(Un)Popular Opinion #3 | O inicio do fim da WWE… como a conhecemos hoje
Olá a todos! Deste lado vos escreve o Ruim e esta é a minha segunda passagem pelo Wrestling Notícias. Anteriormente usei os nomes de “Soulsick” e “Dead Wyatt” e além de notícias de wrestling, fui co-autor do artigo “Rivalidades (In)Esquecíveis” juntamente com o Fábio (admin do WN), autor dos artigos “Road To” relativos aos eventos realizados pelas promotoras do Wrestling Nacional, autor de reviews dos shows nacionais, co-autor do podcast/videocast (como quiserem chamar) Roundtable, juntamente com os ex integrantes do WN Miguel (ideia original), Carla e Fábio (admin do WN), e agora autor do (Un)Popular Opinion.
Este (Un)Popular Opinion será um espaço onde de duas em duas semanas, irei trazer um tópico e expressar a minha opinião sobre o mesmo. Não quero dizer que todos os tópicos sejam sempre de uma opinião impopular, mas sempre me considerei uma pessoa de ideias fixas e geralmente (quase sempre) não alinho no politicamente correcto.
Como disse, será um espaço de opinião, com ligeiro (para não abusar muito) sarcasmo e onde espero que se divirtam a ler e que dêem a vossa opinião, nem que seja mandar-me abaixo (eu aguento).
Para esta quarta edição do (Un)Popular decidi fazer uma coisa diferente. Talvez até um pouco mais séria (veremos mais à frente como corre) e certamente que não será uma opinião tão “Unpopular” assim. Mas é um tema que, derivado ao que se tem passado nas últimas semanas e ser um tema na ordem do dia no mundo do pro wrestling, decidi escrever o que penso sobre isto e aproveitar esta onda.
Todos sabemos como isto funciona certo? Todos nós temos mais ou menos uma ideia de como a WWE funciona, como funcionam as coisas nos bastidores. Sabemos que há reuniões, etc. Coisas ilimitadas para “tentar proporcionar-nos o melhor show possível.” Pois é Vincent Kennedy McMahon… já não é bem assim!
Parei um pouco no tempo e pensei no que se passou à uns anos atrás, mais propriamente com a saída de CM Punk da companhia e o que o levou a isso. Agora, voltando atrás e pensando melhor, foi ai que começou uma pequena revolução a manifestar-se.
Nessa altura, Punk foi critico… muito critico mesmo em relação à maneira como a companhia estava a lidar com as situações. As suas frustrações eram óbvias, quer a nível criativo quer a nível de resultados (se bem que nesse campo não se podia queixar muito).
Eu voltei um pouco atrás no tempo para dizer que, agora, eu compreendo o CM Punk. Compreendo tudo o que ele quis dizer, as suas frustrações, quer sejam criativas, quer sejam frustrações com o big boss mas sobretudo pela perda da sua paixão pelo Wrestling Profissional. Punk era um apaixonado, desde as indies e até mesmo na maior companhia de todas. A WWE.
O problema do CM Punk foi mesmo o facto de ter desistido. Compreendo, agora compreendo realmente o porquê. Mas desistiu. A sua paixão pelo Pro Wrestling já não estava lá.
O oposto a isto aconteceu recentemente.
Há cerca de duas semanas atrás, um lutador, um wrestler profissional, deu uma entrevista que, na minha opinião mudou para sempre o Wrestling.
Como é óbvio, estou a falar de Jon Moxley (aka Dean Ambrose na WWE) e da sua entrevista que concedeu a Chris Jericho na última edição do Talk is Jericho. Só para terem uma noção, em apenas uns dois dias, esta foi a entrevista mais ouvida de sempre do Talk is Jericho, batendo todos os recordes.
Foi uma entrevista que foi dura de ouvir em certas partes, confesso. Foi dura, devido aos contextos e situações em que ocorreram, mas foi estritamente necessário que assim fosse, porque acima de tudo, esta entrevista serviu para Moxley tirar um peso de cima de si, e ao mesmo tempo alertar todo o mundo sobre o que se passa dentro da WWE e sobre o seu processo criativo e as frustrações que, agora se sabe, praticamente todos os wrestlers que lá trabalham (e não só) sentem.
Moxley tem todo o mérito. E merece-o por inteiro.
A maneira como lidou com toda a situação. A maneira como saiu da companhia, as suas constantes frustrações após o seu regresso de uma lesão grave. Moxley soube planear, soube fazer as coisas até finalmente sair em liberdade.
Poderia ter perdido completamente a sua paixão pelo que mais adora fazer, mas conseguiu canalizar todas essas frustrações e angustias que não conseguia ultrapassar na companhia, em motivação para que quando finalmente sai-se em liberdade, voltasse a viver o seu sonho e a sua paixão.
Um dos pontos mais fortes da entrevista, e quando Moxley coloca a nu os problemas criativos que a companhia tem. Agora sabemos (quase) todo o que se passa nos bastidores. Sabemos a burocracia estúpida e infundada que existe apenas para uma simples promo, em que o wrestler não tem praticamente liberdade nenhuma. Um wrestler não tem liberdade nenhuma sobre o que ele próprio vai dizer ao microfone num programa de televisão transmitido em directo. Promos escritas previamente podem ser boas, mas isto em certos contextos e situações. Um wrestler é um actor, mas é um actor especial, que faz algo especial acontecer, que faz magia acontecer e não o deixar ter algum controlo sobre o que diz e faz, é matar a sua criatividade e a sua essência.
Como já referi, esta entrevista tornou-se viral, mas o que quero destacar é o facto de várias pessoas ligadas à WWE terem confirmado que sim. O que Moxley disse no Talk is Jericho é verdade. Eles funcionam mesmo assim. É assim que trabalham.
Não vou aqui dizer tudo o que se disse, para isso basta fazerem uma pesquisa no Google que de certeza encontraram essas notícias.
Interessante também perceber que (pelo que sei) existem mais de 10 lutadores na companhia, cujos contratos estão a acabar e chegou a ser reportado pelo Tio Meltzer (aka Dave Meltzer do Wrestling Observer) que o seu desejo é que os contratos acabem para poderem rumar a outras empresas, alguns deles estando interessados em ir para a AEW (All Elite Wrestling) que é a companhia pela qual Moxley fez a primeira aparição após a sua saída da WWE.
Hoje (sexta-feira, dia 7) dia em que estou a escrever este texto, saiu uma notícia em que diz que o próprio Vince McMahon tem conhecimento e reconhece o descontentamento colectivo na companhia. E isto leva a que pense em algumas questões. Sobretudo faz-me pensar no porquê de ele ter deixado chegar a este ponto? Uma resposta a esta questão foi respondida durante estas últimas semanas, cujo autor não me recordo.
Essa resposta é: “O Vince gosta de ter competição. O Vince gosta de competir, mostrar que é o melhor!”
De facto é verdade. Se analisarmos friamente, vemos que depois do fim da WCW (World Championship Wrestling), a WWE nunca mais teve competição a sério. Em quase 20 anos, mais ninguém conseguiu chegar a este patamar e isso originou que, a própria WWE se deixa-se desleixar. É um facto e nós, como fãs (os que assistem aos shows como é obvio) temos essa noção. Temos reparado que a cada ano que passa, a programação da companhia tem vindo a regredir a um ritmo avassalador. Se isso não basta-se, os ratings televisivos são um desastre desde à uns meses para cá. Já no ano passado vinham a decair, mas desde o inicio deste ano, que a cada semana que passa, é um declínio.
As últimas semanas, a programação semanal (Raw e Smackdown Live) tem sido simplesmente maus, até, incrivelmente após o Double or Nothing da AEW que, supostamente deveria levar o Vince a montar um show melhor.
Isto é o que dá, quase 20 anos sem “competição a sério”. Deixas-te cair na monotonia e não trabalhas tão arduamente como se tivesses que o fazer para conseguires derrotar o teu adversário todas as semanas.
E aqui é que está a chave da mudança. Vem ai competição.
Ao inicio confesso que pensava que a AEW teria que suar muito para conseguir fazer moça, mas por incrível que pareça, é a WWE que está a fazer moça a si própria.
Na melhor das hipóteses, a AEW poderá vir a trazer o que de melhor há na WWE para fazer. Mudar o seu sistema, mudar a sua maneira de pensar e fazer as coisas. Mudar a maneira de tratar os seus atletas e simplesmente, tentar criar um producto melhor.
E se não o fizer?
Se não o fizer, corre o sério risco de a queda ir sendo cada vez maior (isto tudo enquanto o Vince está no comando, obvio). Os atletas que têm contrato com a companhia não estão satisfeitos. Irá haver um momento que irão sair. Alguns desses atletas têm posições muito boas no card actual e não esquecer futuras contratações, em que já se vê muitos atletas preferirem assinar pela AEW do que pela WWE.
Corre o risco de perder patrocinadores, visto que os ratings televisivos são desastrosos. E isto para não falar nos accionistas, visto que é uma empresa cotada em bolsa. A decair desta maneira, os accionistas começaram a perder dinheiro, e accionistas a perder dinheiro é accionistas descontentes e accionistas descontentes é accionistas a pedir explicações.
A WWE, a World Wrestling Entertainment tem que mudar drasticamente a sua maneira de fazer as coisas.
Por isso é que isto é o inicio do fim da WWE tal como a conhecemos hoje. O que bastou para isso? Uma entrevista de um antigo empregado a deitar cá para fora tudo o que se passa, sem medos e sem rodeios. Um antigo empregado que fez despontar uma reacção em cadeia contra o que a companhia tem vindo a fazer.
Esta entrevista que poderão ver ou rever aqui em baixo, é o inicio do fim da WWE, tal como a conhecemos hoje.
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