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Lucas Headquarters #49 – As portas proibidas

 


Ora então boas tardes, comadres e compadres! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição dos “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias! Então, vão votar amanhã ou daqui a oito dias? Vocês pensem bem, uma cruz num quadrado pode abrir muitas portas…


E por falar em portas, é precisamente esse tema que trago para vocês. Não, não vou falar naquelas portas que vocês abrem (sobretudo metaforicamente) para chegar a algum sítio, isso seria… motivador sim, mas estúpido, tendo em conta o contexto desta edição. Venho antes falar-vos das portas proibidas. E, primeiro que tudo, o que são as portas proibidas?




As “portas proibidas”, na terminologia do wrestling, são um termo muito abstrato, e consequentemente difícil de definir. Mas, sinteticamente falando, a “porta proibida” refere-se à crença que havia dentro do universo da modalidade de que as diversas empresas, por serem, muitas vezes, concorrentes entre si, não deveriam cooperar e colaborar umas com as outras.


Reparem que eu usei aqui o verbo “dever” em vez de “poder” porque, felizmente, com a evolução constante do wrestling nas suas mais diferentes eras e períodos históricos, a relutância das empresas em colaborar tem sido cada vez menor, e provavelmente continuará a sê-lo. Parece que empresas como a AEW, a IMPACT, a New Japan… já perceberam que têm muito mais a ganhar se se unirem em prol de uma paixão comum e darem aos seus wrestlers a oportunidade de se mostrarem a diferentes públicos.

Todas, menos uma. Já perceberam qual é, não é mesmo?

E essa é a razão pela qual a abertura da “porta proibida” na pessoa da atual IMPACT Knockouts Champion Mickie James com a sua participação no Royal Rumble Match chocou tanta gente. Porque nunca ninguém, no seu perfeito juízo, e conhecendo a forma como a WWE tem tendência a operar, pensou que alguma vez essa porta se iria abrir.



Acho que o importante aqui não é tanto expressar o nosso espanto com esta abertura da porta proibida (embora isso seja perfeitamente natural) mas tentar entender porquê: Porque é que a WWE demorou tanto tempo a abrir esta porta e porque é que, finalmente, a empresa permitiu que ela se abrisse.


Divagando na primeira questão, penso que a resposta seja tão simples quanto óbvia: A WWE não abriu a porta proibida mais cedo por motivos de orgulho.


Como todos nós já estamos fartos de saber, a WWE é a “manda chuva” do mundo do wrestling. E mesmo que surjam mais 100 companhias de wrestling, mesmo que os seus wrestlers partam em debandada para outras paragens, mesmo que o produto que apresentam continue a ser a lástima que é neste momento, a WWE continuará a ser o “manda chuva”.


Isto acontece simplesmente porque vai sempre existir uma franja desse público que vai acompanhar e estar atenta APENAS ao produto da empresa – e a essa franja peço as minhas desculpas, mas vocês não são fãs de wrestling, vocês são apenas fãs da WWE e daquilo que ela vos oferece, porque para se ser fã de wrestling e preciso explorar todas as ofertas da modalidade (nem que seja apenas vendo notícias e lendo artigos, se não tiverem o tempo necessário para ver os shows, o que não raras vezes acontece comigo.


Logo, se a WWE está no topo desta maravilhosa cadeia alimentar, a abertura da porta proibida poderia tirá-la desse topo. Já imaginaram se a WWE abrisse a tal portinhola, aparecesse lá, por exemplo, a Rok-C da ROH a lutar contra a Charlotte Flair, ou o IMPACT World Champion Moose a lutar contra o Universal Champion Roman Reigns e no fim fossem Rok-C e Moose a ficar com os louros dos dois combates.



Sabendo como a WWE é, como é que eles se sentiriam se isso acontecesse? Não muito bem, suponho. Seria uma facada no seu orgulho, provavelmente maior do que deixar sair o Mustafa Ali, just sayin’. E a WWE não está disposta a tirar o foco de si mesma, mesmo que tenha feito um (enorme) esforço em prol dos fãs.


Segunda questão: Porque é que a WWE deixou que essa porta se abrisse? Para responder a isto, vou dar-vos um exemplo prático só com nomes.


Bray Wyatt. Ruby Soho. Braun Strowman. Toni Storm. Malakai Black. Jeff Hardy. Keith Lee. Breezango. Andrade El Ídolo. Samoa Joe. Já perceberam, certamente.


A WWE só no último ano despediu tanta, mas tanta gente, que se calhar todo o roster que sobrou está nas lonas. Ou isso, ou aqueles que sobraram provavelmente não são os nomes mais consensuais entre os fãs, enquanto que aqueles que se foram (sobretudo Wyatt, Malakai Black, Keith Lee, Breezango, Jeff Hardy) são nomes que os marcaram de alguma forma. Seja por memórias de infância, seja pelas gimmicks que encarnavam.


Se a WWE está assim tão carenciada de nomes que cativam os fãs, claro que tem que arranjar sítio onde os ir buscar. Só que hoje em dia já ninguém assina pela WWE de mão beijada, não vão eles ter um fim parecido ao da Toni Storm, por exemplo. Então o que é que a empresa faz? Convence-os a lutar nos seus ringues quando estes estão sob contrato com outras companhias. E assim se abre a porta proibida.




Pessoalmente, acho que já era tempo da WWE se desfazer deste complexo de superioridade de orgulho. Já percebemos que no moderno mundo do wrestling, assim como em muitas coisas da vida, muito poucos sobrevivem sem trabalhar em equipa. Então, porque é que a WWE não há de abrir a porta proibida mais vezes? Pode não resolver todos os seus problemas, mas ao menos fazia um esforço para cair nas graças dos fãs, cada vez mais exigentes. E com razão para isso.


E vocês, acham que a WWE devia abrir mais vezes a forbidden door daqui para a frente?


E assim termina mais uma edição dos "Lucas Headquarters"! Não se esqueçam de passar pela página e pelo site do WN, deixem as vossas opiniões aí em baixo, tudo isso e muito mais. Para a semana cá estarei com mais uma entrada, sobretudo porque estamos em fim-de-semana de Royal Rumble, o que quer dizer que a Estrada para a Wrestlemania vai começar a ser percorrida!


Peace and love ladies and gentlemen, até ao meu regresso!








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