Dias is That Damn Good #185 – "Bocas Ordinárias (A Administração Dixie Carter)"
Boas Pessoal!
Sejam bem
vindos a mais um "Dias is That Damn Good", um dos espaços
com mais história na nossa CWO ;)
Há uns anos,
quando escrevia com regularidade na nossa comunidade de wrestling
online, recorri a uma ideia e formato de texto (a que dei o nome de
"Bocas Rápidas") em que abordava de um modo bastante
resumido as mais diversas situações e acontecimentos de relevo a
respeito da modalidade, mas também as promotoras, os seus wrestlers
e as suas opções estratégicas e de negócio. Agora, aquilo que me
preparo para vos apresentar, é uma pequena variação dessa mesma
ideia e formato, mas com um enfoque muito superior na crítica severa
e intransigente aos assuntos e notícias que me têm tirado do
sério...daí que tenha optado pelo nome "Bocas Ordinárias".
Ora, como é a
TNA e, mais concretamente, a administração de Dixie Carter que têm
estado na ordem do dia, com os mais variados anúncios e "surpresas",
será, compreensivelmente, sobre eles que, ao longo do presente
espaço, me irei debruçar.
Não percam,
portanto, as próximas linhas...
As
Gravações do TNA Thurday Night iMPACT Wrestling
Se há coisa que prejudica e corrói a TNA, por dentro, é a forma
como a promotora realiza e produz o seu programa semanal. Já sabemos
que tentaram levá-lo para a "estrada" e financeiramente
não foi comportável, mas isso até se compreende e desculpa, agora,
passar a fazer gravações de quase todos os shows?! Por favor. Não
é viável?! Claro que é, basta que para isso comecem a cobrar, pelo
menos, uns 5 dólares de bilhete por cada iMPACT (para quem não
sabe, assistir ao iMPACT é gratuíto). Transmitir o iMPACT em
directo acarreta mais custos e investimento mas, por outro lado, trás
mais e maiores ratings, torna as assistências e as plateias bastante
mais vivas e interessadas (e, por isso, de maior qualidade) e, por
último, dá ao programa e aos próprios wrestlers a possibilidade de
proporcionar um show de qualidade muito superior (algo que as quatro
horas de gravações e os segmentos soltos nunca permitirão).
Continuar com as gravações do iMPACT Wrestling, mais que impedir o
desenvolvimento e crescimento da promotora, é o caminho para ir
morrendo aos bocados...e é bom que a Dixie Carter e quem a aconselha
coloquem isso na cabeça o quanto antes.
Os Eventos
Especiais e PPVs Gravados
Uma das coisas que mais comixão me tem feito na TNA, foi a opção
da Administração de Dixie Carter em passar a fazer gravações dos
eventos especiais e de alguns PPVs. Se pensarmos que, no pro
wrestling, os diversos eventos valem mais consoante a sua actualidade
e o facto de serem transmitidos em directo, compreendemos que,
qualquer promotora, deve fazer um esforço por enquadrá-los na
programação das suas storylines e, também, por transmiti-los em
directo. Ora, para nosso espanto, Dixie Carter e os seus comparsas,
não pensam assim...eles acham que faz sentido gravar eventos
especiais onde os combates não têm qualquer ligação às main
storylines da companhia e onde muitos dos wrestlers que neles
competem nem sequer estão contratualmente ligados à empresa. Mais
que isso, Dixie e os seus colegas, acreditam que é rentável gravar
PPVs ao invés de os transmitir em directo, esquecendo-se que perdem,
dessa forma, uma quantidade substâncial de compradores e, por
consequência, dos buy rates. Os PPV's existem para expor o climax
das rivalidades e storylines que decorrem nos shows semanais e os
eventos especiais, quanto muito, devem acontecer como episódios
especiais do show semanal...não compreender isso, não perceber que
se está a perder dinheiro e teimar no mesmo erro, já não é apenas
incompetência, é também burrice.
O Regresso
do Ringue Hexagonal
Outra situação com a qual sempre embirrei e que me tira do sério
ainda mais, agora, é a utilização do 6-Sided Ring. O Pro Wrestling
nasceu nos EUA e trata, acima de tudo, de lutadores que contam a
história de um combate encenado, com os seus corpos e os
"instrumentos" que os rodeiam, dentro de um ringue (sendo
que o ringue é também ele uma "ferramenta" fundamental
dessa mesma história e encenação). Deste modo, alguma razão deve
haver para que, desde a sua criação, todas as promotoras e
companhias tenham optado pelo ringue quadrangular, alguma razão deve haver para que os wrestlers prefiram o ringue tradicional e critiquem o 6-sided ring. É clássico ringue quadrangular o
que melhor se adapta às necessidades que os wrestlers têm nos
combates de que participam, é o ringue clássico, quadrangular, que
permite retirar o máximo proveito da psicologia de ringue, dos
corners e dos turnbuckles...o ringue hexagonal existe apenas no
México, mas o estilo lá praticado é completamente diferente, na
Lucha-Libre é a spotfest que importa e pouco mais, será que é isso
que a TNA quer para o seu produto?! Quererá a TNA perder de vez os
verdadeiros combates de wrestling e os grandes ring workers em
detrimento de spot monkeys saltitantes?! Enfim. Depois há ainda o
caso da produção e filmagem, que perderá, considerávelmente,
qualidade uma vez que o ringue hexagonal é maior e impede a captura
de todos os ângulos e imagens que uma produção de wrestling de
topo requer e exige. São, portanto, na minha opinião, entraves
suficientemente importantes para invalidar uma ideia cujos seus
defensores apenas validam pelo factor estético da diferença. Por
outro lado, a forma como toda a situação foi tratada, deixando-a ao
critério dos fãs (e no que respeita à TNA, ao pequeno núcleo duro
de seguidores e simpatizantes) diz muito sobre a forma como a
administração de Dixie Carter trata dos seus assuntos...com total
negligência e falta de competência.
O TNA Bound
For Glory 2014 no Japão
Esta estupidez e erro, então, são de bradar aos céus. Então a
Dixie decide fazer o maior dos PPVs da companhia no Japão, onde as
plateias têm uma resposta completamente diferente das ocidentais,
com o fuso horário bastante diferente do norte-americano, numa arena
com lotação para apenas duas mil pessoas (metade das que estiveram
no Slammiversary) e, ainda por cima, no mesmo dia e na mesma cidade
que a maior promotora japonesa realiza um dos seus ppvs?! É que isto
já não é apenas estupidez, burrice e incompetência, isto é
revelador de uma glossal falta de inteligência. A Dixie,
definitivamente, não é só de wrestling que nada percebe, também
de nos negócios é uma completa leiga. A realizar o Bound For Glory
fora dos EUA, só havia um país a poder recebê-lo, o país onde a
TNA tem mais fãs e seguidores, o país onde a TNA sempre conseguiu
as suas melhores assistências e tem dos melhores números e buy
rates...a Inglaterra. Há coisas tão óbvias e tão básicas que me
deixam perplexo como não se entendem.
A Falta de
Estratégia na TNA
A falta de estratégia por parte de quem dirige a TNA é outro
fenómeno gritante. A companhia passa a vida a mudar de rumo, a
traçar novos planos apenas para os largar alguns meses mais
tarde...e assim, não há empresa, nem negócio e/ou produto que se
safe. Não se pode, nem é admissível, que continuem a mudar os
planos do dia para a noite...a TNA tem, de forma rápida e urgente,
de traçar uma estratégia e um plano e apostar nele de forma séria
e consequente. As coisas necessitam de tempo para dar frutos e
resultados e é necessário pensar a médio-longo prazo...quem espera
resultados imediatos, a curto-prazo, e continua a mudar o foco
constantemente, não vai conseguir, de certeza, nada de bom, nada de
produtivo, acima de tudo, nada de rentável.
Conclusões
Estes são, de facto, os cinco aspectos que mais me escandalizam e
tiram do sério quando falamos da TNA. E eles são, também, a prova
viva de que quem está a gerir a companhia não tem a menor
capacidade, competência e conhecimento para o fazer. O problema só
se resolve de duas formas...ou a Dixie Carter reconhece que realmente
não percebe nada de wrestling e do mundo dos negócios afecto a esta
indústria e se rodeia de gente sabedora que a possa ajudar...ou terá
de aparecer alguém realmente interessado na companhia e na
modalidade que queira investir, adquirir a TNA e dar à empresa o
rumo de que ele precisa urgentemente. Como não acredito que a
administração da Dixie Carter seja "reciclável", ficarei
à espera que alguém, de alguma forma, possa comprar a companhia e
dotá-la do que ela necessita. Por último, é preciso não esquecer
que a margem de erro na TNA é muito pequena...a WWE é enorme e pode
errar a seu belo prazer, até porque não tem quem lhe faça
concorrência...mas a TNA é pequena e vive mergulhada em problemas
de viabilidade financeiro-económica. Quem me dera que a TNA atinasse
e encontrasse o caminho do crescimento, do desenvolvimento e do
sucesso, como fã de wrestling há 20 anos, não poderia desejar
outra coisa.
E
vocês, quais os aspectos que mais vos irritam na gestão da TNA?!
Um Abraço!
Dias Ferreira