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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 21 - Parte 4



Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!



(...)

Tinha estado a lidar com um pouco de dor após o susto que apanhei com o combate com o Randy em Junho, mas repentinamente ficou substancialmente pior. A hérnia do disco estava a apertar no nervo ulnar - que percorre do teu pescoço ao ombro, através do tríceps, passando o cotovelo, e até à tua mão - conduzindo dor pelo meu braço direito inteiro abaixo. A dor fez da digressão Europeia de duas semanas em Novembro miserável já que começou a disparar aleatoriamente, tornando quase impossível para mim dormir mais do que uma ou duas horas de uma vez.

Quando regressámos aos Estados Unidos, fui enviado para receber a minha primeira injecção de esteróide epidural: Usam uma agulha longa e fina para injectar cortisona no espaço que rodeia o nervo, ajudando a reduzir a inflamação do nervo. Essa primeira injecção ajudou imenso, dando-me o meu primeiro alívio da dor em meses, e eu fui finalmente capaz de dormir pela noite fora. Eu estava agendado para receber três injecções, espaçadas por cerca de um mês, mas durante o segundo tratamento, algo correu mal.

Eles adormecem toda a tua região superior das costas e do pescoço antes da injecção, para que não seja suposto sentires grande coisa. Dada a quantidade de material sensível à volta do teu pescoço e coluna espinal, utilizam um guia raio-X para direccionar a agulha exactamente para onde precisa de ir. De alguma forma, na segunda injecção, o médico atingiu o nervo com a agulha e eu gritei "FODA-SE!" enquanto uma dor intensa disparou ao longo do que parecia ter sido o meu corpo inteiro. Eu fiquei agitado, e o médico também, porém quando me perguntaram se eu queria fazer outra vez, eu concordei porque achei que não podia ser muito pior que aquilo. A tentativa seguinte correu bem, mas acabou por não me dar qualquer alívio à minha dor existente.

Visto que o segundo tratamento correu de forma tão pobre e fez tão pouco pela minha dor, escolhi não levar a terceira injecção. Não conseguia levantar qualquer peso, mas acupunctura e massagens ajudavam a minimizar o desconforto. Felizmente, não estava mesmo a afectar o meu wrestling. Quando a minha adrenalina está a fluir, eu tendo a não sentir muita dor afinal. Eu estava a ficar mais fraco, mas por sorte tinha desenhado a minha ofensiva inteira na WWE à volta de não levantar pessoas. E manobras que eu realmente execute que envolvam mexer o corpo do meu adversário, como um snap ou German suplex, tratam-se todas de movimento de anca. O resto da minha ofensiva é composta por golpes de alto impacto, submissões, e voar por aí. Continuei a actuar e acabei um 2013 tumultuoso, que acabou com o que provavelmente ficará como o espectáculo favorito que eu já fiz.

A minha família apenas tinha tido a possibilidade de vir a pouquíssimos espectáculos meus, quer nas independentes ou na WWE. Simplesmente não existem muitos eventos a emanar do estado de Washington todos os anos. Uma vez, actuei num espectáculo independente merdoso numa feira no nosso estado vizinho do Oregon, só para que o meu pai me pudesse vir ver a lutar. Foi um show horrível, mas o meu pai divertiu-se imenso.

A 9 de Dezembro de 2013, o espectáculo anual dos Slammy Awards emanavam de Seattle, e o meu pai pôde sair do trabalho e ir. Antes do evento, o meu pai e alguns convidados que ele levou com ele para o show foram comer a um restaurante, e algumas pessoas com t-shirts do Daniel Bryan entraram. A esposa do patrão dele deteve-os e disse-lhes que ele era o meu pai. Tal como eu, o meu pai era uma pessoa naturalmente tímida, então claro que ele ficou bastante embaraçado ao ser destacado daquela forma, mas os fãs acharam a cena mais fixe conhecer o meu pai, e pediram-lhe o autógrafo. Isto naturalmente o deixou ainda mais tímido, mas ele ainda assinou para eles, inscrevendo "Buddy Danielson, pai do Daniel Bryan" nas suas camisolas.

Mais tarde nessa noite, esta edição de Slammys do Raw começou comigo a lutar com o Fandango, e a plateia da terra-natal estava louca por mim desde o início. Pude notar que seria uma noite divertida. Os Slammy Awards são votados pelos fãs, e eu segui a vencer múltiplos, incluindo o absurdo prémio de Barba do Ano. Visto que a Bri e eu também vencemos o Casal do Ano, eu fui falar com o Vince no início dessa noite para perguntar em relação a nós os dois entrarmos juntos para o meu combate. Ele não queria isso, mas enquanto eu estava lá no seu escritório, também perguntei se havia algo que ele queria que eu dissesse se eu vencesse o Slammy de Superstar do Ano. O Vince apenas que meio se riu, quase em descrença de que eu achasse que podia ganhar, e disse-me que eu podia dizer o que quisesse.

Bem, eu realmente ganhei - provavelmente pela menor margem na história do prémio, batendo à rasca o John Cena. A plateia de Seattle festejou loucamente quando eu fui aceitar o prémio, e no final do meu discurso de aceitação, dei-lhes um sonoro "Força Seahawks!", um assentimento à equipa desportiva favorita de Seattle. Foi tudo na verdade muito giro, porque apesar de eu não ver o ganhar Slammys como extremamente importante, foi divertido que a Bri e a Nicole tivessem ganho o Diva(s) do Ano, eu ganhei o Superstar do Ano, e juntos a Bri e eu vencemos o Casal do Ano. Após eu aceitar o meu prémio, a WWE tirou uma data de fotografias de nós juntos a segurar os Slammys, que é agradável porque são fotos giras (bem, o quão giro eu consigo alcançar) que podemos mostrar aos nossos filhos um dia.

Daniel Bryan aceita o Slammy Award de 2014 para Superstar do Ano

O final da noite incluiu a Ascensão do Título, uma elevação simbólica dos dois títulos de topo da WWE, o título da WWE e o World Heavyweight Championship, sobre o ringue dias antes de serem unificados no WWE TLC. No ringue para a cerimónia estavam campeões passados, incluindo eu próprio, assim como os actuais detentores dos títulos, Randy Orton e John Cena. A WWE estava a tentar facturar no combate da unificação como o maior combate na história da WWE, dada a importância que os dois títulos anteriormente tiveram, mas assim que o segmento começou, os fãs de Seattle começaram a cantar por mim. Eu só estava lá por ter sido um campeão anterior, só isso. De maneira nenhuma estava eu envolvido no combate iminente, mas o público não quis saber. Enquanto o Triple H tentava falar, a plateia inteira afogou-o em cânticos de "Yes!" e "Daniel Bryan!" Eu não conseguia fazer nada a não ser rir-me no fundo da cena, e estava quase preocupado que, de alguma forma, fosse culpado por tudo. Outro ex-campeão, o Mark Henry, estava ao meu lado, e ergueu-me o braço para enormes aplausos, esperando que ajudasse a plateia a descarregar tudo, depois acalmavam-se um pouco e voltavam a focar-se no evento. Mas isso apenas fez pior. Assim que o Randy começou a falar, o público apenas ficou cada vez mais barulhento, torcendo por mim. Situações como esta são o porquê do John Cena ter sido o homem de topo na WWE pelos últimos dez anos. A pensar muito rapidamente, ele pediu-me para me chegar à frente, e a seguir fez-me uma série de perguntas.

"Como te chamas?"
"Chamo-me Daniel Bryan," respondi. Enorme ovação.
"De onde és?"
"Sou de Aberdeen, Washington." Ovação ainda mais alta.
"A tua mãe ou o teu pai é um WWE Superstar do passado?"
"Não, o meu pai é madeireiro na verdade." Outra ovação ruidosa, como a madeira é uma indústria enorme em Washington.

E foi aí que o Cena deu a volta. Ele disse que gajos como eu e ele tivemos que chegar ao topo por nossa conta, enquanto o Randy chegou com toda a gente a esperar que tivesse sucesso porque o pai dele era um WWE Hall of Famer. O John levou o segmento de volta ao sítio e focou-se no combate de unificação do título. Na conclusão, uma briga explodiu, e o espectáculo acabou com - adivinharam - cânticos de "Daniel Bryan." Pela primeira vez, aquilo a que mais tarde chamamos de "Movimento Yes!" basicamente sequestrou o Raw.

Após o segmento, enquanto o show acabava, o meu pai veio até à cerca eufórico, tão orgulhoso quanto podia estar. Dei-lhe um grande abraço e disse-lhe o quão feliz estava por ele ter podido vir. Mais tarde o meu pai contou à minha irmã sobre o bocado espectacular que passou, sobre o quão alto o público torcia por mim e que pessoas até tinham querido o seu autógrafo, apenas por ser meu pai. Ele tinha-se divertido imenso. O que o tornou o meu programa favorito não foi vencer os Slammys. Nem foi a reacção espectacular da plateia. Foi o meu pai ter podido ver tudo isso e estar no público enquanto toda a gente enlouquecia por mim; ele pôde desfrutá-lo, deter-se e ficar orgulhoso. Eu estou incrivelmente agradecido por isso, porque foi o último espectáculo ao vivo que ele veria.

(...)

No próximo capítulo: Finalmente finalizamos este vigésimo-primeiro capítulo na altura em que a carreira de Daniel Bryan começa a aquecer cada vez mais! A sua história encurtada com a Wyatt Family, a dimensão do "Yes! Movement" e a Royal Rumble. AQUELA Royal Rumble! Imperdível!

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