Dias is That Damn Good #196 – "Quem Foi Enterrado por Triple H?!"
Boas Pessoal!
Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn
Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)
O clima e ambiente que gira em redor do Pro Wrestling é,
geralmente, contaminado por diversas ideias, boatos e tentativas de
reescrever a verdade e a história. Para tal, contribuem em grande
medida os dirt sheets e os seus administradores/redactores...pessoas
como Dave Meltzer que, por uma razão ou por outra, quando tomam
alguém de ponta não se inibem ou coíbem de a tentar arrasar de
todas as formas possíveis e imaginárias. Consequentemente, e por se
tratarem de plataformas de grande visibilidade e com elevado número
de seguidores/leitores, uma mensagem cuja veracidade e justeza podem
estar completamente comprometidas desde o início são tidas por
verdades absolutas e grande parte dos fãs difunde-as e faz a sua reprodução sem questionar ou reflectir acerca do seu conteúdo.
Um desses casos, talvez até aquele que mais vezes os
fãs replicam e repetem, está relacionado com a ideia que se criou
de que Paul Levesque (Triple H) costuma "enterrar", em
benefício próprio, os wrestlers e talentos com potencial para o
ultrapassar. Como tal, e no seguimento do que referi anteriormente,
aquilo que me proponho abordar ao longo do presente texto prende-se
com a carreira de Triple H. Com a sua ascensão ao topo e os
wrestlers que o ajudaram nessa caminhada. Com a forma como por lá
consolidou e solidificou a sua posição e permitiu/facilitou ou
condicionou/limitou o aparecimento de novas estrelas. Tudo no sentido
de conseguir encontrar uma resposta à questão "Quem foi
enterrado por Triple H?!
Não percam, por isso, as próximas linhas...
Paul Levesque iniciou-se desde muito cedo no mundo do
pro wrestling, tendo entrado para a escola/academia do lendário
Killer Kowalski com apenas 23 anos. Dois anos mais tarde, depois de
ter aprendido as noções mais básicas e fundamentais sobre a
modalidade, ingressaria na WCW. Importa, contudo, recordar que
Levesque era desde os seus 14 anos praticante de bodybuilding tendo
vencido diversos prémios na área, situação essa que lhe conferia
uma imagem e corpo/ferramenta de grande potencial e altamente
habilitada para a prática de pro wrestling. Se a estes factos
juntarmos a extraordinária capacidade atlética que demonstrava para
alguém com a sua altura e tamanho, e a assimilação do que de
melhor o velho Killer tinha para ensinar aos seus alunos (psicologia
de ringue, credibilidade dos movimentos e a enorme capacidade para
ler e se adaptar ao estilo dos adversários) compreendemos que
estávamos perante um jovem com um futuro bastante promissor à sua
frente. Já na WCW faria o seu debut como Terra Rysing e ficaria
conhecido, sobretudo, pela rivalidade com Alex Wright, por ter feito
equipa com Steven Reagal (William Regal) e pelo seu finisher move
inovador de grande impacto, o pedigree. Seria, posteriormente,
contactado por Vince McMahon que lhe prometera um "spot" de
maior importância na WWE, companhia para onde se mudaria em 1995. Já
na WWE, reforçaria o personagem/gimmick que vinha desenvolvendo na
WCW e rapidamente ascenderia ao upper card da promotora. Por outro
lado, depois de travar conhecimentos com Shawn Michaels, Kevin Nash,
Scott Hall e Sean Waltman, tornar-se-ia no melhor amigo deste pequeno
grupo de elite (com preponderante influência no backstage) que, para
todos os efeitos, ficaria conhecido por "The Kliq". E foi
precisamente este relacionamento que esteve na origem do pior período
que Levesque alguma vez atravessou ao longo da sua carreira, pois
como todos devem estar recordados, quando na última participação
de Kevin Nash e Scott Hall num evento da WWE, o grupo reuniu-se no
ringue para se despedir, violando o kayfabe (até então
levado muito a sério) e provocando aquele que para a história
ficaria conhecido por "Curtain Call – The Madison Square
Garden Incident". Com Kevin Nash e Scott Hall a abandonarem a
companhia para ingressarem na WCW e com o estatuto detido por Shawn
Michaels, o heat e punições recaíram todas sobre o elo mais fraco,
Paul Lavesque (que serviria de jobber durante um ano e perderia o
push que lhe estava prometido com a vitória do King of The Ring de
1996, que acabaria por ser vencido por Steve Austin).
Já em 1997, depois de ter completado o seu castigo e
aguentado humilhações após humilhações, voltaria a cair nas boas
graças da WWE e, juntamente com o seu melhor amigo, Shawn Michaels,
formariam uma stable que viria a revolucionar a modalidade e a dar um
contributo decisivo para o lançamento e triunfo da Attitude Era, os
D-Generation-X. Ao lado de HBK, Triple H (como passaria a ser
conhecido a partir de então) recuperou a sua credibilidade e, aos
poucos, foi ganhando espaço e tempo de antena para mostrar todas as
suas qualidades in-ring, mas também e sobretudo, ao nível da
interpretação e das suas mic skills. Assim, quando Shawn foi
forçado a retirar-se (devido a uma grave lesão nas costas), Triple
H assumiu, naturalmente, a liderança dos DX e reformou o grupo,
acrescentando-lhe outro dos seus melhores amigos X-Pac (Sean Waltman)
e os New Age Outlaws (Road Dogg e Billy Gunn). Durante este período
rivalizou, acima de tudo, com The Rock (líder dos Nation of
Domination), Goldust, Owen Hart e Kane, tendo consumado a sua consolidação e
credibilização enquanto grande nome a chegar ao main event da
companhia. Posteriormente, seguir-se-ia uma feud com Mankind (Mick
Foley) que seria decisiva para a sua consolidação enquanto main
eventer e que lhe permitiria conquistar, pela primeira vez, o título
principal da WWE. Seguidamente enfrentou Steve Austin e, mais tarde,
novamente, The Rock, até que se iniciou uma rivalidade com Vince
McMahon que culminaria com a sua sabotagem ao casamento de Stephanie
McMahon com quem, na storyline, se havia casado. Dava-se, então,
início aquela que ficou conhecida por McMahon-Helmsley Era cuja
realidade haveria de copiar a ficção e juntar Paul Levesque à
filha de Vince. E foi a partir deste ponto que tudo na carreira de
Triple H passou a ser colocado em causa pelos dirt sheets e pelos
lutadores que, pelas mais diversas razões, não conseguiam atingir o
sucesso a que julgavam estar destinados. Seja como for, Paul Levesque
deixou de ser visto por uma boa parte dos fãs e seguidores da
modalidade como um tipo que trabalhava mais que qualquer outro e que
merecia estar no topo ao lado de Steve Austin e The Rock, para ser
alguém que tudo quanto conseguia era resultado da sua relação com
a família McMahon. Triple H, para os dirt sheets e aqueles que por
eles se deixam influenciar, deixou de ser o melhor top heel da
companhia e um dos melhores de sempre (como até então afirmavam),
para se tornar no wrestler mais "overrated" de todos os
tempos.
Em seguida, também, todos aqueles que eram vencidos por
Triple H no decorrer das rivalidades de que este tomava parte,
passaram a ser vistos como os tipos enterrados por Paul Levesque. De
repente, todo e qualquer wrestler que enfrentava HHH era um poço de
virtudes (mesmo que antes pensassem o contrário), e ao serem
derrotados eram completamente "underrated", eram totalmente
"enterrados". Enfim, uma ideia sem qualquer lógica, sem
razão de ser e sem qualquer justificação. De qualquer modo, Paul
Levesque foi prosseguindo a sua carreira e as suas performence e
qualidades foram-se encarregando de desmentir os detratores.
Rivalizaria mais vezes com Steve Austin, The Rock e Mankind, depois
com Kurt Angle e Stephanie McMahon com a qual, na storyline, se
divorciaria após regressar de uma longa lesão. Seguir-se-iam
confrontos com Chris Jericho e, sobretudo, com o regressado Shawn
Michaels (naquela que foi, a meu ver, a melhor rivalidade na história
da modalidade). Depois enfrentaria Kevin Nash, Rob Van Damn e,
novamente, Kane. Até que, já em 2003, em conjunto com Ric Flair,
formaria os Evolution, uma espécie de Four Horsemen do século XXI,
tendo chamado para perto de si o jovem Randy Orton e o novato
Batista. Nos Evolution Triple H tornou-se no maior nome da WWE, a sua
principal cara e o wrestler mais influente e preponderante de toda a
indústria. Derrotou tudo e todos, desde Booker T, a Scott Steiner,
Goldberg, novamente Shawn Michaels, Chris Benoit, inclusive Randy
Orton (que abandonaria o grupo) e culminando em Batista (que, por sua
vez, também abandonaria a stable). Depois de um período de
ausência, regressaria e combateria o seu manager Ric Flair,
seguindo-se uma rivalidade com a nova estrela em ascensão, John
Cena. Posteriormente, juntar-se-ia a Shawn Michaels para reformar os
DX e enfrentar os McMahons. Iniciariam depois uma rivalidade com os
Rated RKO (Edge e Randy Orton) no decorrer da qual se viria a
lesionar, vendo-se obrigado a mais uma longa ausência. Quando
regressou venceu Booker T e iniciou uma longa rivalidade com Vince
McMahon. Seguidamente conquistaria o título e enfrentaria lutadores
como Umaga, Jeff Hardy, Vladimir Koslov, Edge, Randy Orton, John Cena
e novamente Randy Orton. Nesta última rivalidade, Stephanie McMahon
reaparecia na história e o casal assumia na storyline aquilo que aos
olhos de todos já era sabido. Depois, envolveu-se novamente com
Shawn Michaels em mais uma reformação dos DX até à reforma de
HBK, após a qual Triple H passou a assumir, também, na storyline o
cargo de COO da WWE e, a partir de então, a combater apenas num
regime part-time. Em todo o caso, enquanto COO teria duas grandes
feus com Undertaker, uma como CM Punk, outra com Kevin Nash e, ainda,
uma outra com Brock Lesner. Posteriormente, faria um heel turn (ao
cabo de 7 longos anos enquanto babyface) e com Stephanie fundariam a
stable "The Authority". Seguir-se-ia um confronto com Big
Show, uma enorme rivalidade com Daniel Bryan e, mais recentemente,
reformaria por pouco tempo os Evolution afim de combater os The
Shield. Actualmente, desenvolve uma feud com Roman Reigns e John
Cena. Paralelamente, foi acumulando cada vez mais cargos
administrativos e influência na promotora, sendo o principal
responsável pela criação e construção do enorme e extremamente
elogiado "WWE Performence Center".
Triple H é um génio da indústria e durante toda a sua
carreira foi um exímio estudande da modalidade...fez de tudo,
derrotou todos, participou dos momentos chave e de transformação do
pro wrestling da era moderna, foi uma peça fundamental no triunfo da
WWE sobre a WCW e, quando os grandes nomes foram abandonando, ele
ficou e está, agora, ao leme da maior promotora de todo o business.
Muitos poderão perguntar, enterrou alguém Triple H em benefício
próprio?! Parece-me óbvio que não, nem Vince McMahon, se não
fosse o melhor para a WWE tinha apostado nele. É preciso compreender
que qualquer wrestler tem de vencer um outro wrestler para se manter
no topo,mas não foi isso que aconteceu com Steve Austin, com The
Rock, com Shawn Michaels, com Undertaker e, agora, com John Cena?!
Isso significa que os estão a "enterrar" ou que, na
verdade, os outros, feliz ou infelizmente, não têm a mesma
capacidade para se aguentar no topo?! Pode-se colocar também a
questão da influência que teve o seu casamento com Stephanie
McMahon, e realmente deve ter tido alguma, especialmente porque passa
a ser visto pela administração como alguém em quem se pode
confiar, alguém que vai ficar a tomar conta do negócio e que, por
isso, nada fará contra o mesmo. Depois, pergunto, quem realmente foi
enterrado por Triple H?! Kane que se recusou por diversas ocasiões a
ser WWE Champion?! Rob Van Damn que apesar das suas qualidades nunca
teve o que era necessário para ser um top guy?! Randy Orton a quem
tanto elevou, ajudou e impediu que fosse demitido?! Scott Steiner e
Goldberg, wrestlers já consagrados e que quando chegaram à WWE
apresentavam alguma veterania e, por essa razão, teriam um "prazo
de validade" muito menor?! Pergunto, por exemplo, qual o lutador
de topo que "enterrou" menos tipos que Triple H?! Foi Steve
Austin?! Terá sido The Rock?! Ou Shawn Michaels?! Ou Undertaker?! Ou
ainda John Cena?! Nenhum deles. Posso perguntar, por outro lado, quem
elevou e/ou pushou mais jovens wrestlers que Triple H?! E, mais uma
vez, a resposta é ninguém. Os exemplos dos seus pushes são muitos,
desde Randy Orton, passando por Shelton Benjamin (o único que não
conseguiu agarrar o push), por Batista (completamente construído
pelo heat de Triple H), John Cena e mais recentemente Daniel Bryan e os prórprios The Shield.
Enfim, que não concordemos com o rumo que a WWE dá aos seus
talentos e personagens é uma coisa, dizer que o Triple H é o pior
entre os piores, que enterra em beneficio próprio, que é overrated
e que não eleva ou elevou ninguém, apenas porque se leu isso num
dirt sheet manhoso, parece-me completamente errado, injusto e falso.
E
vocês, também são da opinião que Triple H enterra telantos em
benefício próprio?! Quem foi enterrado por Triple H?! Quem foi
elevado por Triple H?! Quem enterrou menos wrestlers que Triple H?!
Quem elevou mais lutadores que Triple H?!
Um Abraço,
Dias Ferreira
PS:
Não se esqueçam de indicar outros temas e assuntos que gostariam de
ver ser tratados no "Dias is That Damn Good".