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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 14 - Parte 3


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


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Se posso divagar, sei que alguns fãs têm boas memórias da Pro Wrestling Guerrilla, logo aqui estão algumas histórias rápidas. Fui PWG Champion por um tempo relativamente curto, no entanto foi importante no sentido em que era um booking regular no qual podia contar para ajudar-me a obter exposição. Os maiores shows da PWG, que tinham muito mercado de cassette ou DVD, eram importantes porque se tivesses uma performance forte, que as pessoas gostassem, falariam nelas e terias mais bookings. Também havia exposição na Internet através de vários vídeos que lançaríamos.

Fiz algumas promos mesmo doidas, mas a do "American Dolphin" que fiz na PWG com o Paul London, que estivera anteriormente na WWE, obteve bastante atenção e muitas visualizações no YouTube. O Paul andava a ter aulas de comédia de improviso na altura, logo ele estava a dizer as coisas mais aleatórias (como renomear o "American Dragon" como um mamífero aquático, como parte dos "Hybrid Dolphins" juntamente com ele e o Roderick Strong). Eu instantaneamente começava a rir-me quando ele inserisse alguma das suas frases malucas. Ao gravá-la, chegaríamos ao quinto ou sexto take, e o factor de limite em cada um desses takes era o quanto eu estava a rir, porque o Paul é hilariante. O produto final que encontrarão online é aquele em que me ri menos enquanto gravava. O meu riso chegou mesmo a fazer pessoas perguntar-me se eu estava pedrado quando foi gravado. Eu certamente não estava pedrado, mas quanto aos outros partidos envolvidos, não faço ideia. Mais importante do que isso, eu sabia que a promo tinha mesmo resultado porque após o vídeo chegar ao YouTube, eu estava a fazer um espectáculo na Alemanha e os fãs em vez de bater palmas ou apoiar, todos me zumbiram - algo que o Paul e eu encorajámos os fãs a fazer no final do clip. Mostra o quanto a Internet estava a mudar o wrestling em 2009.

Durante este período, a Chikara - uma promotora independente em Philadelphia - deu-me uma das experiências mais fixes da minha carreira até àquela altura: estar no ringue com o Johnny Saint. Era eu, o Claudio Castagnoli (Cesaro), e o Dave Taylor contra o Johnny, o Mike Quackenbush, e o Skayde Rivera. Johnny já lutava há mais de cinquenta anos por aquela altura e não andava a competir em muitos combates. Mesmo nos seus sessentas, ele ainda era espectacular. Ele é um wrestler Inglês incrível que fez coisas no ringue ao longo da sua carreira que tipos não conseguem sacar hoje em dia. Muitos tentaram replicar o seu estilo de wrestling técnico, mas não conseguem. Por muito que se possa aprender uma manobra, não se pode aprender e fluidez física que ele possuía. Quando inicialmente conheci o Regal em 2000, ele disse-me que se eu estivesse interessado em wrestling técnico, tinha que ver o Johnny Saint. Eu até tinha comprado um leitor de VCR que reproduzia diferentes formatos para que eu pudesse assistir ao Saint em cassettes antigas de wrestling Britânico. Era até onde eu iria de modo a aprender algo novo, visto que a nossa geração de wrestlers nem sempre tem a oportunidade de lutar com veteranos para aprender.

Antes do nosso "six-man tag" com a lenda Inglesa, eu tinha conhecido o Claudio na Ring of Honor. Tínhamos feito espectáculos juntos na Alemanha, e visto que ele sabe falar Alemão, ajudava-me. Com o tempo, ficámos a conhecer-nos apenas ao estar em tantos shows juntos. Foi um processo muito gradual, não diferente das minhas relações mais duradouras com vários wrestlers - particularmente aqueles que partilharam o meu caminho da Ring of Honor para a WWE, como o Cesaro, o Seth Rollins, e o Sami Zayn, que me são todos muito próximos.

O Jimmy Jacobs e eu ainda falamos ocasionalmente porque considero-o um génio. Apesar de não o ver por imenso tempo, sinto-me mais próximo do Nigel McGuinness que de pessoas que vejo como amigos na WWE. Ainda considero o Nigel um dos meus melhores amigos porque ele é uma boa pessoa e atravessámos muita coisa juntos. Não tenho a certeza do porquê, mas apesar de eu já estar com a WWE há mais de quatro anos, não sinto que tenha laços tão chegados com pessoal da WWE como tenho com pessoal da Ring of Honor.

Por falar na WWE, na primeira semana de Agosto de 2010, o conselho do Regal tornou-se uma profecia. A minha namorada da altura e eu estávamos no consultório de um veterinário com uma beagle com um tremendo excesso de peso que íamos acolher. Os anteriores donos da beagle eram um casal idoso, mas o marido tinha falecido e a mulher tinha-se mudado para um lar. A instalação autorizava a cadela mas, infelizmente, a mulher não estava num estado capaz de levar a sua mascote lá fora para passeios, logo ela mantinha a sua beagle feliz ao alimentá-la com montes de brindes, criando a cadela mais gorda que eu já vi. A barriga batia-lhe no chão quando caminhava e ela mal tinha genica suficiente para caminhar até lá fora para fazer as necessidades sem ficar exausta. Eventualmente a beagle foi colocada num centro de resgate até termos concordado em acolher, que apenas seria até o centro lhe encontrar um lar permanente. A meio da análise do veterinário a esta cadela gorda, recebi uma chamada do John Laurinaitis. Foi tão inesperada que eu nem sequer pensei em pedir licença para me retirar da sala.

Laurinaitis disse-me que a WWE queria trazer-me de volta e de uma grande maneira. Eles iam fazer um combate de eliminação sete-contra-sete para o evento principal do SummerSlam, o segundo maior pay-per-view do ano da WWE, e eles queriam que eu fosse o sétimo membro surpresa da equipa do John Cena contra os Nexus, o grupo que consistia nos antigos Rookies do NXT. A oportunidade era difícil de recusar. No entanto, havia alguns problemas de logística. Expliquei que tinha um bom número de shows independentes já agendados. Johnny disse que isso era óptimo, perfeitamente OK; devia honrá-los a todos, excepto aqueles que tivesse no fim-de-semana do SummerSlam.

Também, visto que sentia que o meu valor tinha aumentado após o meu despedimento, timidamente pedi um aumento - algo que eu nunca tinha feito na minha carreira inteira. Na Ring of Honor, muito de vez em quando, eles simplesmente ofereciam-me um aumento, regularmente em agradecimento pelo meu árduo trabalho, mas também a reconhecer que eu me estava a tornar mais valioso. Fiz o meu pedido, e o Laurinaitis pausou por um minuto, de seguida disse, "Acho que podemos fazer isso." Pensando agora em retrospectiva, pedi um aumento tão diminuto, que tenho a certeza que ele ficou surpreendido com o quão pouco era.

Enquanto eu concordava com regressar, o Johnny enfatizou que a minha re-assinatura e regresso deviam ser uma surpresa total. Não podia contar a ninguém... Mas eu contei. Contei à minha família, só para que pudessem ver, e liguei e contei ao Gabe. Tantos dos seus planos giravam à minha volta, e eu devia-lhe isso. Ele estava tão desapontado por não sermos mais capazes de trabalhar juntos como feliz por mim, pessoalmente, por eu ter uma oportunidade de voltar para a WWE num spot tão bom. O Gabe também estava entusiasmado por eu poder concluir os bookings que tinha com ele para o seguinte mês, e também eu estava.

Para além disso, não contei a ninguém. Com o pretexto de um "assunto familiar," cancelei os agendamentos que tinha durante o fim-de-semana do SummerSlam. Também parei de aceitar bookings novos, o que era um desafio porque eu tinha estado em contacto com a New Japan, e eles enviaram-me vários e-mails durante esse período a perguntar-me pelas minhas datas disponíveis. Eu não sabia o que dizer que não fosse entornar sobre o meu regresso à WWE, logo não respondi. Laurinaitis disse-me, "Simplesmente não podemos deixar isto sair para as dirt sheets," e eu fiz o meu melhor para garantir que não saía. Nem sequer contei ao William Regal, que foi a parte mais difícil.

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No próximo capítulo: Tanto segredo, tanto cuidado... E como foi manter isso até à hora? E como foi o combate, do ponto de vista deste integrante? Com que pé entrou Daniel Bryan no seu regresso à WWE? É o seu regresso abordado na próxima parte do décimo-quarto capítulo, para não perderem aqui!

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