz respeito a Shanna, as mudanças são menos
positivas, já que terminou contrato com a All Elite Wrestling em 2021 e foi
anunciado que não seria renovado. A sua passagem fez-se, maioritariamente, pela
AEW Dark, um dos shows secundários da empresa, que apresenta combates
gravados antes e depois dos episódios do Dynamite e que está disponível no
YouTube.
Para vermos que novos caminhos pode abrir o wrestling português, importa estabelecer uma linha de raciocínio que nos leve do geral para o particular. Comecemos, pois, pelo geral, analisando também um pouco daquilo que foi o Almada WrestleFest.
Pessoalmente, para mim, o Almada WrestleFest
representou a primeira vez que tive oportunidade de acompanhar o trabalho dos
talentos nacionais num desporto que tem preenchido a minha vida há mais de
década e meia, e por isso, seria impossível fazer um balanço totalmente
negativo do evento, porque o perigo de haver alguma parcialidade iria sempre
prevalecer.
Mas parece que o balanço positivo não vem só da minha parte. Parece haver – e com justiça – uma unânime aclamação ao resultado final de tão inusitada iniciativa (e, consequentemente, o desejo de que possa haver mais eventos destes – um dos quais já está confirmado! – e que o público que não pode estar presente continue a ter acesso ao evento através do YouTube).
Todo este balanço positivo que se gerou à volta do Almada WrestleFest representa um enorme incentivo para que o Wrestling português continue a chegar a todos, principalmente porque ninguém sabia o que esperar de uma iniciativa que foi organizada sem qualquer alavancagem de alguma das empresas de wrestling que existem no circuito nacional. Havia muita coragem e muita vontade de mostrar o melhor da luta livre em terras lusas, e creio que esse objetivo foi conseguido com distinção, pelo que Nelson Pereira merece todo o crédito pela bravura e desinibição com que partiu para esta iniciativa.
A juntar ao sucesso do Almada WrestleFest como um evento de
sucesso e que parece ter cativado a atenção de centenas de fãs, o evento que
aconteceu no mês passado pode também abrir as portas do wrestling português
e proporcionar-lhe uma maior projeção internacional. E para isto muito
contribui o nome de Amira Blair.
Amira Blair é uma wrestler irlandesa que, como já
havia dito, foi a adversária de Cláudia Bradstone no combate que precedeu o
confronto entre Goldenboy Santos e Leo Rossi a contar para a Taça Conquista de
Almada. Blair conta com apenas três anos de carreira, mas a verdade é que, em
três anos, já passou por várias indies do wrestling, como a Pro
Wrestling Eve ou a Reality of Wrestling, gerida pelo WWE Hall of Famer, Booker
T.
Ora, a própria Amira, creio, não deve ter ficado indiferente às excelentes reações que o Almada WrestleFest gerou entre os fãs e deve ter ficado com vontade de voltar (e ainda bem). Esta presença de uma wrestler internacional num circuito que dispõe de tão poucos recursos pode ser a porta de entrada para que outras wrestlers lhe queiram seguir os passos, levando o circuito português cada vez mais longe na Europa e no mundo.
O outro fator é Cláudia Bradstone. Encarada como a
próxima grande esperança do wrestling nacional, Raging Cláudia
Bradstone é um dos produtos do Centro de Treinos de Wrestling, embora, em 2018,
já tenha passado pela Pro Wrestling EVE, enfrentando Rhia O’Reilly. A pouco e
pouco, o nome de Cláudia Bradstone começa a ultrapassar as fronteiras
portuguesas, com participações na LLB (Lucha Libre Barcelona) e na Purpose Wrestling
(empresa indie do Reino Unido).
Todos nós nos recordamos do percurso de Killer Kelly, que passou vários anos nas indies alemãs (sobretudo na Westside Xtreme Wrestling) até chegar à WWE, onde fez parte do NXT UK (embora sem grande brilho).
Em suma, ainda é cedo para dizer se o Almada WrestleFest vai
ou não abrir novos caminhos para o wrestling português, acho que vamos
precisar de ver mais eventos destes para poder averiguar. Mas acho que falo um
pouco por todos os fãs quando digo que, se o objetivo é mesmo esse, o Almada
WrestleFest foi um excelente começo.
E vocês, acham que o sucesso de eventos como o Almada
WrestleFest vai projetar o wrestling português mais além?
E assim termina mais
uma edição de “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo nosso site,
pelo nosso Telegram, deixar a vossa opinião aí em baixo… o costume. Para a
semana cá estarei com mais um artigo!!
E, antes de ir embora, quem puder estar presente aponte aí na agenda: 27 de Maio, Parque Mayer, Lisboa WrestleFest. Se o Almada WrestleFest foi amplamente positivo, o Lisboa WrestleFest promete não ficar atrás!!