Lucas Headquarters #47 – Os “meninos bonitos” do wrestling para 2022
Ora então
boas tardes, comadres e compadres! Como estão? Bem-vindos sejam a mais um “Lucas
Headquarters aqui no WrestlingNotícias! Que tal correu essa primeira semana do
ano? Ainda a ressacar dos festejos da entrada em 2022?
Pois bem, o
tema que vos trago hoje era para ter sido abordado na semana passada, mas com o
impacto da saída de Toni Storm (que a mim me parece ser uma história muito mal
contada, ou pelo menos pouco esclarecida) acabou por alterar os meus planos.
Também é um tema óbvio o suficiente para vocês olharem para o título e saberem
do que se trata, portanto estejam descansados que não vos vou complicar muito a
vida, pelo menos até à próxima semana.
Na edição
deste sábado vamos, pois, olhar para as mais recentes promessas do mundo do wrestling
e ver quais delas têm condições para explodir e para se transformarem autênticos
“meninos bonitos” da modalidade no ano que agora começa. A parte boa das
edições deste género é que pano para mangas nunca nos faltará, quer seja na WWE,
quer seja na AEW, na ROH, na STARDOM… há sempre aquelas fornadas de talento que
vão chegando e que vão prometendo. Umas acabam por corresponder, outras nem por
isso, mas creio que isso agora é irrelevante.
Dito isto,
vamos então embarcar numa viagem que promete revelar muitas escolhas
interessantes, portanto preparem-se, se ouvirem falar delas em 2023, 2024… não
se esqueçam de dizer que foi o vosso Tio Alex que vos avisou!
Liv
Morgan (WWE)
Comecemos
por uma escolha que já se previa ser óbvia, mas que tendo por base os
acontecimentos do último mês, acaba por ser fundamentada. Liv Morgan, quem te
viu e quem te vê!
Morgan
chegou à WWE bastante jovem, contava apenas 20 anos. A sua passagem no NXT foi discreta,
tão discreta ao ponto de eu poder afirmar com toda a propriedade que quando
chegou, em 2017, ao Main Roster, quase ninguém a conhecia.
A sua parelha com Ruby Riott (now Soho) e Sarah Logan certamente não terá feito maravilhas por ela, até porque Morgan era… aquela peça que não encaixava completamente na dinâmica do grupo, sobretudo a nível de promos (recordo-me de uma das primeiras promos que fez como parte no grupo, em que disse que iria explodir como os foguetes que são lançados no feriado de 4 de Julho).
Ora, como é que alguém era
capaz de levar a sério uma wrestler que é suposto ser heel mas
que faz menção a uma data que evoca um passado de felicidade e de orgulho?
Até que chegou um momento em que as Riott Squad separaram-se e Liv Morgan quase desapareceu. Voltou como parte de uma storyline lésbica (que estava emaranhada no romance entre Bobby Lashley e Lana) e foi preciso que Riott, no sprint final da sua passagem pela WWE, tirasse alguma coisa de dentro de Morgan, o pouco que restava. E aí é que os responsáveis da WWE começaram a perceber que havia ali qualquer coisa.
Sabemos que
ondas de despedimento não são boas nem para a empresa, nem para os próprios wrestlers,
mas o caso de Liv Morgan é peculiar, na medida em que as ondas de despedimento
que a WWE levou a cabo num passado recente acabam por jogar a seu favor, ao colocá-la
frente a frente com Becky Lynch pelo RAW Women’s Championship.
A verdade é que a própria Morgan conseguiu chutar para canto qualquer fantasma dessas ondas de despedimento e qualquer desculpa do género “ah, mas com tanto despedimento, na Divisão Feminina do RAW não sobra quase ninguém!” e, enquanto tal afirmação não deixa de ser verdade, Liv Morgan foi capaz de mostrar que não é justificável ficarmos eternamente agarrados a tal desculpa, uma vez que a única coisa que faltava era alguém a quem fosse dada uma oportunidade para brilhar.
E Liv Morgan
brilhou, brilhou e brilha cada vez mais. Brilha tanto que 2023 poderá muito bem
ser o ano em que se tornará uma supernova. E com todo o mérito, porque a sua
evolução desde 2014 é inegável.
Rok-C (ROH)
Se olhassem
para o currículo de Rok-C e eu vos dissesse que esta senhorita tem
apenas 20 anos, vocês internavam-me num manicómio. Mas é quando olhamos para a
idade dela e nos apercebemos que Rok-C tem mais quarto de século nos ringues pela
frente que a surpresa se torna real.
2021 foi o
ano onde Rok-C subiu num espaço de meses uma montanha que, para muitos, demora
anos a escalar, independentemente da empresa. Assinou pela ROH em Abril e em
Setembro derrotou Miranda Alize na final do ROH Women’s World Championship
Tournament, isto depois de já ter deixado pelo caminho Angelina Love, Sumie
Sakai e Quinn McKay. Não só Rok-C fez isto como escreveu páginas na História:
Aos 19 anos, tinha acabado de se tornar na mais jovem campeã da História da
ROH.
Para mal dos pecados dela e dos nossos, o impacto da pandemia obrigou a empresa a entrar em hiato pelo menos até Abril. Mas não vale a pena desanimar, porque Rok-C já teve (e terá) mais que fazer depois do Final Battle: Não só participou num tryout da WWE, como irá ter um combate contra a IMPACT Knockouts Champion e AAA Reina de Reinas Champion Deonna Purrazzo numa futura edição do IMPACT.
Escusado
será dizer que Rok-C não terá para onde se virar durante este novo ano, mas ao
mesmo tempo 2022 promete ser o ano em que Carla González finalmente será capaz
de nadar com as “tubaronas” do mundo do wrestling.
Xia Li
(WWE)
Escolher wrestlers
da WWE para listas deste tipo é sempre uma tarefa com rasteira, a não ser
que o seu protagonismo tenha sido de tal ordem consistente ao longo do(s)
último(s) mese(s) que não nos dê sinais de que possam sair da companhia num
futuro próximo (como é o caso de Liv Morgan). No entanto, apesar de pouco ter
aparecido no SmackDown desde que se estreou em Dezembro, há certamente espaço
para Xia Li ser incluída nesta lista.
O caso de
Xia Li é também a prova de como uma personagem bem idealizada pode fazer
maravilhas por um wrestler, apesar de isso nem sempre ter valor de
verdade no aspeto prático. Ao início, Li era apenas uma wrestler que
fazia História ao ser a primeira wrestler chinesa a pisar territórios da
WWE. Só isso. Não era uma wrestler com uma personagem que cativasse as
pessoas, nem com um conjunto de skills que despertassem a atenção. Era
uma wrestler banalmente histórica, e pronto.
Mas a forma como
a WWE passou a austeridade da cultura chinesa para a sua personagem (dotando
Xia Li de uma aura que mistura, sei lá, Karate Kid com Mortal Kombat) foi uma
jogada de mestre. Em poucos meses, Xia Li passou de alguém banal a alguém que inspirava
um tremendo respeito, não só pelo seu renovado move-set mas também pela
estoicidade que transparecia, quer durante a sua entrada, quer durante o seu
combate, tendo-se tornado quase imune a qualquer ofensiva adversária.
É certo que
isto não chega. Para Xia Li triunfar falta a garantia da WWE que ela terá asas para
voar, o que é dificílimo garantir por estes dias. Mas a sua evolução e a
impressão que deixou desde aí são excelentes indicadores.
Hook (AEW)
Filho de peixe sabe nadar.
A sabedoria popular já muito nos ensinou com este ditado, mas
não há ninguém a quem este chavão se aplique melhor do que à mais recente sensação
da AEW, Hook. Porquê? Porque conhecimento do wrestling já ele tem de
sobra (não fosse ele filho de Tazz, antigo comentador da WWE que atualmente é líder
da Team Tazz e comentador do Rampage.
Quando um filho de um conhecido wrestler ou personalidade ligada ao wrestling se estreia por estas bandas, é natural que a pressão sobre ele seja exponencialmente maior, mas Hook não acusou. O seu combate contra Fuego Del Sol foi muito bem recebido pelos fãs e pela crítica, e o seu vasto conhecimento na vertente mais técnica do wrestling deixou uma grande impressão nos altos dignatários da AEW.
Com 22 anos e toda uma carreira pela frente, pode dizer-se
que o céu é o limite, se é que existe algum, para Hook. E a AEW é a empresa
ideal para o seu desenvolvimento, já que à partida poderá não correr o risco de
ver o público acusar cansaço devido a um booking exagerado (*cof cof*
Charlotte Flair *cof cof*).
Wardlow
(AEW)
Até aqui
Wardlow tem sido, quase sempre, remetido a um papel secundário (muitas vezes
como guarda-costas de MJF ou como apenas mais um membro dos Inner Circle ou dos
The Pinnacle) mas isso pode estar prestes a mudar este ano.
Não só
porque a hipótese de um turn de Wardlow que o coloque numa posição de
real destaque já tem vindo a ser preparada há demasiado tempo, mas também
porque, enquanto wrestler fisicamente imponente, Wardlow é extremamente
credível dentro do ringue, sendo visto por muitos como alguém capaz de causar sérias
impressões lá dentro.
Para além
disso, Wardlow é um wrestler que mantém sempre um nível de intensidade
alto, o que é fundamental quando se trata de cativar os fãs para um combate
seu. No fundo, Wardlow e MJF replicam a velha fórmula que já foi usada vezes e
vezes sem conta: Um wrestler menos forte fisicamente contrata um mais
forte para o proteger. No entanto, a AEW parece ser muito mais precavida quando
trata de “desconstruir” esta fórmula, e se o fizer no momento certo, poderá dar
a Wardlow tudo o que é preciso para brilhar em 2022, 23 e 24.
Uma coisa é
certa: Se fosse na WWE, Wardlow tão depressa estava no topo como Main
Eventer como na semana a seguir estava a sair da companhia. Mas tanto Wardlow
como a AEW sabem que para estas coisas é preciso paciência, e este é um dos
casos em que a paciência tem tudo para ser recompensada.