MMA: UFC Fight Night Bader vs. St. Preux - Antevisão + Pesagens
Pela primeira vez em sua história, o UFC leva o octógono para o estado do Maine, localizado na extremidade nordeste dos Estados Unidos e terra onde Dana White foi criado. O Cross Insurance Center, em Bangor, receberá o UFC Fight Night 47, evento com card que atrai algumas curiosidades.
Uma delas está na luta principal. Será Ryan Bader capaz de reconquistar a confiança dos fãs e voltar a se postar como um dos candidatos na divisão dos meios-pesados? Ele terá que provar contra Ovince St. Preux, invicto no octógono.....
Em situação ainda mais delicada que a de Bader está Gray Maynard. Com três derrotas nas últimas quatro lutas, o “Bully” teve uma mudança brusca de oponente. Ao invés de encarar o faixa preta Fabricio Morango, o ex-desafiante dos leves vai enfrentar o boxeador Ross Pearson. Igualmente com 1-3, Tim Boestch também luta por redenção contra Brad Tavares.
Dois brasileiros estarão em ação no Maine. Thiago Tavares estreia como peso pena contra Robbie Peralta, enquanto o mosca Jussier Formiga tenta conter o avanço de Zach Makovsky na última preliminar da noite (confira a prévia aqui). Completando o card principal, Seth Baczynski pega Alan Jouban e Shawn Jordan faz duelo de pesos pesados contra Jack May.
O card completo do UFC Fight Night Bader vs. St. Preux é o seguinte:
O card completo do UFC Fight Night Bader vs. St. Preux é o seguinte:
CARD PRINCIPAL
Peso-meio-pesado: Ryan Bader x Ovince St. Preux
Peso-leve: Gray Maynard x Ross Pearson
Peso-médio: Tim Boetsch x Brad Tavares
Peso-meio-médio: Seth Baczynski x Alan Jouban
Peso-pesado: Shawn Jordan x Jack May
Peso-pena: Thiago Tavares x Robbie Peralta
CARD PRELIMINAR
Peso-mosca: Jussier Formiga x Zach Makovsky
Peso-galo: Sara McMann x Lauren Murphy
Peso-médio: Tom Watson x Sam Alvey
Peso-mosca: Nolan Ticman x Frankie Saenz
O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 21:00 horas do Brasil e 01:00 horas de Portugal
------------------------------------------- Antevisão------------------------------------------
Peso meio-pesado: Ryan Bader (EUA) vs Ovince St. Preux (HAI/EUA)
A derrota para Jon Jones, em 2011, acabou funcionando como um divisor de águas na carreira de Bader (17-4 no MMA, 10-4 no UFC). Antes, ele era considerado um dos sérios candidatos a desafiante, invicto em 12 lutas e com o título do TUF 8. Após perder para o agora campeão, Bader ostenta retrospecto de 5-4, não conseguiu mais vencer três vezes consecutivas e tomou dois nocautes brutais e concedeu a primeira vitória a Tito Ortiz depois de cinco anos. Pelo menos a direção atual é positiva, com duas vitórias dominantes sobre Rafael Feijão e Anthony Perosh.
Além do choque psicológico que a finalização para Jones lhe causou, uma mudança de plano de jogo que se mostrou inconveniente afastou Bader das vitórias. Ele é um meio-pesado dos mais fortes fisicamente, dono de um sério poder de nocaute no punho direito, mas não é um boxeador fluido e deixa espaços defensivos gigantescos. Quando saiu como um louco para trocar com gente do naipe de Lyoto Machida e Glover Teixeira, “Darth Bader” só acordou com a lanterninha do médico no olho. A recuperação veio quando ele voltou as atenções ao ponto forte: o wrestling, modalidade em que conseguiu duas vezes o status de All-American na Divisão I da NCAA, de quedas tão técnicas quanto explosivas, além do forte ground and pound. Foi assim contra Feijão e Perosh, tinha sido assim contra Rampage.
A trajetória de St. Preux (16-5 no MMA, 4-0 no UFC) tem semelhanças e sutis diferenças em relação à sequência de Bader. O americano filho de haitianos chegou a ser apontado como esperança de futuro para o Strikeforce, fazendo 5-0 no cage hexagonal, mas viu Gegard Mousasi e a extinção da organização acabarem com seus planos de cinturão. Porém, ser derrotado por um oponente de elite não desviou OSP do curso. Na migração para o UFC, St. Preux venceu as quatro lutas que disputou, mostrando versatilidade com nocautão e finalizações meio na marra, meio com imaginação. Vá lá que a concorrência enfrentada por Ovince foi de qualidade inferior aos oponentes de Bader, mas vale frisar a diferença de postura.
Ainda maior que Bader, forte como um touro, OSP costuma resolver seus problemas no octógono à base de grosseria, especialmente quando está no chão, seja com um violento ground and pound ou finalizações de uma arte não tão suave. Ele é um atleta privilegiado, com lastro de treino acumulado no wrestling, futebol americano e atletismo, em provas de velocidade e lançamento de disco, na University of Tennessee. Nos últimos anos, passou a se dedicar ao kickboxing, onde faz bom uso de sua enorme envergadura. Brincadeiras à parte, é um lutador de técnica decente.
Este combate é importante para ambos. OSP pode entrar de vez no top 10 da categoria, relegando Bader ao posto de porteiro de divisão. Em caso de vitória do vencedor do TUF, St. Preux terá batido mais uma vez na trave no momento decisivo. No confronto de estilos, Ryan é superior nas quedas e no controle posicional no solo, enquanto Ovince provavelmente dominará a troca de golpes com seu arsenal mais versátil e vantagem na envergadura. A soma do poder dos golpes de OSP com o queixo duvidoso do adversário apontam um caminho, mas o mais provável é que Bader jogue na segurança, explore o wrestling defensivo de St. Preux e o prenda no chão com socos e cotoveladas até a vitória por decisão.
Peso leve: Gray Maynard (EUA) vs Ross Pearson (ING)
Num evento repleto de pessoas tentando recuperar suas honras, o caso de Maynard (11-3-1 no MMA, 9-3-1 no UFC) é o mais emblemático. Ele era considerado um dos mais duros pesos leves do mundo, mas que só fazia derrubar e amassar no chão. O empate e a derrota para Frank Edgar, em lutas pelo cinturão, mostrou um Maynard capaz de trocar e de punhos muito pesados. Então o sujeito achou por bem mudar seu modo de lutar aos 34 anos. Resultado: levou três nocautes em quatro lutas, todos daqueles de deixar o público de queixo caído, e passou a questionar se valia a pena seguir lutando.
Um fato deve indicar o que esperar de Maynard neste sábado. Depois de trocar a Xtreme Couture pela American Kickboxing Academy, a fim de tornar seu jogo mais versátil, Gray agora faz parte da equipe Power MMA, dos conceituados wrestlers Ryan Bader, CB Dollaway e Aaron Simpson, todos All-Americans na Divisão I da NCAA na fortíssima Arizona State University. Além de ficar mais perto de casa, a mudança provavelmente fará com que Maynard pelo menos tente atuar como na fase das oito vitórias consecutivas, o que será útil contra um trocador do calibre de seu adversário.
Apesar de ser baixo para a categoria, definitivamente o lugar de Pearson (15-7 no MMA, 7-4 no UFC) é nos leves. Após uma passagem frustrada pelos penas, o vencedor do TUF 9 retornou com dois brutais nocautes diante de Ryan Couture e George Sotiropoulos, recebeu uma joelhada ilegal de Melvin Guillard, rendendo um no contest, e incrementou as estatísticas de favorecimento de julgamentos a favor de Diego Sanchez, quando venceu o americano em junho com clareza, mas viu o primeiro vencedor do TUF sair com a terceira vitória injusta seguida.
Sem ter que se preocupar com corte de peso severo, Pearson é um trocador perigoso, com um boxe muito bem alinhado, defesa de quedas sólida e jogo de pernas fluido. Desde que passou a treinar com Eric Del Fierro na Alliance MMA, Pearson adicionou o wresling ofensivo (que não terá muita utilidade no sábado) e, mais importante, adaptou seu modo de socar, adicionando mais potência ao volume que já era elevado.
O queixo de Maynard se tornou um alerta vermelho em suas últimas lutas. Isto tende a ser perigoso contra o novo estilo de boxear de Pearson, especialmente se o inglês conseguir atuar no infighting. Maynard hoje em dia é capaz de trocar bem, com perigosos contragolpes, mas não deve abusar muito da sorte, tratando logo de fazer a transição para as tentativas de queda. O ex-desafiante ainda conta com um problemade ordem tática: até doze dias atrás, ele estava se preparando para enfrentar um grappler de trocação limitada e teve que adaptar os últimos momentos do camp para um trocador gabaritado.
Caso o wrestling defensivo de Pearson funcione bem – e a aposta é exatamente esta –, o combate passará mais tempo no boxe e o britânico deverá triunfar também por decisão.
Peso médio: Tim Boetsch (EUA) vs Brad Tavares (EUA)
Como o UFC Fight Night 47 parece ser o evento das tentativas de recuperação, temos aí Boetsch (17-7 no MMA, 8-6 no UFC) aumentando a lista. O Bárbaro assombrou meio mundo ao fazer 4-0 quando baixou para peso médio. Muitos passaram a incuí-lo na lista dos candidatos a desafiante de Anderson Silva. Foi quando a qualidade dos oponentes subiu e Tim caiu diante de Costantinos Philippou, Mark Muñoz e Luke Rockhold. No meio das derrotas, uma vitória pra lá de injusta contra CB Dollaway serviu quase como um último suspiro. Porém, é bem provável que o emprego de Boetsch não resista a mais uma mancha vermelha no cartel.
A mudança de categoria deixou Boetsch num nível mais condizente com seu tipo físico. Como médio, suas quedas plásticas passaram a aparecer mais até ele enfrentar wrestlers bem mais gabaritados como Muñoz e Dollaway. Por outro lado, Tim consegue mais êxito trazendo os adversários para um doloroso dirty boxing misturado com joelhadas no clinch, posição onde suas pedradas causam danos enormes. Esta será uma boa estratégia para sábado, visto que a troca de golpes contra Tavares lhe será madrasta, em que pese a graduação no jeet kune do de Bruce Lee.
Brad-Tavares-RightA carreira de Tavares (12-2 no MMA, 7-2 no UFC) no octógono mais famoso do mundo é altamente positiva, mas até ele estará em posição de revisão neste sábado. Desde que saiu do TUF 11, o havaiano surpreendeu ao vencer sete de oito lutas, cinco delas de modo consecutivo, tornando-se mais um nome das castas inferiores a ameaçar invadir o palácio da elite da divisão. Porém, Brad teve o azar de estar no caminho de Yoel Romero quando o cubano resolveu parar de se divertir no octógono e mostrar ao mundo que o título mundial e a prata olímpica no wrestling não foram obra do acaso.
A boa fase de Tavares aconteceu às custas de um jogo monótono, mas muito eficiente. Ele atua na longa distância combinando socos com chutes, a maioria nas pernas, e variando para as quedas de vez em quando, especialmente depois que passou a integrar a Xtreme Couture há pouco mais de dois anos. Como lhe falta poder de decisão, suas lutas acabam se arrastando até o final.
O wrestling defensivo de Tavares não foi suficiente para parar um campeão mundial como Romero, mas provavelmente dará conta de Boetsch, especialmente pelo fato de o havaiano ser mais rápido e mais ágil, diminuindo assim as chances de ser capturado pelo clinch do Bárbaro, que lutará em seu estado natal. Voltando ao seu jogo tradicional, Brad deverá manter Boetsch na extremidade de seus jabs e chutes baixos, abocanhando mais uma vitória por decisão.
Peso pena: Thiago Tavares (BRA) vs Robbie Peralta (EUA)
Veterano de sete anos no octógono, Tavares (18-5-1 no MMA, 8-5-1 no UFC) é um dos mais antigos brasileiros em atividade no UFC. Nunca venceu três vezes seguidas no octógono (já teve invencibilidade de duas vitórias e um empate), tampouco perdeu três em série. A finalização sobre Justin Salas na última luta serviu para limpar a barra do catarinense, que havia sido brutalmente nocauteado por Khabib Nurmagomedov em São Paulo e ainda caiu no antidoping dias depois. Neste sábado, Thiaguinho estreia como peso pena.
A luta agarrada é a principal força deste faixa preta de jiu-jítsu. Tavares aplica boas quedas, dá muito giro no chão e mostra senso apurado para transformar as oportunidades em tentativas de finalizações. O ground and pound não era dos mais potentes nos tempos de peso leve, mas serviam para manter os oponentes ocupados. Nos últimos tempos, Thiago mostrava evolução no boxe, mas seu nível não deverá mais ser o mesmo depois que ele rompeu com Kelson Pinto, o melhor técnico de boxe do cenário nacional do MMA.
Com uma luta profissional a menos que Tavares, mas bem menor experiência de UFC, Peralta (18-4 no MMA, 4-1 no UFC) mostrou inconstância e poder de nocaute no octógono mais famoso do planeta. Ele largou um balaço para nocautear Jason Young em poucos segundos e exterminou Esteban Payan no terceiro round. O problema é que ele lutou muito mal até conquistar esta vitória. Após Payan, Peralta veio a São Paulo e acabou do lado vencedor de uma decisão controversa em luta muito movimentada.
O californiano tem preferência por trocar golpes de modo selvagem, especialmente considerando que Tavares não tem a mesma fluência no kickboxing – Peralta aplica bons chutes nas pernas e corpo, mas encontra seu melhor nas combinações de socos. Ele ainda tem poder de nocaute acima da média para a categoria, mas se movimenta de modo pesado.
Será muito perigoso para o brasileiro, que já teve seu queixo reprovado algumas vezes, trocar com Peralta. A chance de Tavares consiste em repetir o terceiro round da vitória de Akira Corassani sobre seu adversário. Na ocasião, o sueco minou o americano com clinches e quedas. Como a expectativa é que Thiago fique um peso pena muito forte fisicamente, ele poderá tirar bom proveito da luta agarrada, especialmente na parte de força isométrica na grade, se lutar com inteligência e fizer a aproximação com cuidado. Por outro lado, se o corte de peso for muito severo, as chances de Tavares voltar a ser nocauteado crescem exponencialmente.
-------------------------------------------Pesagens -----------------------------------------
Está tudo pronto para o UFC Fight Night 47, que acontece na noite do próximo sábado (16) em Maine, Estados Unidos. Os lutadores que estão no evento passaram pela balança sem problemas nesta sexta-feira (15) e confirmaram presença no show.
Escalados para o main event, os meio-pesados Ryan Bader e Ovince St. Preux atingiram os 93 kg exigidos pela categoria e protagonizaram uma encarada respeitosa. O tom amistoso, porém, vai ficar para trás quando dois dos melhores atletas da divisão pisarem no octógono.
Os brasileiros Thiago Tavares e Jussier Formiga são os representantes do Brasil no evento. O primeiro, que vai medir forças com Robbie Peralta, cravou 66,2 kg e encarou o adversário no olho na hora do mano mano, mas sem clima de tensão; Formiga, por sua vez, vai enfrentar Zach Makovsky. O atleta da Nova União bateu 57,1 kg e, na quinta posição da categoria dos moscas, está pronto para o combate que pode lhe render um title shot.