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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 13 - Parte 2


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


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Pouco antes da estreia a 23 de Fevereiro de 2010, foi-nos dada um pouco mais de informação sobre o programa. Íamos ser chamados de "Rookies", e cada um de nós teria um "Pro", alguém que já estaria na WWE há um tempo e estava designado para nos ensinar sobre as cordas na liga grande. A WWE revelou os pares de Pro e Rookies online, que foi como eu descobri que o meu pro seria o Miz. Mesmo que tudo fosse ficção, os fãs que me seguiam nas independentes estavam indignados. Eu tinha anos de experiência em wrestling e tinha-me tornado relativamente bem conhecido como um wrestler excelente, enquanto o Miz tinha muito menos experiência e batalhava com credibilidade entre a audiência mais hardcore. Originalmente eu queria que o Regal fosse o meu Pro devido ao nosso historial, mas rapidamente me apercebi que ficar junto com o Miz dava-me uma história interna.


Tínhamos uma dinâmica interessante porque o Miz era tudo o que eu não era. Ele era bom no microfone e carregava-se a si próprio como uma estrela. Ambos achámos que o conceito de Miz - este egotista de Hollywood arrogante e prepotente - tentar transformar um mero wrestler independente numa WWE Superstar seria uma óptima história para contar. Eu ainda me tentei fazer parecer mais genérico ainda para encaixar. Cortei a minha barba e o meu cabelo mais longo e evitei usar o meu equipamento bem desenhado, usando em vez disso uns simples calções e equipamento castanhos. E afinal, a WWE decidiu não potencializar qualquer desses detalhes na história, e eu só me fiz parecer desinteressante. Que se assinale como uma lição aprendida.

Inicialmente senti-me com sorte por ter esse divertido contraste com o meu Pro, mas também tinha a felicidade do Miz realmente querer estar ali a participar no NXT porque, quando chegámos, a maioria dos outros Pros não queria. Na altura, os WWE Superstars não trabalhavam tipicamente tanto na Segunda (Raw) como na Terça (Smackdown). Normalmente, estava-se numa ou na outra, não em ambas. Os Pros seleccionados que estavam habituados a ir para casa na Terça-Feira, após o Raw, estavam irritados porque tinham que passar um dia extra na estrada, e os que estavam lá para o programa de Terça à noite já se sentiam agravados porque os impedia de se focarem nos seus próprios segmentos para o Smackdown.

The Miz não se queixou nada. Em vez disso, ele viu-o como uma oportunidade e passou tempo comigo para descobrir formas de fazermos a nossa parceria destacar-se. Ele genuinamente queria que o que fizéssemos fosse bom. Quanto mais eu via o quão duro ele trabalhava, mais eu o respeitava. Também aprendi muito com ele sobre como navegar as águas políticas na WWE. Ele também era um pouco perfeccionista; se ele não estivesse contente com o que estivéssemos a fazer, ele falaria com o máximo de pessoas que pudesse para alterar. Às vezes tinha sucesso, às vezes não. Mas vê-lo a lidar com tudo ajudou imenso a familiarizar-me com o mundo da WWE.

Apesar de ele não ter tanta experiência de wrestling como eu, eu reconhecia tudo pelo que ele tinha passado. Ele era ligeiramente famoso por estar no "The Real World" da MTV, que o ajudou a ser contratado pela WWE, mas afectou a sua reputação tanto entre fãs como entre wrestlers. Quando ele começou, Miz atravessou um período em que era quase exclusivamente relegado a ser anfitrião de vários segmentos como o Diva Search. Nos bastidores, ele foi expulso do balneário porque, supostamente, derramou migalhas acidentalmente sobre o saco de alguém e não limpou. O seu equipamento foi literalmente atirado para o corredor, e não lhe foi permitido mudar-se no balneário durante meses. Apesar de tudo isto, ele nunca cedeu ou desistiu. Mesmo apesar de haver uma porção do balneário que ainda achasse que ele não pertencia, o trabalho duro de Miz e a sua habilidade de se entranhar na pele da plateia estava a fazer as pessoas certas tomar nota e, em 2010, ele estava mesmo em ascensão.

Como mencionei antes, o episódio inaugural do NXT correu muito bem - tão bem, de facto, que eu achava com certeza que era feito para o programa, um favorito natural. Acontece que esse não era nada o caso. No segundo episódio, fizeram-me embrulhar as costelas com bastantes ligaduras, do combate com o Chris Jericho da semana anterior, no qual fiz um suicide dive no Jericho e acertei com as costelas, com força, na mesa de comentários, pisando-me instantaneamente. A WWE.com fez a cobertura, e o momento foi reproduzido durante a minha entrada, para que estivesse fresco na mente dos fãs. Nessa noite na semana dois, lutei com o Rookie do Jericho no programa, Wade Barrett, que me derrotou em três minutos. Houve um momento embaraçoso quando escorreguei a tentar fazer um springboard para dentro do ringue, mas o Wade cobriu-o perfeitamente ao atingir-me com o seu finisher e a obter o pin. Na mesa de comentários, o Jericho também ajudou na situação, porque ele estava nos comentários e afirmou que escorreguei devido às minhas costelas danificadas, depois tomou todo o crédito pela vitória do Wade.

Após o combate, sem aviso, o Chris começou a bater em mim e colocou-me na sua manobra de submissão, o Walls of Jericho, basicamente um Boston Crab modificado. Eu não sabia que isso viria, e não foi pré-planeado; o Chris estava nos comentários, e o Vince direccionou-o pelo headset a fazê-lo. Por maior parte da temporada, nós Rookies não tínhamos qualquer ideia do que ia acontecer em cada programa, mas houve alturas em que os Pros também não sabiam.

Os programas seguintes bateram certo com a história que eu esperava. Miz e eu fazíamos equipa, e ele acabava a sofrer o pin porque ele e eu estávamos a discutir. Na semana seguinte, o Miz não estava lá, então ele marcou-me um combate contra o Great Khali, um gigante Indiano de 2.15m e 158kg, que foi o meu castigo por causar-lhe a derrota. Perdi o combate, mas desde que eu desse boa luta e mostrasse coração, não importava. Tratava-se tudo da história entre Miz e eu.

Também por volta desta altura, apercebi-me que mudar-me para a Florida foi um completo desperdício de tempo. A FCW apenas era capaz de me marcar num punhado de programas devido ao número de pessoas com contratos de desenvolvimento que precisavam da experiência. Os combates que eu lá tive eram maioritariamente combates tag de múltiplas pessoas com os outros sete NXT Rookies, logo eu apenas poderia entrar no ringue por alguns minutos. O último combate que eu fiz para a FCW foi a última gota de água que transbordou. Estávamos a fazer um combate tag quatro contra quatro, e devido a alguma espécie de confusão ou mal entendido, eu nem sequer fui taggado para entrar no combate. Depois disso, falei com o Dr. Tom e decidi que precisava de me mudar de volta para Las Vegas, onde eu ao menos seria capaz de ficar em forma com o meu grappling e kickboxing e manter as minhas patadas bem acentuadas. Em vez de conduzir eu para atravessar o país, paguei ao meu amigo Kristof para levar o meu carro de volta - e, tal como me tinha acontecido na minha viagem para a Florida, o meu carro acabou por avariar nas mãos dele também. Felizmente, o Kristof conseguiu arranjá-lo e levá-lo a Vegas mesmo a tempo de me mudar para o meu novo apartamento - timing perfeito na verdade, porque o NXT estava a ser gravado na minha cidade na Terça seguinte.

Uma semana após a minha derrota para o Khali, coisas viraram de mal para pior. Estávamos em San Jose, na California, para a segunda semana seguinte sem o Miz no programa, e eles tinham-me a fazer equipa com o Michael Tarver contra o Darren Young e o David Otunga. Fiquei a saber do combate através do produtor Mike Rotunda, que me disse que eu estava agendado para perder de modo "a manter a gimmick da streak de derrotas." Fiquei um bocado desanimado e de pé atrás. Tinha perdido todos os combates no NXT até então, mas havia razões para cada derrota que avançava a história com o Miz e eu. Sem ele lá, eles apenas decidiram tornar a história numa streak de derrotas. A WWE já tinha tentado isto várias vezes com outros wrestlers anteriormente, e nunca funcionou propriamente; eles normalmente esqueciam-se disso, e os fãs apenas começariam a ver o gajo como um falhado. Comecei a ficar um pouco preocupado.

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No próximo capítulo: Bom... Isto do NXT não parece estar a correr assim tão bem. Então que tal avançarmos para... Ficar pior ainda? E os verdadeiros sentimentos de Bryan em relação ao que lhe mandavam fazer? E o "espectáculo" da sua eliminação? É... As coisas devem aquecer na próxima semana, portanto estejam cá!

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