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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 24


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


Capítulo 24: O Movimento encontra A Autoridade
Domingo, 6 de Abril, 2014 - 17:59

É a contagem final e Daniel Bryan está a equipar-se para o seu confronto com o "King of Kings" Triple H. No balneário, Bryan coloca as suas novas caneleiras delineadas a pêlo. "Bruiser Brody," ele proclama simplesmente, sugerindo homenagem ao ex-WWE Superstar de barba feroz semelhante.

Enquanto se mudava para a sua armadura de batalha única, "a Barba" encontra um momento para conversar com o seu outrora mentor, o áspero William Regal. Outro apoiante do "Yes! Movement," o grappler Inglês está exaltado por ver Daniel Bryan tomar o Grandest Stage of Them All contra um dos mais grandiosos competidores em ringue, The Game. É provavelmente uma das conversas pré-combate mais importantes que Bryan terá nesta noite. Tanta história e tanto respeito abastecem a sua conversa com Regal.

Para além do vestiário, Superstars estão amontoados à volta de monitores na área dos bastidores a assistir ao que será a sequência de sonho de um fã da WWE com Hulk Hogan, "Stone Cold" Steve Austin, e The Rock no interior e centro do ringue. A meras jardas de distância, Daniel Bryan está a aquecer com patadas que fariam Craig Wilson orgulhoso. O ar leva uma tareia d'A Barba antes do que está guardado para o Cerebral Assassin.

Altura do combate finalmente cai sobre ele, e em antecipação a plateia reúne os mais ruidosos cânticos de "Yes!" que alguma vez já ouviram. Em forte contraste com o seu rival, a entrada teatral e armadura dourada a acentuar a riqueza de poder de Triple H é uma imagem inesquecível mas é instantaneamente rivalizada e superada pelo simples galopar de coração cheio pela rampa abaixo em direcção ao ringue. Daniel Bryan emerge no Grandest Stage of Them All perante 75,167 vozes a gritar a seu favor. Esta noite, procuram a queda da Authority e o triunfo do "Yes! Movement."

Como eles tão desesperadamente esperavam, ele consegue. Bryan vence. Em qualquer outro ano, esta vitória seria o momento Wrestlemania de qualquer outro Superstar. Destronar Triple H - The Game, um Campeão Mundial por treze vezes e competidor de excelência da WWE - na Wrestlemania é algo que poucos homens podem afirmar. E Daniel Bryan fá-lo com dote e tenacidade, assegurando um pinfall incontestável sobre o líder da Authority. Mas antes do Bryan poder celebrar e avançar para o combate Triple Threat contra Randy Orton e Batista, o Cerebral Assassin implanta um brutal ataque, sabotando o underdog com as probabilidade já contra si. É "negócio" como o costume para nefasto vilão da WWE, Triple H.



Craig e a tripulação do WWE.com fizeram um excelente trabalho a narrar a minha semana da Wrestlemania. Eles seguiram-me, tirando fotografias e fazendo-me perguntas. Assim como os produtores da WWE Network, enquanto eu era o foco de um dos seus curtos documentários. Capturaram todos os maiores momentos da semana, então eu sinto que não tenho muito a dizer em relação a ela. A única coisa que mencionarei é que provavelmente sou a única pessoa a constar no evento principal da Wrestlemania, que voou para lá na classe económica. Contudo não me importei, porque tinha a minha futura esposa mesmo ao meu lado, no assento do meio.

Apesar de tudo o que se estava a passar - finalizar planos do casamento, múltiplas equipas a documentar os meus dias, e, claro, dois combates de main event enormes e importantes - eu estava relativamente calmo e confiante toda a semana. Tinha coisas para fazer e o meu corpo para cuidar; por cima disso, Superstars normalmente têm milhões de sessões de assinaturas, meet-and-greets, e dias de mídia. Na verdade, é-se tão varrido pelo redemoinho que é a semana da Wrestlemania que não se tem tempo para ficar nervoso. As únicas coisas que me tinham realmente ansioso eram, primeiro, a dor a correr-me pelo braço abaixo e, segundo, o meu equipamento. Não havia nada mais que eu pudesse fazer em relação à dor, mas o equipamento que usaria na Wrestlemania era uma decisão muito importante e consciente que eu ia ter que fazer.

Desde 2004 que usei marrom no meu equipamento em ringue. Na altura, o Dave Taylor estava a gerir um acampamento de wrestling, e o William Regal estava lá não apenas a ajudar, mas também a recuperar a sua forma física de ringue. Numa viagem à Índia, ele tinha contraído um parasita cardíaco, teve que parar o coração e depois recomeçá-lo, e não pôde lutar durante um ano. Mas ele finalmente estava pronto para regressar. Fui até Atlanta e fiquei com ele para o ajudar a preparar-se, e tornou-se uma experiência fantástica de uma semana de aprendizagem. No final da semana, Regal deu-me um par de botas marrom novas em folha, joelheiras marrom e calções marrom. Foi a cor de assinatura do Regal durante muito tempo e, daí em diante, tornou-se a cor dominante no meu equipamento. É um pequeno aceno de agradecimento ao homem que foi a maior influência na minha carreira.

E apesar de nunca nos ter falado alguma vez no assunto na Academia, o Shawn Michaels tinha alguns dos melhores equipamentos de sempre. Também teve alguns dos piores equipamentos de sempre, como quando regressou à WWE em 2002 após a sua cirurgia às costas e usou calças castanhas. Com essa notável excepção e as vezes em que arbitrou de calção de ciclista, Shawn tinha um visual à altura. O meu equipamento em ringue nunca foi algo no qual eu coloquei um enorme ênfase no início da minha carreira, então quando comecei na WWE, tive mesmo que me reforçar no que dizia respeito ao equipamento.

O que usei quando estreei no NXT era apenas um marrom básico, sem desenho, que é o que eu gostava quando estava na Ring of Honor: simples. Alguns anos mais tarde, eu estava a ler uma banda desenhada da Jill Thompson chamada "Beasts of Burden," que era sobre um grupo de cães (claramente algo que me atraísse.) Através das redes sociais, a Jill viu uma foto minha a ler a banda desenhada dela e contactou-me para dizer que achava espectacular que eu gostasse do livro dela. Eu achei brutal que ela gostasse de wrestling e perguntei-lhe se tinha algum interesse em fazer o meu equipamento porque sempre achei que artistas de banda desenhada seriam os melhores a desenhar equipamentos de wrestling. O primeiro design dela foi o que eu usei no Money in the Bank 2011; ela viu-me como um wrestler clássico, então integrou a listra do desenho de um Ford Mustang clássico no equipamento que ela fez. Foi algo muito mais pensado que alguma vez eu imaginaria que fosse para algo como o meu equipamento de ringue.

Quando eu estive envolvido com os Wyatts alguns meses antes da Wrestlemania 30, eu sabia que não queria usar exactamente o que eles usavam, apesar de ter sido o que eu acabei por fazer no curto período de duas semanas. O que eu originalmente visionava, a longo prazo, era aparentar-me mais com um dos meus wrestlers barbudos favoritos, Bruiser Brody. Quando competia, Brody usava botas e casaco de pêlo, e lutava como um selvagem. Quando expliquei a ideia à Jill, ela imediatamente desenhou algo brutal que eu nunca tinha visto antes: caneleiras com pêlo na traseira. Não sabia se seria possível, mas mandei o desenho ao meu alfaiate no Japão. Ele disse que achou muito fixe e que iria encontrar maneira de o fazer resultar. No tempo de um mês, ele tinha-o completo e nas minhas mãos, mas já era demasiado tarde para eu o utilizar como um Wyatt. Incerto em relação à minha direcção para a Wrestlemania 30 e além, tudo o que eu sabia era que, a certo ponto, eu ia ter que usar este equipamento novo.

A Wrestlemania é normalmente a altura em que todas as estrelas de topo sacam dos seus equipamentos mais elaborados. Para a Wrestlemania 30, não queria um robe extravagante como tinha na Wrestlemania XXVIII. Esse não era eu, nem a personagem que os fãs viam na TV todas as semanas. Eu tinha algumas peças desenhadas que se viam muito bonitas, mas eu continuei a voltar e a olhar para o meu equipamento à Brody, por utilizar, que eu adorava. Reconheci que era um afastamento radical daquilo que eu andava a usar, então eu não estava confiante que fosse resultar, porém trouxe-a para a viagem, só para o caso.

No Domingo da Wrestlemania, eu ainda não sabia o que ia usar, então levei ambos para o estádio. Pedi opinião à Bri, e ela gostou do equipamento à Brody, mas tal como eu, estava indecisa em relação a ele. Então nesse dia, eu apenas o coloquei e perguntei à única pessoa no wrestling cujo conselho eu confio mais que qualquer um: William Regal. Ele gostou que fosse diferente, mas ele não conseguia ver se era um diferente bom ou um diferente mau. O seu conselho foi que provavelmente não era a altura para experimentar algo radicalmente diferente. Esta deve ter sido a primeira vez de sempre em que eu não segui o seu conselho.

Experimentei o meu outro equipamento novo, e via-se bem. Porém, o equipamento à Brody tinha-me roubado o coração, e ao último minuto decidi arriscar. Acabou por não fazer diferença, de uma maneira ou de outra, mas além da dor no meu braço, essa decisão foi o maior stress no maior dia da minha carreira.


Assim que o assunto do equipamento ficou resolvido, eu estava exclusivamente focado nos meus combates. Primeiro, foi o one-on-one com o Triple H, que teve uma entrada espectacular. Ele emergiu do fumo, e as luzes brilharam sobre um enorme trono onde ele estava sentado com três senhoras arrojadas ao seu lado. Hunter estava a usar um robe e uma coroa, mas o robe tinha ombreiras à futebol com picos enormes a sair de cada lado. A coroa ligava-se a uma máscara dourada de caveira que cobria o seu rosto, e enquanto ele se levantava do trono, as mulheres desprendiam-lhe o robe. Ele lentamente retirou a máscara, e em seguida a sua música de ringue tocou para a sua caminhada pela rampa abaixo. A decadência e esplendor de todo o acto assentava-lhe bem. De igual maneira, a simplicidade da minha entrada assentava-me a mim. Eu apenas vim com o meu equipamento à Brody, a usar a minha camisola do costume com a minha música do costume e a fazer a minha entrada do costume. O que a tornou especial foi que setenta-e-cinco mil pessoas estavam "Yes!-ing" durante a minha entrada, juntamente comigo.

Quando estás a lutar com o Hunter, independentemente de quando é, estás numa atracção principal com um gajo que apenas luta um par de vezes por ano. Nunca olharam para mim, na WWE, como o gajo para lutar com qualquer uma das Superstars icónicas que regressam. Foi giro porque um momento antes do combate, eu fui capaz de dar um passo atrás da situação e pensar em como eu já via o Hunter a lutar desde que eu era um adolescente. Não me passou ao lado a ironia de que o primeiro combate na 'Mania do Triple H, na Wrestlemania XII, foi a primeira Wrestlemania que eu encomendei. Nem a coincidência de que o seu primeiro combate na Wrestlemania foi um squash super-curto contra o Ultimate Warrior, e o meu primeiro combate na Wrestlemania foi um squash super-curto contra o Sheamus.

Por cima disso, o Triple H foi o primeiro tipo com quem eu estive no ringue que luta com um estilo Attitude Era, peso-pesado, de evento principal. O meu estilo na WWE é completamente diferente, um estilo mais rápido, à maneira Cruiserweight. Uma das coisas que eu sempre adorei em relação a ser um wrestler independente era a oportunidade de lutar com tantas pessoas diferentes com tantos estilos diferentes, e esta era a chance de fazer isso a uma escala muito maior que eu já alguma vez tivesse feito antes. O combate em si foi explosivo. Não foi um combate do Triple H e não foi um combate do Daniel Bryan; foi uma mistura de ambos. Fiz coisas que não tinha feito na WWE antes, como o "front flip dive" que costumava fazer nas independentes, apenas sem a parte de o fazer para o meio dos fãs e sem o "springboard" (A última coisa que eu queria fazer era escorregar enquanto tentava saltar para a corda superior na maior noite da minha carreira.) O Triple H foi excelente de se trabalhar, e aprendi imenso com ele nesse só combate. É quase impossível explicar a não-wrestlers esta aprendizagem que acontece quando se luta com alguém, mas depois, deixou-me ainda mais desapontado por não ter tido a experiência de lutar com ele e o Shawn Michaels com regularidade, da forma que indivíduos como Randy Orton, Batista e John Cena fizeram.

O Hunter e eu levámos a plateia para uma montanha-russa, e quando atingi a Flying Knee e consegui o pin sobre ele, a plateia saltou em entusiasmo. Com essa vitória eu iria, de facto, para o combate final da noite e competir pelo WWE World Heavyweight Championship. Para tornar o momento ainda mais dramático, a Stephanie entrou no ringue e repetidamente me esbofeteou na cara, e de seguida o Hunter atacou-me por trás para atacar o ombro que estava "lesionado" numa carga de porrada que ele me tinha dado duas semanas antes do espectáculo. Assim que ele arremessou o meu ombro contra o poste do ringue e atingiu-o com muita força com uma cadeira, as celebrações instantaneamente se transformaram em vaias.

No próximo capítulo: Com isto a correr mesmo para o fim, vão-se encontrando alguns interlúdios breves. Como é o caso do vigésimo-quinto capítulo. Uma breve intermissão em que Bryan descreve o seu momento backstage entre combates.

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