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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Epílogo


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!

Epílogo

Cinco dias após o maior momento da minha carreira no wrestling profissional, estava eu ao pé de um belíssimo riacho, num lindo dia ensolarado, rodeado de amigos e família. Quando a "Here Comes the Bride" começou a tocar, emoção brotou dentro de mim. Após todo um dia sem a ver, quando a Bri virou a esquina e lentamente caminhou no corredor de rosas com o pai, lágrimas corriam pela minha cara abaixo. Eu estava tão feliz. Jurámos e fizemos os votos de que nos amaríamos para o resto das nossas vidas, um acordo muito poderoso, e um que nenhum de nós toma com leveza.

O resto da noite foi mágica, como um sonho. Comemos, dançámos, e rimo-nos, rodeados pelas pessoas que nos tinham amado ao longo das nossas vidas. Antes de irmos dormir, consumámos o nosso casamento de maneira bastante espectacular. Apesar de toda a bomba e circunstância da Wrestlemania 30, este dia foi o melhor dia da minha vida.

Se isto fosse um filme, este seria o momento onde a história acabaria. O protagonista realizou o seu sonho, em seguida celebrou ao casar com o amor da sua vida. O espectador desligaria a TV a sentir-se bem, como se a partir daí, vivessem felizes para sempre. Mas lá está, isso seria ficção.

A Bri e eu saímos para a nossa lua-de-mel no Havai, - a primeira vez que eu lá fui - dois dias após o nosso casamento. Ficámos num retiro ecológico e passámos a semana numa bela cabana de bamboo, onde numa noite fomos capazes de assistir a um eclipse lunar directamente a partir da nossa cama. Acordávamos todas as manhãs perante o Sol a nascer e íamos para a cama pouco depois de escurecer. Demos caminhadas, explorámos, nadámos sob quedas-de-água, e fizemos bodysurfing no Oceano Pacífico. Quando regressámos, eu sentia verdadeiramente como se a vida tivesse começado de novo, melhor e mais vívida que antes.

Dois dias depois, eu estava em Baltimore, a cidade onde tinha vencido o meu primeiro World Heavyweight Championship. A Bri e eu estávamos calmamente a preparar-nos para ir para o Raw, quando recebi uma chamada. O meu pai tinha morrido, de forma completamente inesperada, aos cinquenta-e-sete anos. Passei de um inequívoco alto para um inequívoco baixo. Se o dia do nosso casamento foi o melhor dia da minha vida, o dia em que o meu pai morreu foi o pior.

Chorei e chorei e chorei e chorei. Choro agora enquanto escrevo isto. Fiz o segmento de abertura do Raw nessa noite, maioritariamente porque não sabia o que mais fazer. No dia seguinte, voei para Washington, fui ao salão do funeral, e vi o rosto do meu pai pela última vez. Abracei-o, a tentar despedir-me, mas nada parecia suficiente.

O meu pai não tinha sido capaz de vir ao nosso casamento. Ele e a sua mulher, Darby, inicialmente vinham; contudo, pouco antes do casamento, a Darby teve uma séria complicação com pneumonia e foi hospitalizada. O meu pai disse-me que desejava ter vindo, mas se algo acontecesse à Darby enquanto ele não estava, ele nunca se perdoaria. Não só eu entendi, como sabia que ele estava a fazer a coisa certa, e disse-lhe isso mesmo. Ele ficou com a sua esposa, a mulher que tinha estado ao seu lado por mais de vinte anos. Após a boda, liguei-lhe e disse-lhe o quão bem correu e o quão feliz eu estava. Ele adorou ouvir isso e estava feliz por mim. Por nós.

Sempre que alguém me pergunta se o wrestling "vale a pena," querendo dizer se o prémio compensa a dor, a viagem, o tempo afastado da família, eu sempre respondi que sim. E sempre senti que sim. Mas eu ingenuamente assumia que quando eu estivesse acabado com o wrestling, podia sempre ir para casa e compensar todo o tempo que perdi com a minha família e amigos. Agora, ir para casa não é o mesmo, e não há nada que eu possa fazer para compensar todo o tempo que passei longe do meu pai. Em vez de estar orgulhoso dos meus feitos, tudo o que sinto é arrependimento por não ter estado lá para as pessoas mais importantes na minha vida, as pessoas que me amaram de uma forma que nada tinha a ver com wrestling. Se me perguntarem hoje se todo o prémio compensa os sacrifícios, diria que não. No entanto continuo porque não tenho bem a certeza do que mais fazer comigo e porque parar agora não me dará mais tempo com o meu pai.

A última vez que vi o meu pai foi no Natal de 2013. A minha irmã veio passar as festas connosco, juntamente com as suas duas filhas e o marido. O meu pai veio, e estava tão entusiasmado por ter a oportunidade de fazer de Pai Natal para as miúdas. Tivemos um belo jantar de Natal, e pouco depois o meu pai foi vestir-se. Estávamos todos na sala, onde temos uma porta deslizante e, de repente, ouvimos sinos a tocar. A minha sobrinha mais velha levantou a orelha, e virou-se para a minha irmã a dizer, "Mãe, é o Pai Natal!" O meu pai apareceu no seu fato de Pai Natal, a dizer, "Ho, ho, ho! Feliz Natal!" Ele interpretou bem o papel, e tinha os olhos a brilhar enquanto as suas duas netas se sentavam no seu colo. Quando ele foi embora, demos um grande abraço, e ele disse à minha irmã e a mim o quão feliz aquela noite o tinha deixado. Nunca esquecerei essa noite.

Enquanto eu estava no velório, a ver o meu pai pela última vez, uma das filhas da Darby deu-me uma caixa que o meu pai tinha deixado para mim. Quando a abri, continha uma pulseira de prata, presumivelmente um presente que ele me tinha comprado para o meu casamento. Inscrito na frente estavam as minhas iniciais, e quando olhei para o outro lado da pulseira, comecei a chorar ainda mais. O meu pai tinha inscrito, "Para o homem que te tornaste, e o filho que sempre serás."

A última vez que vi o meu pai, no Natal de 2013

No próximo capítulo: Livro concluído! Parabéns, conseguiste! E até superaste a lágrima agora ao final! Espero que tenhas gostado da leitura, da tradução e que tenhas vibrado com o percurso de Bryan. Uma carreira inspiradora! O livro está concluído mas na próxima semana ainda existirá mais uma edição com as imagens compiladas no final do livro, a resumir a carreira de Bryan. Quase uma edição especial do "Wrestling em Imagens"! Não percas... E fica à vontade para reler sempre que queiras!

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