Lucas Headquarters #42 – AEW a ultrapassar o RAW: Verdade ou consequência?
Ora então
boas tardes, comadres e compadres! Como estão? Bem-vindos sejam a mais uma
edição do “Lucas Headquarters” aqui no sítio do costume que é o nosso site! Mas
que fim-de-semana de wrestling que tivemos, não é verdade? Slammiversary
no sábado, Money In The Bank no Domingo e como se isso não fosse suficiente,
ainda o John Cena aparece para acordar a criancinha de 7 anos de idade que mora
eternamente dentro de nós… como não amar estas alturas do ano?
Enfim, para
o artigo desta semana eu tinha vários pontos por onde pegar: Podia falar na insistência
que a WWE tem em empurrar a Charlotte Flair pela garganta dos fãs abaixo, podia
falar na ida do Daniel Bryan para a AEW e ainda podia falar sobre o
aparentemente iminente regresso de CM Punk ao wrestling. Mas acontece que
não vou falar de nada disso.
Sobre o
tópico da Charlotte não vale muito a pena porque, como vimos no RAW, foi uma
espécie de “campeã de transição” para a quase superheroína Nikki A.S.H.;
sobre a ida do Daniel Bryan para a AEW… só lá mais para Setembro é que, se tudo
correr bem, teremos mais informações; e o regresso de CM Punk ao wrestling é
daquelas coisas que uma pessoa só acredita quando ver, portanto também não vale
a pena especular.
Como a All
Elite Wrestling nos tem dado muito pano para mangas ultimamente, para esta
edição vamos manter-nos dentro do universo da principal concorrente da WWE, até
porque o tópico que tenho para vocês hoje é tão interessante quanto mais ou
menos óbvio.
Estava eu a fazer o meu brainstorming ranhoso para o artigo desta semana quando um dos colaboradores aqui do site com quem tenho uma relação mais próxima (grande abraço, Diogo) me enviou um artigo de um site relacionado com wrestling chamado The Overtimer, cujo título era o seguinte: “AEW is so close to taking over RAW they can smell it”.
É claro que uma pessoa, sobretudo quando vai escrever um artigo para um site como o WN, não tira conclusões precipitadas só de olhar para o título, vai ler o conteúdo e depois logo se vê. Mas confesso que só o título do citado artigo me deixou a pensar em três questões: Será verdade? Será consequência (sobretudo dos baixos ratings do RAW todas as semanas? Ou será ambas?
Para melhor
analisarmos esta situação, importa olhar para o momento que ambas as empresas
atravessam.
Não é
segredo para ninguém que o RAW anda pelas ruas da amargura em termos de ratings,
o problema já não é novo e parece não ter solução à vista. As razões para isso
não são assim tão surpreendentes:
2h é bom, mas 3h é demais. Há um provérbio minimalista sobejamente conhecido que diz que “menos é mais”, e não existe universo onde isso se aplique tão bem como no wrestling.
Três horas de duração de um show semanal, à partida, parece excelente: Afinal de contas, quanto mais tempo dura o nosso programa favorito, mais tempo temos para o aproveitar. Mas depois começa a tornar-se secante, porque os combates e as feuds que realmente interessam são apenas duas ou três (num espaço de sete ou oito feuds e combates e promos que cabem em três horas de emissão).
Resultado? Muitos dos segmentos perdem a piada, metade dos combates
são apenas para ocupar espaço e o interesse do show fica reduzido, talvez,
à tradicional promo de abertura e ao Main Event.
Basta vermos o exemplo do SmackDown, que em duas horas consegue ter a storyline relativa à família Anoa’i (na pessoa de Roman Reigns e dos Usos) mais uma storyline que envolve o principal título do midcard (Intercontinental Championship) e outra que concerne a Women’s Division, sem nunca perder o interesse, porque são esses três “universos” que fazem do SmackDown aquilo que ele é: Um show supostamente de menor interesse mas que com duas horas consegue captar a atenção dos fãs, sobretudo com o burburinho que gera a storyline relativa ao Universal Champion.
E tudo
isto com um roster supostamente inferior ao do RAW em termos de números,
porque o RAW será sempre considerado como o A-show. Menos com menos dá
sempre mais. Não tem nada que enganar.
A dificuldade
em criar novas estrelas. Este é um problema crónico da WWE, que na minha opinião tem origem na teimosia
em apostar sempre nos mesmos nomes, muitos deles nem sempre consensuais. Esse
problema até chegou a estar perto de estar resolvido, porque quando Paul Heyman
tomou conta do RAW havia muito sangue novo a ter bastante tempo de antena e a
tomar parte em storylines com os grandes nomes da indústria: Aleister
Black (agora Malakai Black), Andrade (El Ídolo), Humberto Carrillo…
Pelo contrário, a AEW pega em tudo isto e consegue apresentar um produto mais consistente. E muitos poderão argumentar que isso se deve ao facto da empresa se “alimentar” dos exilados da WWE, mas não só. A questão dos ratings e da diferença de produto em relação ao RAW vai muito para além disso, e assenta, também ela, em duas coisas: A programação menos PG (ponto que já está mais que debatido aqui e noutros sites) mas sobretudo na parceria com outras empresas.
Isto é algo
que a WWE se recusa a fazer, talvez por orgulho ou por medo de perder o monopólio
do wrestling. Mas o que é facto é que a parceria da AEW com uma empresa
como a IMPACT ou a NWA permite não só que os fãs vejam o produto que a AEW apresenta,
mas que se sintam tentados a ver o que a IMPACT ou a NWA oferecem, na esperança
de que o talento da AEW se destaque lá também.
Se a WWE
fizesse uma parceria com uma qualquer empresa, não só estimularia os fãs a acompanhar
o que essa empresa oferece, mas, colocando talentos a ela pertencentes num RAW
que precisa de sangue novo, conseguiria minimizar o problema dos ratings.
Em conclusão (e porque o artigo de hoje já vai longo): A WWE trouxe de volta nomes que não víamos há muito (John Cena, Goldberg…), porque o regresso do público coincide com a preparação para um dos seus Grand Slam PPV, o Summerslam, e a empresa quer apostar tudo nesse evento.
Se isso ajudará o RAW a melhorar os ratings em relação à concorrência? Talvez. Se o problema dos ratings do RAW em relação ao Dynamite ficará resolvido? Não, seria possível uma mudança muito drástica no produto da WWE como um todo para isso acontecer, e não vejo os seus responsáveis a ir por esse caminho. Portanto, a ultrapassagem da AEW ao RAW é uma verdade e uma consequência.