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OH YOU DIDN'T KNOW? #2 | FMA WRESTLING E O DEATHMATCH



“A importância da Frontier Martial-Arts Wrestling na ascensão mundial do Deathmatch Wrestling”

Mais uma vez, para inicializar o artigo, irei fazer uma breve introdução histórica com vista a possibilitar uma abordagem o mais ampla possível ao tema desta edição.

Várias fontes de informação afirmam que dos primeiros combates a serem usadas armas exteriores de uma forma mais habitual foram em promoções de Porto Rico. Apesar da hesitação/reticência de muitos wrestlers e promotores do recurso “ao uso do sangue” nos combates este era, sem sombra de dúvidas, um enorme atrativo. As companhias que cujos eventos principais eram baseados em combates sangrentos ostentavam grandes receitas; wrestlers como Dory Funk Jr. e Giant Baba foram uns dos pioneiros desta “forma” de luta. Dory Funk Sr. (pai de Dory e Terry Funk) contra Mike DiBiase (pai de Ted DiBiase), em 1965, foi um dos primeiros combates a usar palavra “deathmatch” na sua designação; estes lutadores enfrentaram-se no primeiro “Texas Deathmatch” pelo título Norte-americano de Pesos Pesados da NWA Amarillo (NWA Amarillo North American Heavyweight title), que acabaria por acabar num empate após chegar às três horas de combate.




Dory Funk Sr.
“NWA Amarillo”, anos 60.
(Fonte: The Internet Wrestling Database)


No decorrer das décadas de 70 e 80, a popularidade dos combates Hardcore e Deathmatch cresceu bastante, especialmente, entre o público do Japão e dos Estados Unidos da América; isto “obrigou” os promotores e os wrestlers a uma constante inovação e combates como “Street Fights” ou “Steel Cages” foram criados e marcados com regularidade. As receitas eram tão grandes que até promoções mais mainstream como a World Wide Wrestling Federation/World Wrestling Federation (WWWF/WWF, atual WWE) adotaram este tipo de atrações.

Começou assim a especialização de wrestlers neste tipo de combates como são os casos de Abdullah The Butcher, Carlos Colón Sr., Terry Funk, entre outros, levando as próprias promoções como a National Wrestling Alliance (NWA) ou a World Wrestling Council (WWC) (de Porto Rico) a criar títulos específicos para esta “nova modalidade” de ProWrestling; o título hardcore da NWA Texas (NWA Texas Hardcore/Brass Knuckles title) é um dos pioneiros neste campo, tendo sido criado em 1953, e após este muitos outros se seguiram.




Bruno Sammartino derrota Ivan Koloff para reter o título mundial da WWWF
“WWWF on HBO”, 1975.
(Fonte: Pro Wrestling Illustrated e WWE)




Dusty Rhodes como campeão Brass Knuckles da NWA Texas
“Houston Wrestling - NWA Texas”, 1979
(Fonte: Pinterest)


Enquanto durante os anos 80 a WWF se transformava num fenómeno de popularidade de formato mundial, no Japão uma nova Era estava a caminho quando, a 28 de julho de 1989, um wrestler de nome Atsushi Onita fundou a Frontier Martial-Arts Wrestling (FMW). A FMW foi das promoções pioneiras a nível mundial a focarem-se no Deathmatch como principal atração; quanto mais violentos os combates eram mais público e receitas a FMW ganhava, e com vista a fomentar ainda mais popularidade e dinheiro Victor Quinõnes foi convidado para ser General Manager da companhia. Quinõnes foi um dos principais revolucionários do Deathmatch na América do Norte e Latina, sendo o fundador da International Wrestling Association Puerto Rico (IWA Puerto Rico) de volta ao ano de 1994. A partir desta altura, o número de wrestlers americanos aumentou exponencialmente na companhia o que acabou por gerar uma notoriedade e popularidade da FMW em tudo o mundo.




Os logótipo original da FMW
1989
(Fonte: Wikipédia)




Vista aérea de um ringue da FMW
1990
(Fonte: FMWHistory.us)


Assim, nos anos 90, dá-se a ascensão mundial do Deathmatch e Hardcore na atmosfera do ProWrestling. Tamanha popularidade começou a influenciar e inspirar companhias independentes no Japão, tentando estas também se colocarem no mapa. Atsushi Onita com o seu “olho de falcão” e perspetiva totalmente visionária do nosso desporto, começou a fazer scouting nestas promoções e conseguiu captar para a FMW wrestlers como Kintaro Kanemura, Mr.Pogo, Mitsuhiro Matsunaga, Leatherface, que viriam todos eles a tornarem-se lendas do Deathmatch.

O carácter pioneiro de Onita e da FMW não parava de ser posto à prova e em agosto de 1990, Onita lutou no primeiro combate “No Rope Exploding Barbed Wire Deathmatch” contra Tarzan Goto, sendo este um dos tipos de combates mais infames da História, uma vez que em vez de cordas o ringue estava rodeado por arame farpado que provocava explosões sempre que algum lutador fosse atirado para cima dele. Este tipo de combate ficou conhecido como um dos pilares da FMW e a grande especialidade de Onita. A inovação não estancou e em outubro de 1990, realizou-se o primeiro combate “Mixed Tag Team” do Japão. A FMW também apostou muito na sua divisão de wrestling feminino, liderada por Megumi Kudo, que se viria a tornar numa das maiores lendas de todos os tempos do Joshi wrestling.





Poster de um evento da FMW com as suas maiores estrelas
1992
(Fonte: PicDove)




Megumi Kudo vencedora contra Shark Tsuchiya no primeiro combate feminino “No Rope Barbed Wire Deathmatch”
“FMW's Women's Only Show”, 1995
(Fonte: FMWHistory.us)


Em 1995, ocorre um dos maiores combates da história da companhia, que opôs Atsushi Onita contra Hayabusa num “Explosive Barbed Wire Steel Cage Deathmatch” pelo título mundial da FMW (FMW Brass Knuckles Heavyweight title) que seria também o combate de reforma de Onita (na verdade, apenas o primeiro de muitos “retiring matches” que Onita teve ao longo dos anos). A partir daqui Hayabusa passou a ser estrela principal da companhia, imortalizando o seu estilo híbrido de ProWrestling sendo um dos maiores nomes mundiais tanto do high flying como do deathmatch em simultâneo. Durante este tempo a FMW atingiu o seu auge e assinou um contrato incrivelmente lucrativo para realizar o seu maior evento anual, o “FMW Anniversary Show”, que se realizava em todos os 5 de maio no Kawasaki Stadium (que contava com uma capacidade para cerca de 30 mil pessoas).


Arame farpado explosivo após Atsushi Onita ser empurrado por Hayabusa
“FMW 6th Anniversary Show”, 1995
(Fonte: YouTube)


Em 1995, Onita passa a presidência da FMW para Shoichi Arai e pouco depois desta transição a promoção começou a dar indícios que algo estaria a correr mal. Arai contratou novos bookers, para além de ter tentado “americanizar” a companhia ao tentar implementar o estilo de wrestling inspirado principalmente na WWF; a verdadeira essência da FMW estava nas ruas da amargura e o próprio Onita foi posto para segundo plano, vendo-se “forçado” a abandonar a companhia que ele próprio tinha criado, o que provocou uma onde de desilusão nos fãs.

O “último prego no caixão” na FMW aconteceu no dia 22 de outubro de 2001. Num combate contra Mammoth Sasaki, Hayabusa ao tentar executar uns dos seus característicos Springboard Moonsault, escorregou nas cordas e caiu diretamente em cima do seu pescoço, acabando por causar uma grande fratura e deixando-o paraplégico na altura. Após 6 anos de más decisões administrativas, de mau booking e acidentes fatídicos a FMW encerrou a 4 de fevereiro de 2002 e declarou falência dias depois. Apesar do fim triste da promoção e de muitos dos seus intervenientes principais o legado da FMW inspirou milhões de pessoas por todo o mundo durante o tempo da sua atividade e alterou o mundo ProWrestling para sempre ao por o Deathmatch e Hardcore no mapa. Uma das maiores provas deste feito, sucedeu-se em 1992, quando uma companhia, para muitos considerada a mais carismática e icónica de sempre, ter sido criada por influência direta da popularidade e do espírito da FMW; essa companhia tinha o nome de… Eastern Championship Wrestling e mais tarde de Extreme Championship Wrestling (ECW)!!





Jinsei Shinzaki e Hayabusa
“ECW Heat Wave”, 1998
(Fonte: YouTube)


Finalizo, desta forma, o segundo artigo da minha rubrica no WrestlingNotícias! Espero que gostem e tenham conhecido um pouco mais sobre o nosso deporto, em geral, e da arte do deathmatch, em particular. Prometo voltar com mais novidades e até lá…

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