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Slobber Knocker #105: Muita gimmick, pouco material (Parte 2)



Entro com as habituais boas-vindas ao Slobber Knocker desta semana, que traz um tema familiar. Muito familiar até, pois a primeira vez que abordei o assunto ainda é muito recente. Está fresco ainda. Com pouco conteúdo a retirar dos habituais programas semanais que me puxasse a vontade e algum assunto que eu achasse que pudesse entrar a matar sobre o dito - como se eu alguma vez conseguisse fazer isso - fiquei-me por este resgate....

Curiosamente, já foi confirmado que o combate "Money in the Bank" será aldrabado e alterado para um combate pelo WWE World Heavyweight Championship... O que deu tema ao Slobber Knocker da semana anterior. Mas foi só isso que bateu certo... Não podia ter ficado mais longe do resto, mas isso também já sabia.

Com pouco mais a acrescentar como assunto, decido resgatar aquele tema que dá para edições infinitas... As gimmicks. No seu mais escandaloso e flamejante estado, temos sempre aquelas gimmicks algo surreais, aquelas gimmicks que nos fazem pensar "Não lhes bastava ser wrestler, também tinha que ser isto? Muito homem de várias ocupações passa por este ringue...". Mas pensamos por pouco tempo porque, muitas das vezes, personagens desse calibre, limitam as possibilidades de história e estagnam sem haver muito que fazer - como se pode dar com Adam Rose, actual Superstar que deu a ideia para o original Slobber Knocker e que me dá muita pena porque até gosto bastante da personagem e do lutador.

Mas já que decidi resgatar mais uma meia dúzia de personagens que vos vão bater à porta da nostalgia e até lembrá-los de algo que já estava esquecido... Acrescentem lá à caderneta mais estes cromos e apontem os que conhecem bem e que até gostavam de ter visto mais:

Rico


Depois de já terem brincado com todos os grupos étnicos que tinham à sua disposição e causar polémica por serem levados demasiado a sério... Era altura de partir para outros grupos habitualmente discriminados. E lá decidem eles juntar Billy Gunn e Chuck Palumbo num casal homossexual. De forma pouco famosa, pois limitaram-se a virá-los Heel apenas por isso. A sugerir que nascer atraído a membros do mesmo sexo é errado e, de certa forma, a encorajar a atitude homofóbica da plateia. Já aí tinham um ponto a menos, mas Billy e Chuck tinham que ter algo mais. E esse algo mais era o seu "sidekick" o lutador atlético e de maneirismos afeminados, que se ocupava como cabeleireiro pessoal do casal - se já abriram o bloco de notas dos estereótipos, a partir daqui e da imagem já têm suficiente para virar a página e continuar a preencher.

Rico até era bom lutador e, apesar de não ser das mais correctas, a sua personagem até tinha a sua piada. Tirava partido dos seus "tiques" para acrescentar a parte mais cómica da gimmick, mas não deixava à parte o seu lado maléfico, pois ainda era um Heel - não era muito mais do que ser Heel por ser gay, mas eles não queriam ser assim tão baixos. Tinha momentos engraçados como na feud com os Dudley Boyz, em que se protegia da famosa cabeçada de D-Von... Com um simples esfregar nas coxas que deixava o multi-Campeão Tag Team aterrorizado e desconfortável. 

Ainda fez algum currículo, no seu curto percurso na WWE, tornando-se Campeão Tag Team com Rikishi, à força e mais tarde, já no Raw e já como Face - quando a sua personagem escandalosa o favoreceu - com Charlie Haas. Mas em 2004, já não devia haver muito mais para uma personagem da sua dimensão - mesmo que até estivesse bem over com os fãs - e foi despedido da companhia. Para pena de muitos, pois ele já tinha juntado uma boa legião de fãs e até era bem decente em ringue. Mas talvez se achasse que a gimmick fosse de perna curta e que houvesse um stock limitado de piadas de homossexuais e de comportamentos estranhos de Rico, mantendo a piada. Ou então fartaram-se dele e mandaram-no para casa. Mas será que tinha tudo no sítio para se manter durante anos como um midcarder sólido até aos dias de hoje ou acabaria por descartar e perder o seu realismo?

Nos dias de hoje... Não, não façam isso com o Darren Young. Com a situação dele, lidaram bem e até aproveitaram para serem exemplares. E para casos recentes já chega o Orlando Jordan na TNA, que decidiu abraçar a sua bissexualidade... Apenas ao ser esquisito. Duvido que a comunidade "GLB" tenha ficado assim tão agradada com as suas bizarras acções. Acredito que achassem mais piada ao Rico... Mas com o Tyler Breeze a manter os seus maneirismos afeminados apenas por ser... "gorgeous"... - sem qualquer referência à sua sexualidade... - Não deve haver espaço para um novo Rico...

Kizarny


Este é daqueles tipos que é dos predilectos daquele que gosta de cavar por tesourinhos escondidos e esquecidos. Pérolas que duraram tão pouco tempo, que se tornam uma piada. Candidatos ao prémio "Braden Walker". E se o Slobber Knocker tivesse um Hall of Fame, este seria lá introduzido com prestígio. Já recordado numa edição de "Por onde andam eles?", essa mesma pergunta podia ser feita na altura em que ele lá estava.

Já com um percurso na TNA na sua carreira - com o nome Sinn . , o bizarro lutador integrou no plantel da WWE onde adoptou uma gimmick de "saltimbanco" ou "carny", que falava esquisito, tinha um aspecto esquisito e tudo apontava para que, realmente fosse, um indivíduo esquisito. E é capaz de ter havido mais vinhetas a apresentar o gajo do que uma apresentação propriamente dita em ringue. Com um punhado de combates feitos - e para ser muito sincero, acho que nem sequer chegou ao punhado - lá foi ele com as malas de volta para as independentes.

Nick Cvjetkovich - com esse nome, realmente facilita-nos que o tratemos por algum dos seus ringnames - foi introduzido como uma espécie de"lovechild" de Jake "The Snake" Roberts e Doink the Clown. Tirando a parte de que estes dois tiveram carreiras palpáveis - estamos a falar de um Hall of Famer - e ficavam over. Se fosse um filho deles, não herdava nadinha, a não ser a esquisitice, que até nem acho que seja propriamente parecida com a dos veteranos mencionados. Mas havia assim muito para fazer com ele? Ou a personagem até dava para alguma coisa boa e eles simplesmente não engraçaram com o performer? - que já é suficientemente excêntrico para se considerar próximo da personagem que interpreta. 

Nos dias de hoje até nem há nada que impeça de haver algo assim outra vez. Não é uma personagem temporal, pode arranjar-se um destes a qualquer momento. E para ser sincero, acho que bem bookado um gajo destes até pode ser interessante. Quem também acredita nisso é a TNA que nos apresentou a "Ménagerie" que apresenta um remodelado Knux, a bela Rebel, o Crazy Steve que mais se pode assimilar a este Kizarny e o Rob Terry a ter a mania que é gente e a ser o Freak. Eles já têm a bola e vamos ver como a dominam - metáforas foleiras em altura do Mundial. Em qualquer das situações, o Bray Wyatt está a olhar de longe e a rir-se porque não há ninguém a cuspir esquisitices melhor do que ele. Não, Willow, tu menos...

The Goon


Se voltarmos à parte em que eu falei sobre um wrestler não poder ser apenas um wrestler e ter que ter sempre outra ocupação... Aqui neste caso, essa parte salienta-se bem... Quando um wrestler tem que ser praticante de outro desporto e levar o equipamento de lá directamente para o ringue! Bill Irwin acabour por ir parar à WWF após um percurso não muito persistente noutras companhias como a WCW ou a Global Wrestling Federation. Lá, em 1996, foi-lhe dado o nome "The Goon".

Por norma, um gajo destes e com uma carreira como ele teve... Não seria lembrado hoje em dia, nem por nada. Mas safa-o ser um caso como o anterior Kizarny, um cromo digno da caderneta dos mais galhofeiro fã que adore estas pérolas enterradas - ou que eles tenham tentado enterrar.

Explicando tudo de uma forma muito breve, já dá para entender o quão absurdo era este personagem. Um jogador de hóquei - parece fácil chegar lá, mas ele não é Canadiano - que afirmava ter sido expulso de todas as ligas de hóquei onde tinha tentado integrar. Porque era demasiado violento, até para um desporto que encoraja porrada da mais velhaca. Isto devia promovê-lo como um tipo muito perigoso e intenso, usando esse seu "negro" passado como uma arma de intimidação para os adversários... Mas isso era se desse para levá-lo minimamente a sério. Ninguém esperava que um jogador de hóquei se fosse tornar numa grande coisa... Muito menos se ele for para o ringue com o equipamento inteiro, como se tivesse acabado de chegar à pressa de um jogo ou como um gajo em negação que não consegue deixar o passado para trás. Como fosse, não pegou e desapareceu logo. Ainda teve mais algumas participações mais jocosas, referentes à sua parva gimmick: na battle royal das gimmicks da Wrestlemania X-Seven, que viu Iron Sheik sair vencedor e na celebração do 15º aniversário do Raw em 2007, também numa battle royal com o mesmo tema - numa nota curiosa, nesta última participação, quem o eliminou foi Repo Man, primeiro homem mencionado na primeira edição deste artigo.

Querem saber como é que esta gimmick dava nos dias de hoje? Com CM Punk! Anda ele aí todo entusiasmado a ver hóquei, enquanto os pobres desalmados fãs em negação ainda achavam que ele regressava na noite em que havia um PPV nessa sua terra. A tweetar sobre o assunto, a perder apostas e a vestir camisolas da equipa rival... Até fotografias ao Justin Bieber já tirou, durante um jogo de hóquei! O gajo já não vê nada à frente... Vai regressar como o novo Goon, o CM Goon! Era lindo e vou lançar a petição para que aconteça! Mas agora a sério, esta gimmick não resultava hoje, não resultou na altura, nem vejo qualquer futuro onde isto resolva. Deixem lá, más ideias acontecem aos melhores - mas eles às vezes abusam disso...

Paul Burchill


Há vários Paul Burchills, que o Britânico ainda teve uma certa persistência no seu percurso, mesmo sem facturar muito. Há o Burchill genérico, apadrinhado por William Regal que serviu de seu mentor enquanto tinham uma parceria. Mais tarde também houve o Paul Burchill esquisito que tinha a sua irmã Katie Lea, de quem era muito próximo... Mesmo muito próximo. E há o nosso Burchill favorito, o pirata que vivia num mundo de fantasia e que fazia pouco mais do que ser uma personagem engraçada.

Aproveitando o sucesso da franchise cinematográfica dos Piratas das Caraíbas, a WWE decide capitalizar ao remodelar um dos seus competidores que mais lá andavam a vaguear sem grande propósito. Até parecia que o podia favorecer, a juntar ao seu talento atlético em ringue, mas... Era um pouco over-the-top para ter sucesso de muita longa data. Foi em inícios de 2006 que Burchill decide trazer à baila o assunto das suas supostas ascendências: o lutador tinha sangue o famoso pirata "Barba Negra", o que lhe deu vontade de abraçar as suas raízes... O que o levou a aparecer em TV vestido como um Jack Sparrow para pobres.

Um bom pirata tem sempre que ter ouro mas como este era tão autêntico como a Lana é Russa, não facturou nada e pouco passou da sua feud com William Regal, que insistia para que ele voltasse à sua forma antiga. Ele não quis e talvez não o favorecesse totalmente porque já não havia muito mais para o pirata. Assim que Mark Henry o partiu ao meio, já não havia mais brincadeiras de piratas para os fãs da WWE. Voltava mais tarde, no Raw, de novo remodelado e sem fatiotas marítimas e acompanhado pela sua irmã de storyline, Katie Lea Burchill, com quem mantinha uma relação... Mais próxima do que irmãos normalmente têm. Olhando para a mulher em questão, só posso dizer isto: ainda bem que não é minha irmã. Aguentou até 2010 e saiu da WWE, juntamente com a brand ECW.

E agora olhemos para o panorama actual da WWE e vejamos o quão bem se adequava um pirata. Não nego, ia ter a sua piada ao início. Mas descartar-se-ia com um rápido estalar de dedos, uma rápida parceria em segmentos com Santino, um rápido percurso de jobbing e acabava-se o pirata para a miudagem... Que foi exactamente o que aconteceu em 2006. Logo, não serve de muito fazer de alguém pirata. Nem internauta, quanto mais...

Curry Man


A TNA também tem uma bela colecção, eles não se safam disto. Por vezes até têm a mais bela das colecções e nem é preciso fazer sempre uma pesquisa muito funda para se encontrar os mais caricatos cromos. Mesmo que alguns ainda divirtam imenso, como é o caso deste grande alumn, de seu nome Curry Man, que ainda chegou a fazer umas aparições recentes na televisão da TNA, para trazer a sua dança de volta e puxar umas reacções jeitosas.

O melhor disto tudo: não passa do Christopher Daniels com uma máscara e uma fatiota apatetada. O gajo tem jeito para a comédia e eventualmente iam fartar-se da personagem séria e obscura do "Fallen Angel" e eventualmente teriam que explorar os seus dotes cómicos e apresentar o Curry Man, indivíduo que parece saído directamente de um desenho animado Japonês - pelo menos anda a fazer de Asiático - com uma dança facilmente imitável. Para uma parceria com outra lenda, o Shark Boy, que também podia muito bem constar aqui.

Não foi propriamente um jobber a passar despercebido, apesar de parecer algo que estivesse no rótulo de uma personagem destas. Juntamente com Shark Boy, ainda chegou a ter uma feud com a Team 3D e até chegou a participar num combate de eliminação pelo título da X Division, onde chegou a eliminar Consequences Creed e para o qual precisou de derrotar Petey Williams para se poder apurar. Logo ainda houve algo para Curry Man. Após este momento, tomaram-lhe o gosto e continuaram a cobri-lo com uma máscara - deviam achar o homem muito feio - para interpretar Suicide, enquanto Kazarian recuperava de lesão.

Já deram mais voltas e Daniels já voltou a ser ele mesmo, tanto de forma séria como Fallen Angel, como de forma cómica, nos Badd Influence. E até já voltou a ser o Curry Man por poucas situações em que o quiseram trazer de volta, incluindo uma situação num One Night Only: Joker's Wils, que viu-o contra Eric Young, de forma a serem tratados ao mesmo nível... Que saiu numa altura em que ele já era Campeão Mundial. Yup, correu bem. E é assim quer Curry Man podia aparecer, se ainda houvesse Daniels na TNA. Aí como em outro lado qualquer também podem colocar uma máscara, um fato colorido e uma dança a qualquer um que têm uma gimmick por um bocado. Por um bocado...

Disco Inferno


Fazer um artigo voltado para as gimmicks sem incluir a WCW em massa já é pecado. Se não incluisse sequer então é que era uma blasfémia total. Mas cá está, um pelo menos, para concluir esta edição. Disco Inferno, o bailarino predilecto de todos os fãs de wrestling, o lutador que se recusava a aceitar os 70s como passado, o John Travolta lá do sítio. Digam lá se um John Travolta vs David Arquette pelo título não dava grande main event do Starrcade.

Glenn Gilbertti de nome, foi introduzido na WCW como um enorme fã de Disco que irritava os fãs com a sua habitual dança, típica de um "Saturday Night Fever". Até conseguiu ficar over com os fãs que costumavam cantar "Disco sucks!" quando ele lá vinha a dar a anca até ao ringue. E ainda tinha caracteríticas fenomenais na sua gimmick, como esquecer-se da aplicação do próprio finisher. Assim que conseguiu tornar-se Face com a sua patetice, conseguiu uma feud com outro que também gostava de bailarico, Alex Wright e ainda conseguiria ser Television Champion por duas vezesaté virar Heel e juntar-se ao seu antigo rival, Wright, numa tag team apropriadamente denominada "The Dancing Fools", que colocava os dois a dançar como se estivessem a comemorar os Santos Populares, já que estamos na época.

Após a sua Heel Turn,entrou na espiral descendente que foi a WCW nos seus últimos anos e chegou a passar por tudo o que era lado e a meter-se em tudo o que era canto. Chegou a passar pela nWo, numa altura em que já só faltava o gajo das limpezas fazer parte da nWo. E até chegou a mudaro nome para Disqo. Numa altura em que já não havia muito a fazer com ele e quando não havia oficial que pensasse "Se calhar já não há muito para fazer com um renegado do "Saturday Night Fever" e que ainda deve ter um poster dos Earth, Wind & Fire na parede do quarto." e continuaram a arrastá-lo. Ainda chegou a passar pela TNA já com o seu nome verdadeiro, até uma altura recente em que teve uma breve aparição a convite de Mr. Anderson, trazendo de volta o nome Disco Inferno e a sua famosa/infame dança.

Actualmente, já temos o nosso bailarino da casa e até o acho bem melhor e mais legítimo que este. Mais perto deste ficaria um Brodus Clay, mas esse já foi com a trouxa feita. Refiro-me a Fandango que pratica uma dança diferente mas é o que nos chega para nos entreter. E puxo as orelhas a quem negar que adora o Fandango. Já quanto a bailarinos de Disco... Não era boa ideia agora... Para gente presa noutra década chegou o CJ Parker a tentar trazer Woodstock de volta dos 60s. Mas agora nem para isso está virado. Um Disco Inferno já faz muitos...

Por aqui fico e talvez já chegue de tanto postal num só artigo. Ou se calhar dá para mais, por isso é que estou aberto a mais edições destas, se continuarem a encorajá-las. Para já fico-me por aqui e passo a bola a vocês - analogias em tempo de Mundial - para prosseguirem com os vossos comentários sobre estas gimmicks, o efeito que têm, o resultado possível e mais algumas que possam aqui constar no futuro. O tema é simples e dá para interminável conversa, logo regressarei com este tema e regressarei na próxima semana com uma revisão do Slammiversary, para prosseguir este meu hábito. Que tenha um terço dos leitores, mas que sejam bons, que são sempre. Até lá, fiquem bem, boa sorte para Portugal e para o Brasil no Mundial e respondam lá se quiserem:

Alguma destas gimmicks podia ter resultado melhor com outro intérprete?

Cumprimentos,
Chris JRM


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