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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 21 - Parte 3


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


(...)

Randy Orton é um dos melhores com quem eu já estive no ringue, e tivemos alguns combates fantásticos. Lamentavelmente, nenhum deles foi durante as três vezes que encabeçámos pay-per-views em finais de 2013. Não me interpretem mal; Eu não acho que óptimos combates sejam absolutamente necessários em histórias de sucesso. Conclusões satisfatórias, no entanto, são. E nenhum dos "main events" de pay-per-view que tivemos deu desses. No Night of Champions, derrotei o Randy, mas o árbitro corrompido Scott Armstrong contou rápido, e o título foi-me retirado na noite seguinte no Raw. Isso até podia parecer OK, mas porque o Scott estava a fazer a contagem rápida no meu pin, não me era permitido fazer qualquer cover durante o combate, o que matou algum do drama. No pay-per-view seguinte, WWE Battleground, não houve final para o combate; o Big Show apareceu, deixou-nos a ambos o Randy e eu KO, e foi embora. O espectáculo saiu do ar assim - sem anúncio de quem ganhou ou perdeu. Tudo isso estaria bem se tivesse sido no Raw em TV gratuita, mas pagar 50$ e ter um espectáculo a acabar assim tinha muitos fãs a desistir.

A minha performance final em evento principal de pay-per-view com o Orton foi no Hell in a Cell, no combate de assinatura do evento no qual a maior parte da área à volta do ringue estava fechada numa jaula gigante com telhado. O Shawn Michaels foi convocado como árbitro especial convidado - um plot twist interessante visto que ele era o meu treinador original e também é o melhor amigo do Triple H. Este foi provavelmente o melhor dos três maiores combates que o Randy e eu tivemos, mas mais uma vez, acabou com um final estranho. O Shawn foi abatido de alguma forma, levando o Triple H a entrar na jaula para verificar se ele estava bem, juntamente com um médico. Eu também fui ver como estava o Shawn, mas o Triple H derrubou-me. Quando me levantei, fui à carga e acertei-lhe com a running knee, mesmo a tempo do Shawn recuperar e ver. Apesar de ser o árbitro, o próprio Shawn fez-me o superkick, depois contou enquanto o Randy me fazia o pin para a vitória.

Quando inicialmente ouvi o final, pensei que talvez a WWE tivesse convencido o Shawn a voltar para me enfrentar na Wrestlemania meses mais tarde, o que teria dado significado aos momentos conclusivos do meu combate com o Randy. O Shawn tinha feito um combate de reforma com o Undertaker na Wrestlemania XXVI, mas wrestlers raramente se mantêm retirados. Se tal fosse o caso para mim e para o Shawn, todo aquele finish teria sido espectacular. Actuar contra o Shawn Michaels na Wrestlemania é o meu derradeiro combate de sonho porque não só ele foi o meu original treinador, ele também é conhecido como "Mr. Wrestlemania," gabando-se de mais combates a roubar o espectáculo no grande evento que qualquer pessoa na história.

Após falar com o Shawn, no entanto, tornou-se claro que ele não tinha qualquer intenção de alguma vez lutar de novo, e o final foi construído da maneira que foi apenas para sair da situação enquanto ainda me protegiam da perda. Apreciei o facto de a WWE se preocupar com proteger-me, mas lá está, os fãs saíram a sentir-se insatisfeitos de uma forma que não ajudou o negócio a andar para a frente.

Apesar de eu não ter obtido um combate na Wrestlemania com o Shawn, ainda pude experienciar um momento fixe com ele na noite seguinte no Raw. Eu estava no ringue, e ele veio explicar-se perante mim, pedindo-me para apertar-lhe a mão, que eu recusei. O Shawn de seguida transformou-se lentamente numa besta arrogante, a exigir que eu lhe apertasse a mão, que eu fiz, e imediatamente transformei o aperto de mão no "Yes!" Lock como retribuição pelo incidente da noite anterior no pay-per-view. Shawn é um mestre contador de histórias, tanto com o seu wrestling como com as suas promos, e ter tido a chance de fazer isso com ele foi muito divertido.


Mais tarde nessa noite, fui atacado pela Wyatt Family (Bray Wyatt, Luke Harper, e Erick Rowan), o que essencialmente terminou o meu percurso de dois meses como um main-eventer. Sinto que me saí bem em termos de performance, ainda mais com a minha habilidade de carregar múltiplos segmentos no Raw - wrestling e a falar - e fiquei vastamente mais confortável ao microfone durante este tempo. Mas quando estás na posição de topo, é a tua responsabilidade chamar os fãs. Não importa o quão bem lutes ou o quão bem fales se fãs não pagarem para o ver. Nesse sentido, falhei, e não achei que convenci as pessoas de topo na WWE de que eu era algo mais que um "B+ player."

A meio do meu percurso no main event com o Randy e a Authority, algo na minha vida pessoal ofuscou o que se estava a passar no trabalho. A 25 de Setembro de 2013, pedi a Bri em casamento.

Originalmente planeei o pedido à Bri para alguns meses mais tarde quando regressássemos a Boston. A minha intenção era regressar ao Museu Isabella Stewart Gardner (onde tivemos o nosso primeiro encontro), levá-la ao terceiro piso (ao qual não chegámos na nossa primeira visita), e fazer-lhe o pedido lá. Eu sei que é um pouco cliché fazer o pedido onde se teve o primeiro encontro, mas por uma boa razão: O teu primeiro encontro é um marco importantíssimo na tua vida, e assim é um retorno a onde tudo começou.

Mas em finais de Agosto, o Russell, principal produtor do Total Divas, perguntou-me se eu estaria disposto a ter o pedido a acontecer no programa. Eu estava OK com isso, mas eles precisavam que acontecesse em breve para chegar ao final da primeira metade da segunda temporada. Eu já tinha o anel, feito de encomenda por um estupendo joalheiro em Nova Iorque que se especializa em joalharia amiga do ambiente e socialmente responsável. Mais importante, eu queria ter a certeza que o momento era especial e não feito à toa, então juntamente com o Russell e a Nicole, irmã da Bri, formulei um plano de jogo: a Bri e eu iríamos de férias para Big Sur, onde o Total Divas nos filmaria a ficar numa casa em cúpula, feita manualmente, no bosque. A Bri acharia que seria só porque eles queriam filmar-nos num episódio tonto com um retiro ecológico e cenário lindíssimo.

Eu esperava que ela não fosse suspeitar de nada, mas a minha grande preocupação era a Nicole. Sendo gémeas, as duas contam tudo uma à outra. Eu estava preocupado que a Nicole fosse desvendar o coelho da cartola mas, por sorte, não o fez. Ou se o fez, a Bri manteve o segredo tão guardado que nunca me contou.

O meu novo plano era fazer o pedido à Bri algures durante uma caminhada de cinco milhas no Big Sur. Eu não sabia quando ou precisamente onde iria acontecer, porque era a minha primeira vez nesta caminhada que eu apenas tinha pesquisado com antecedência na Internet. Eu achei que apenas ia sentir quando fosse a altura certa. Mas, de modo a que a equipa de filmagem a seguir-nos pudesse estar preparada para conseguir boas imagens do pedido, concordámos que eu diria uma espécie de palavra ou frase código, algo como "Meu, o céu está mesmo azul." Entretanto, para o bem da surpresa, os operadores das câmaras filmaram a maior parte da caminhada simplesmente porque iria parecer estranho para a Bri se não o fizessem. Mesmo que não fosse uma subida assim tão inclinada, é muito mais difícil quando estás carregado de equipamento. O técnico de som da equipa nunca chegou ao topo, o que me fez sentir um pouco mal mas também me fez rir. Toda a gente estava a suar pela altura em que chegámos ao topo da colina com uma linda vista sobre o Oceano Pacífico. Eu soube imediatamente que aquele era o sítio e altura certos.

Eu estava bastante nervoso, e a minha mão começou a tremer. Eu sabia que a Bri ia dizer que sim porque a) tínhamos ido às compras de anéis juntos em Nova Iorque antes da Wrestlemania 29, só para que eu já pudesse ver o estilo que ela gostava, e b) desse momento em diante começou a dar-me na cabeça sobre quando eu iria fazer o pedido. Para acrescentar à minha ansiedade, eu continuei a recordar-me de como a Bri uma vez disse-me que a única coisa com que se preocupava eram as palavras que eu diria durante o pedido. Se o momento não estivesse a ser filmado, não teria sido grande assunto, mas se eu fizesse asneira à frente das câmaras e fosse para o ar no Total Divas, eu nunca deixaria de ouvir sobre isso. Eu estava tão nervoso que me esqueci de dizer o código. O cameraman não estava pronto, assim como quem quer que estivesse a tratar do som.

Eu estava vagamente ciente da correria à minha volta enquanto toda a gente se apressava a colocar-se em posição quando se aperceberam que eu estava a colocar-me sobre um joelho. Eu olhei para a Bri e disse, "Já se passaram dois anos, sete meses, e dez dias desde a primeira vez que nos beijámos. E não é suficiente. Eu quero que seja para sempre, como tudo isto," referindo-me ao oceano aparentemente infinito. Depois, pela primeira vez, disse, "Amo-te," seguido do pedido para que casasse comigo. Muito estranhamente, a Bri estava tão entusiasmada no momento que ela não podia sequer processar as palavras que ela anteriormente dissera que seriam tão importantes. Ainda assim, como sabem, ela disse que sim. Pareceu-me o momento perfeito.

Depois disso, sentados na falésia a olhar sobre o oceano, comemos as sandes de manteiga de amendoim e geleia que tínhamos empacotado. Foi um momento incrível de calma e felicidade. A nossa viagem até ao topo da montanha sentia-se como uma realização de certa forma, o final de uma viagem. Quando voltámos ao fundo, sentia-se como se uma nova jornada tivesse começado.

Bryan e Bri celebram o seu noivado, Setembro de 2013

Uma das coisas que tornou o pedido tão especial foi que imediatamente a seguir, tivemos um jantar de noivado surpresa que o Total Divas tinha preparado os voos para as nossas famílias comparecerem. Eles prepararam uma linda área no bosque, e pela primeira vez, as nossas famílias puderam conhecer-se uma à outra. As câmaras estavam a filmar, mas ninguém parecia notar porque estávamos todos a divertir-nos tanto a desfrutar do momento especial.

Certamente existem alturas em que filmar o programa dá uma sensação invasiva, mas depois existem momentos como esse - com planeamento elaborado e atencioso - que o Total Divas cria para demonstrarem a sua apreciação, e faz tudo valer a pena.

(...)

No próximo capítulo: Ainda a olhar para a parte mais pessoal de Daniel Bryan, voltámos a olhar para um lado mais negativo e outro mais positivo. Por um lado, as consequências da sua recente lesão tornavam-se cada vez mais assustadoras; Por outro, temos aquela que terá sido a sua noite favorita no Raw, em que actuou com o seu pai na plateia. Mais um que não devem perder!

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