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Slobber Knocker #98: Com isso não se brinca!


Bem-vindos ao Slobber Knocker desta semana e adianto já um pedido de desculpas se, por acaso, não peguei num assunto mais "obscuro" para esta semana. Não acho que seja necessário, mas só para o caso. A capa lembra-nos um episódio macabro decorrido no ano passado, em que utilizaram uns assuntos sérios para a história. Por vezes fazem-no....

Esta semana evitaram-no, quando tinham um assunto sensível muito recente no início do Monday Night Raw. Daniel Bryan perdeu o seu pai, num assustador timing em que o homem por pouco viu o filho a encabeçar a Wrestlemania e a casar. Considere-se que faleceu orgulhoso. Tinham ali o assunto "intocável". E realmente não foram mais longe, nem mencionaram o assunto. O pai de Bryan não tem qualquer afiliação ao wrestling para que se pudessem apoderar da sua imagem. Logo, apenas enviaram Bryan para casa para o seu luto com uma sova de meia-noite que nos deixou com duas ideias: em storyline, Bryan já tem como entrar no Extreme Rules vulnerável; na realidade: Bryan é um tremendo worker, capaz de trabalhar no seu estado emocional fragilizado - todos devem ter reparado nos olhos e na expressão dele - merecendo mais uma folga.

Este foi um caso intocável. Mas assim que o envolvido também faça parte do show... Já se habilita a que a sua imagem seja utilizada para segmentos de TV que causam desconforto. E não são só mortes. Há muito assunto tabu a abordar-se na TV do wrestling. Errado? Bem administrado, sendo só para o show e sem querer desrespeitar? É aqui que as opiniões variam. Recordemos alguns desses momentos? O tema do artigo afinal é esse...

Mortes


Eddie Guerrero: A mais polémica. A mais exploradinha, afinal. Numa altura em que o público ainda recuperava do choque de ver Eddie Guerrero partir tão cedo e sem aviso, muitos oficiais da WWE acharam que se podiam safar utilizando o seu nome como magnetismo para pop ou para heat. No caso do heat, era o mais desconfortável e já vimos Batista e Randy Orton a lembrar Rey Mysterio, da mais sinistra forma, que o "Latino Heat" já cá não estava entre nós. Até Triple H quis vingar a vitória de Mysterio na Royal Rumble, lutando com Chavo Guerrero como forma de se poder vingar do legado de Eddie. Ou assim parecido, eles aí ainda não tinham a certeza do que fazer. Mas não era só desse lado. O nome que mencionei, Rey Mysterio, viu o push da sua vida, como forma de manter a memória de Eddie viva. Que é a maneira menos feia de dizer "explorar". Cada movimento de Rey era para Eddie e, sendo o lutador do 619 tão talentoso como conhecemos, ficamos a pensar se ele alguma vez teria tido aquele reinado, aquelas vitórias na Rumble e na Wrestlemania, fosse Eddie vivo. Havia assim tanta necessidade de mencionar Eddie a cada movimento de Rey, dar-lhe alguma ocasional manobra ou maneirismo como constantes tributos, as oposições mais arrepiantes, histórias à volta do seu nome... É assim que se homenageia e se deixa uma lenda descansar em paz?

Paul Bearer: Um caso mais recente e que se encontra directamente relacionado com a imagem da capa. Numa altura em que CM Punk rivalizava com Undertaker para o enfrentar na Wrestlemania, na tentativa de acabar a streak que já foi rompida - quantos esperávamos poder dizer isto? - caía a recente notícia da morte de Paul Bearer. Após toda uma companhia de luto por um dos maiores managers da sua história, é tempo de puxar alguns cordões. Punk e Heyman são do tipo de estrelas que, sendo Heels impecáveis, conseguem sempre apoio do público. Estique-se um pouco a corda, então. Undertaker teve uma grande parte da carreira à volta de uma urna? Que volte a urna, esta referente às supostas cinzas de Bearer. Roubos, deixá-la cair, gozá-la... Todo o tipo de blasfémia. Até vermos um pequeno apunhalamento na classificação PG e vemos Punk a espalhar cinzas por cima de Undertaker e a esfregar-se com as mesmas, num acto muito "Attitude Era" - e só espero que os que tanto choramingam pela volta de TV como este tempo, não fossem os mesmos que se estivessem a espumar de raiva depois. O segmento teve autorização dos filhos de Moody e ele era um indivíduo com gosto para essas coisas macabras, portanto quiçá ele concordasse. E já foi devidamente homenageado no Hall of Fame deste ano. Foi só para a história. Aceite de bom grado quem quiser.

Mãe de Jerry Lawler: Também não é muito antigo e leva-nos de volta ao tempo em que Miz era WWE Champion e rivalizava com o Hall of Famer e comentador Jerry Lawler. A morte da mãe do lendário lutador e comentador deu-se por essa altura e não foi a Miz que coube falar no que não devia. Este até lhe deu os seus sentimentos sinceros e respeitosos. Mas isso porque Miz era apenas um adereço. A verdadeira rivalidade era com Michael Cole que não hesitou em lembrá-lo do acontecimento e de alegar vergonha por parte da falecida senhora pelo filho falhado que tinha. Também era só para a história e para colocar mais sal na ferida desta rivalidade que culminou num combate na Wrestlemania que, infelizmente, ainda nos lembramos. Um pouco esticado porque Cole não é o tipo de personagem que, na altura, precisasse de heat tão barato. E, com a feud já passada - graças a todos os santos - os dois convivem como se nada tivesse decorrido. Foi uma coisa passageira só...

Pai de Big Show: Lá está a Attitude Era. Em 1999, decidiram utilizar uma história com o pai de Big Show sofrendo de cancro terminal, cabendo a Big Boss Man dar-lhe a notícia... Para gozá-lo, difamar o pobre homem e invadir-lhe o funeral e roubar o caixão para a deprimente imagem de um Big Show de zorro, agarrado a um caixão. Mas pronto, tudo falso, claro. O pai de Big Show não tinha morrido por aquela altura. Mas já tinha morrido, uns anos antes. Logo, sentimos um pequeno nó em nós ao imaginar que, mesmo não sendo um acontecimento recente, ter que fingir ter um pai a morrer e ainda simular aquele constrangedor funeral. O que passaria pela cabeça do gigante, enquanto se agarrava àquele caixão que representava o seu já morto pai. Coisas que a Attitude Era nos trazia, era doentio mas até era entretido!...

Owen Hart: A tragédia que se deu antes do evento Over the Edge de 1999 e que nem foi para o ar. Nem existe qualquer registo do horrendo acidente que pôs fim à vida de um Superstar jovem e talentoso. Hoje em dia, Owen apenas é lembrado com o maior dos respeitos e nunca este acidente foi utilizado para algo. A controvérsia aqui foi a continuação do programa após a tragédia e após o anúncio de Jim Ross ao público, rompendo o kayfabe, de que se tinha passado um acidente, que acabara prematuramente a vida de um homem tão admirado e que não fazia parte dos angles marcados. O programa continuou e não caiu bem a muita gente. No entanto, compreenda-se que o próprio Owen era um Superstar dedicado e tinha a atitude que todos têm quando praticam um desporto arricado como este: "the show must go on". No público cai de forma diferente e não conseguem acompanhar um evento da mesma forma, ainda a digerir uma notícia daquelas. Ainda é um evento polémico que não viu o seu habitual lançamento em VHS e apenas voltou ao acesso público, recentemente, na WWE Network...


Chris Benoit: A derradeira. O tabu dos tabus. A que ainda causa um escalafrio quando é recordada nos dias de hoje. Aquela da qual o mundo do wrestling ainda não recuperou. Não, a WWE não fez nada a isto ou com isto. Mas ela é que marcou a diferença. O mundo do wrestling nunca mais foi o mesmo. E ainda é o episódio descontinuado, ou seja, não esperem que se ouça falar disto. Após obrigar a um romper de kayfabe - a última mênção do incidente e do lutador em questão - o mundo do wrestling continuou em constante mudança. O formato e conteúdo mudou para uma orientação mais familiar de modo a redimir e corrigir a sua imagem; devido aos seus danos cerebrais, agora há muito mais cuidado com lesões na cabeça e proibiram-se algumas manobras e formas de utilizar armas; um enorme legado de um grande lutador foi reduzido ao mínimo, com a sua existência praticamente apagada dos livros. Utilizar isto para uma história? Perdoem o meu recurso ao calão, mas seria necessário um valente par de tomates para puxar isso nesta ou a qualquer altura...

Incidentes de saúde


Ataque cardíaco de Jerry Lawler: Mais um episódio preocupante que deixou todo o público a torcer pela vida de alguém que admiram. Neste caso, Jerry Lawler, que teve um colapso em pleno Monday Night Raw. Um ataque cardíaco, ao vivo, em TV, alterando toda a disposição do seguinte programa que tinha que continuar - "the show must go on" outra vez. Mais uma controvérsia, esta não tão forte, acerca da continuação do programa. O ambiente, pelo menos, esse já não conseguia ser o mesmo. Novo romper de kayfabe, desta vez por Michael Cole, utilizando palavras semelhantes às de Jim Ross - para uma situação mais leve, claro - e, através de uma atitude profissional e respeitosa, conseguiu uma Face Turn. Respirou-se de alívio quando King recuperou e pôde voltar à mesa de comentadores, para voltar a ser odiado pelos seus comentários de mau gosto - com todo o respeito ao homem, mas já sabemos o que a casa gasta. Com o seu consentimento, ainda tivemos um segmento à custa dos vilões de serviço que gostam de brincar com coisas sérias: CM Punk e Paul Heyman. Para aumentar o heat e entrar nos campos do mau gosto, Heyman simulou um ataque cardíaco em tom jocoso, como "tributo" a Jerry Lawler. Sem querer desrespeitar, claro, ora essa. Nos campos Heel de Punk e Heyman vale tudo. E se o próprio Lawler já utilizou esse negro episódio para algumas das suas próprias piadas - já agora, se ele não coloca travões em gozar problemas de saúde de outros, que não se poupe a ele mesmo, ao menos - logo creio que não haja qualquer animosidade ali. Desde que não lhe dê outro...

Cirurgia ao cólon de Jim Ross: O problema era grave mas Vince McMahon, por vezes, é uma criança de 8 anos e ao ver a palavra "cólon" teve logo mais uma ideia para embaraçar uma das maiores e mais lendárias figuras da sua companhia. Após um despedimento em kayfabe - que na verdade, serviu para lhe dar tempo para a cirurgia - Vince "brinda" os espectadores com um segmento de comédia que afirmava consistir em imagens exclusivas da cirurgia. Passemos para o próprio Vince a servir de cirurgião, em frente a um traseiro, a retirar todo o tipo de objectos que lhe permitissem fazer alguma piada foleira. O segmento não caiu nada bem com os fãs e até o próprio JR - que se sujeitou a muita coisa - sentiu algum desconforto com tal segmento. E admito-o... Também tenho a minha infantilidade bem acentuada e aprecio um bom "humor de sanita" tanto como qualquer outro... Mas este segmento não teve grande propósito a não ser continuar a envergonhar uma figura tão respeitável quanto Jim Ross. E, lá está, recorrendo a assuntos sérios...


Paralisia facial de Jim Ross: De novo, um problema de JR e de novo Vince McMahon ao barulho. Já anos depois de a WCW ter apresentado o Oklahoma, uma pobre e triste paródia do lendário comentador, chega a vez de Vince McMahon satirizar o seu "butt monkey" de serviço com uma pobre imitação que se baseou em pouco mais do que uma distorção facial que gozava com o problema de paralisia bastante notável em Ross - o que lhe falta em emoção facial, ele compensa na voz e no seu inigualável discurso. Foi ligeiro e mais de passagem, mas assim nem parece que Vince tenha Jim Ross num patamar de respeito tão alto como se diz que ele verdadeiramente tem - já pode ser hábito dele, diz-se que com William Regal dá-se o mesmo...

Zach Gowen: Não é um incidente, porque a sua deficiência - sem querer utilizar a palavra como termo depreciativo - está lá sempre e já vem de há muito tempo. Gowen já é conhecido como o lutador de uma perna que até luta mais que muitos que andam por aí com as duas. Contratado pela WWE, havia um mar imenso de coisas para fazer com ele. E simplesmente o utilizaram como ferramenta. Podia ter sido um tremendo underdog, em vez disso era utilizado para pop ou heat fácil para outros. Pode ter uma perna, mas até tinha potencial. Agora se querem humor desconfortável mas legitimamente cómico, vejam o seu mais recente combate na Ring of Honor contra Matt Taven e ouçam os comentários de Steve Corino...

Racismo


Nation of Domination: Após anos de acusação à WWE de diferenciar os lutadores de acordo com a raça e de pouco recompensar lutadores Afro-Americanos, formam-se os Nation of Domination, um grupo de lutadores de raça negra que tinha essa mesma crença e tencionavam acabar com tal desigualdade. E o Owen Hart. Esse também andava lá. Até é uma forma inteligente de lidar com o assunto e abatem logo dois alvos: abordam o assunto de frente, em vez de se esconder para aumentar as suspeitas e, ao dar-lhes domínio e histórias importantes dão um push a vários. Já o segmento dos DX, disfarçados desse mesmo grupo, com a polémica maquilhagem a que chamam "blackface" que, por muito inofensiva que nos pareça por vezes, é muito polémica e censurada...Quanto a esse, digam-me vocês.

Triple H vs Booker T: Já com os Evolution e a preparar um combate na Wrestlemania XIX contra Booker T, Triple H - que já está associado ao segmento do ponto anterior - fez questão de acentuar a rivalidade com comentários racistas. Aqui não se pode apontar o dedo com muita força, afinal ele era Heel e dos mais desprezíveis. A sua ideia não era suposto ser correcta. Mas o desenrolar da história é que não foi o mais feliz. Após semanas de tormentas e racismo por parte de Triple H, a Wrestlemania XIX seria o palco ideal para Booker T sair por cima e retirar-lhe o título Mundial, para lhe ensinar uma lição e para ser recompensado pela posição frágil em que estava. Só que não, Triple H vence limpo sem dar a entender que teve assim tantas dificuldades extraordinárias. Moral da história: "assholes" racistas saem por cima?

The Legacy: Não era um grupo com um propósito racista, mas o trio constituído por Randy Orton, Cody Rhodes e Ted DiBiase chegou a ter um momento polémico, com umas frases que saíram da boca de Randy Orton. Num confronto com Kofi Kingston, Mark Henry e MVP - já viram o que eles todos têm em comum - Randy decide dizer, com toda a confiança, que os do "tipo deles" não pertenciam a um ringue, mas sim aos bairros. Auch. Não foi um traço que se manteve na personagem de Orton mas ficou ali aquele momento. Apenas uma coisa: aqueles que se queixam da falta de atitude desde que o produto virou PG... Foram os que mais resmungaram e se ofenderam com estas palavras de um Heel?


Akeem: Já esta personagem de curta vida, nem sei se há algo de positivo a retirar-lhe sequer. Com uma gimmick de Africano, com direito a danças e rituais de tribos a completar o background e um estereotípico sotaque Afro-Americano... Qual é a cereja no topo do bolo? O lutador que o interpretava, George Gray, também conhecido como One Man Gang... Era do mais caucasiano que podia haver. Não admira que a gimmick durasse tão pouco tempo. Bem jogado!

Cryme Tyme: Há quem considere a personagem mais racista de sempre, mas isso é subjectivo. Porque estes são muito mistos e não sabemos bem o que pensar. Porque realmente, Shad e JTG eram uma dupla que consistiam em dois gangsters que faziam pouco mais que roubar e burlar toda aquela malta. As implicações não são das mais felizes. Por outro lado... Faziam-no num tom cómico e sempre foram Faces e até entretiam o público com os seus maneirismos criminosos. Estereotípico ou não, não os apresentavam como personagens muito negativas e até jogavam a carta racista de forma satírica e descontraída, quase de forma celebratória. Como se faz em muitos filmes de comédia - qualquer coisa dos irmãos Wayans ou do Tyler Perry, por exemplo. Estes até nem os acho ofensivos. O que acho mesmo é isto: #PushJTG

Kerwin White: Este é que era estranho. O Mexicano que se fartou de ser Mexicano porque achava que os lutadores de origem hispânica não eram tão bem tratados... E decidiu tornar-se num estereótipo andante de homem caucasiano de classe média-alta, com direito a paixão por golfe e tudo. E de seu nome, Kerwin White... Nome mais branco do mundo. Até tiveram que lhe mudar a catchphrase para "If it's not Kerwin White, it's not right." porque a abreviada "If it's not White, it's not right." levava umas implicações mais fortes. A personagem perdeu-se com a morte de Eddie Guerrero. Eu cá achava o tipo hilariante. E até tivemos um embrião do Dolph Ziggler!

Virgil: Eventualmente ele emancipou-se e tornou-se um homem sério a tomar conta de si próprio. Mas antes disso ainda houve um longo período de tempo em que Ted DiBiase tinha um criado, a roçar o escravo, em Virgil. Tudo bem que o gajo é rico mas essa cena da escravatura já foi abolida há uns anitos...

Outras situações variadas


Suicídio: A trágica causa de morte de alguns falecidos alumns da WWE já serviu para galhofa. Em finais de 2005, o árbitro Tim White envolveu-se num angle em que, aparentemente, se suicida a tiro após o Armageddon 2005, fora da vista da câmara. Tal segmento foi considerado com falta de gosto, devido à recente morte de Eddie Guerrero. Mas White "sobrevivera". E tornou-se um segmento semanal no WWE.com, o "Lunchtime Suicide" que mostrava Josh Mathews a tentar entrevistar Tim White, que tentava pôr fim à sua vida todas as semanas, de formas cada vez mais caricatas - até virar as coisas e dar um tiro a Mathews. É considerado dos segmentos mais estranhos e com falta de gosto na história da WWE. É assim tão doentio que eu até lhes ache alguma piada?

Necrofilia: Não é propriamente um tabu porque não é também dos temas que mais surjam como tema de conversa. Havia de ser bonito, conversa de jantar. Mas nada impediu a WWE de utilizar tal como tema de feud entre Triple H e Kane, com o primeiro a insinuar que o segundo tinha morto uma namorada num acidente e que tinha procedido a ter relações sexuais com ela, após a sua morte. Ah, Katie Vick, a storyline tão recordada nos dias de hoje. O mais interessante é que a feud servia para unificar o título da WWE com o título Intercontinental... O que já bastava, não necessitavam de mais história para além disso. Mas não, tinha que haver um segmento com Triple H vestido de Kane a envolver-se com um cadáver falso - numa morgue verdadeira, onde decorria um funeral real ao lado, para melhorar as coisas - com as palavras "I did it, I screwed your brains out" ainda a ecoar na cabeça do mais impressionável fã. Hoje em dia, a infame história é recordada com um certo tom de "So bad, it's good", que hoje não passa de uma piada pegada. Macabra, mas uma piada na mesma. Aliás, até concluía este ponto da mesma forma que concluí o anterior...

Homossexualidade: Com Darren Young, fizeram como deve ser. Mostraram apoio pelo Superstar, publicitaram o acontecimento e deram-lhe uma Face Turn para contar com o apoio do público. E agora ainda vem a campanha NOH8 cimentar a sua posição em relação a este assunto. Aqui esteve bem feito. Com Billy Gunn e Chuck Palumbo é que não foi nada bem feito. Juntando os dois como um casal gay para efeitos cómicos, a pior parte vem na Heel Turn: viraram Heel simplesmente por isso, por mostrar atracção homossexual um pelo outro. E ainda por cima disso, apresentam-nos o Rico, a melhor forma que conseguiram de juntar uma data de estereótipos de gay flamejante para ser maléfico. Ao fim e ao cabo, foi tudo um golpe publicitário e Billy e Chuck eram tão machos quanto o wrestling os permite ser. E até nem me importo que o Rico seja tão "flamboyant". Mas... Essa é que foi a Heel Turn deles?

Religião: Palmas para Vince. Um Republicano conservador que nos deu a Attitude Era e que foi capaz de gozar, de forma forte, com assuntos religiosos. Não é qualquer um do seu tipo que faz isso. Mas vá lá, Vince não se leva muito a sério nisso e ainda foi capaz de gozar com o Cristão renascido Shawn Michaels e oferecer-lhe Deus como parceiro de tag team - Deus já tem mais aparições em PPV que muito bom Superstar das amarguras. E tudo isso precedido com um segmento de Vince e Shane a visitar uma Igreja onde Vince sabe como puxar umas gargalhadas blasfémicas. Ora, como eu tenho tanto de religioso como tenho de médico ortopedista Sueco, achei estes segmentos um riso pegado. E até quando lidam com coisas mais obscuras como os Ministry of Darkness ou, na ECW, Raven a crucificar Sandman - essa até enojou o Kurt Angle que estava presente na arena, mas rapidamente deixou de estar - vejo esses momentos como muito bons. Pode atingir os mais sensíveis, mas... A WWE sempre gostou de passear nesses campos...

Imigrantes: Umas vezes cai na categoria do racismo. Mas xenofobia já é diferente, estes detestam qualquer estrangeiro, seja ele de que raça for. Esta categoria por vezes aplica-se a fãs que desatam a cantar "USA! USA! USA!" a qualquer estrangeiro que lhes apareça à frente, só porque sim. Só para o caso de ele ainda não ter percebido onde está. E nem sempre precisa de ser Heel. Mas para isto, temos que nos recordar do nosso velho amigo Zeb Colter. Ele que agitou tantas águas quando se aliou a Jack Swagger contra o Mexicano Alberto Del Rio para a Wrestlemania XXIX, onde iniciava a sua crusada contra qualquer imigrante "sneaky". Aceitou Cesaro como um "imigrante trabalhador que tratou da papelada", até que este quis partir para outra. Aí tornou-se igual aos outros. A polémica já abrandou e agora Colter é uma das personagens mais geniais do plantel. No caso de dúvidas, apenas leiam o seu Twitter para umas boas "rampages" de xenofobia. Não é suposto concordar com ele, mas o tipo tem fãs - não pelos ideais,vá. E quem acabou por se ofender mais foram os que pensam como ele, que viram em Colter uma sátira ofensiva. E newsflash: É.


Terrorismo: Ou situações de guerra. Quer se tenham aproveitado ou apenas tenham tido azar com mau timing. Um assunto sensível como o terrorismo ou simplesmente o conflito entre os Estados Unidos e o Médio Oriente já esteve presente na TV da WWE. No início da década de 90, Sgt. Slaughter regressava à WWF... Como Heel. Como virar um homem daqueles Heel? Fazendo-o virar-se contra o seu país, apoiar a causa Iraquiana - com a tensão entre países a aumentar - adoptar vestes e finishers de origem oriental - sim, o Camel Clutch - e até,com fotomontagens ao lado de Saddam Hussein. Isto num tempo em que o kayfabe estava mais bem protegido e as pessoas levavam o produto mais a sério. O pobre homem, a quem já lhe custava fazer-se de Anti-América, nem podia sair à rua sem protecção máxima e sem receber ameaças de morte diárias. Eventualmente voltou ao sítio, mas isto teve que ser uma das jogadas mais perigosas e arriscadas de sempre na WWE. Um caso de mau timing deu-se mais tarde, em 2005, no Smackdown, com um ataque a Undertaker comandado por Muhammad Hassan. A forma como o ataque se deu e como os atacantes se disfarçaram... Veio em má altura, com um atentado terrorista em Londres a decorrer três dias após a gravação e momentos antes de o episódio ir para o ar. Editado em alguns sítios para retirar a cena e indo para o ar sem censura noutros, a mídia caiu logo encima e estava a polémica instalada, parando apenas após Muhammad Hassan sair da companhia, após pressão exterior. Uma pena, porque o tipo estava cheio de potencial.

Creio que possa ficar por aqui. Como nota final, tenho que dar o meu toque e dizer o que acho sobre isto: pessoas não deviam levar algumas coisas tão a sério. É verdade que há umas situações mais sérias e mais fortes, mas há outras em que fazem escândalo por pouco. Sejam as situações mais humorísticas ou as mais obscuras, num espectáculo de entretenimento, não vejo porque hão de colocar limites no que podem fazer para atrair a atenção do público. Sabemos que eles não querem transmitir uma mensagem negativa, apenas preparar uma história, retirando a mensagem mais tarde ou ao longo do seu decorrer. Portanto, se me perguntam a mim, há uma boa parte de acontecimentos aqui listados que não têm qualquer efeito de choque em mim.

Já a vocês pode causar uma reacção diferente e é aí que vocês entram. Esta é a parte em que comentam cada um destes episódios e sobre o que acham de trazer assuntos mais sérios para chamar a atenção numa história mais intensa - ou noutros casos, mais cómica. E, claro, apenas listei casos de que me ia lembrando, encorajo-vos a acrescentar mais, se souberem de mais algum caso de impacto que pudesse constar aqui. De modo geral, espero que tenham gostado e espero que possa voltar a cá estar na próxima semana para vos dar mais um Slobber Knocker. A ver o que sairá daí. Até lá, fiquem bem e um bom Sacrifice para todos os fãs da TNA que assistirão.

Cumprimentos,
Chris JRM
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