MMA: UFC 172: Jones x Teixeira - Antevisão + Pesagens
O UFC separou para o último sábado o evento mais importante do sobrecarregado mês de abril. A Baltimore Arena será palco do UFC 172, que traz uma defesa de cinturão e combates que mexem na parte de cima de duas categorias.
Na luta principal, que teve a data alterada três vezes, o campeão dos meios-pesados Jon Jones fará sua sétima defesa de cinturão, buscando ampliar seu recorde. O desafiante é o brasileiro Glover Teixeira....
Pela mesma categoria da disputa de título, o americano número quatro do ranking Phil Davis precisa vencer o compatriota Anthony Johnson, que retorna ao UFC com moral elevada após sair pela porta dos fundos há quase dois anos e meio, para se colocar na fila dos candidatos a desafiante.
Descendo um nível na balança, o americano Luke Rockhold, número cinco na lista dos pesos médios, busca a segunda vitória na organização contra Tim Boetsch, décimo segundo classificado. Eles sucederão Jim Miller, número nove entre os leves, que encara Yancy Medeiros, substituto de última hora do contundido Bobby Green. O card principal abre com o duelo entre os jovens prospectos da divisão dos penas Max Holloway e Andre Fili.
O card completo do UFC 172 é o seguinte:
CARD PRINCIPAL
Peso-meio-pesado: Jon Jones x Glover Teixeira
Peso-meio-pesado: Phil Davis x Anthony Johnson
Peso-médio: Luke Rockhold x Tim Boetsch
Peso-leve: Jim Miller x Yancy Medeiros
Peso-pena: Max Holloway x Andre Fili
CARD PRELIMINAR
Peso-mosca: Joseph Benavidez x Tim Elliott
Peso-leve: Takanori Gomi x Isaac Vallie-Flagg
Peso-galo: Jessamyn Duke x Bethe Correia
Peso-leve: Danny Castillo x Charlie Brenneman
Peso-galo: Chris Beal x Patrick Williams
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O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 20:30 horas do Brasil e 00:30 horas de Portugal
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Cinturão meio-pesado: Jon Jones (EUA) vs Glover Teixeira (BRA)
Apesar de ser o lutador de MMA no mundo que mais pegou concorrência encardida nos últimos tempos, faltava a Jones (19-1 no MMA, 13-1 no UFC) o batismo de fogo, aquela luta que o faz tentar respirar e não vir nem um milímetro cúbico de oxigênio. O fenômeno americano finalmente teve este desafio em sua última apresentação, quando precisou cortar um dobrado para despachar o sueco Alexander Gustafsson numa das mais espetaculares lutas da história.
Dono de um arsenal técnico dos mais vastos e muita inteligência de combate, “Bones” precisava mostrar que tinha também coração de campeão. Se, por um lado, Gustafsson mostrou que ele é humano, por outro Jones fechou uma das dúvidas que restava sobre seu jogo. Apesar de ter sido derrubado pela primeira vez na carreira e ter que lidar também de modo inédito com o próprio sangue, Jonny mostrou que a dupla wrestling/muay thai continua tão afiada quanto versátil e criativa.
O lutador cuja estreia no UFC era tão aguardada conseguiu transformar expectativa em realidade. Glover (22-2 no MMA, 5-0 no UFC) fez cinco lutas no octógono e se mostrou tão destruidor como na época em que travava briga com o consulado americano por um visto. Na última apresentação, chegou a passar aperto contra Ryan Bader, mas mostrou queixo e punhos de pedra para mandar o americano ao fundo da vala.
Glover é daqueles lutadores que não são espetaculares em nenhum aspecto, mas que atingem níveis elevados em todos. O ex-campeão brasileiro de greco-romana é melhor nas quedas do que a maioria dos seus compatriotas. No chão, tem um jogo fino de transições e ataques em finalizações, além de um ground and pound dos mais violentos. Em pé, apesar de uma certa lentidão, mescla chutes e socos com pressão de peso pesado.
Gustafsson apresenta três diferenciais em relação a Teixeira que foram fundamentais para tocar o terror em Jones: envergadura, técnica no boxe e velocidade. Como Glover terá uma enorme desvantagem na envergadura (pouco mais de 20 centímetros), terá que ser ainda mais rápido para encurtar a distância, seja para trabalhar os punhos pesados ou tentar derrubar o campeão. Caso uma combinação curta do mineiro pegue no ponto certo, a chance de Jones tombar é enorme. O problema é que velocidade não é das principais características de Glover e Jonny aprendeu a lição de respeitar todo mundo.
Pisões no joelho, chutes baixos e socos em linha em movimentação constante deverão ser as ferramentas escolhidas por Jones para manter Glover longe nos primeiros dez minutos. Eventualmente o campeão deverá usar seus golpes imprevisíveis como joelhada voadora ou cotovelada rodada quando o oponente achar que vem um chute baixo. Com o ritmo sob controle, o campeão deverá passar para o clinch e as quedas, usando seus cotovelos em forma de navalha quando depositar seu corpanzil por cima. A expectativa é que Jones mantenha o cinturão com uma interrupção na segunda metade da luta.
Peso meio-pesado: Phil Davis (EUA) vs Anthony Johnson (EUA)
Davis (12-1 no MMA, 8-1 no UFC) faz parte de um seletíssimo grupo: o de estrangeiros que venceram dois brasileiros no Brasil. Aliás, suas quatro últimas vitórias aconteceram sobre brasileiros (Rogério Minotouro, Wagner Caldeirão, Vinny Magalhães e Lyoto Machida em combate de resultado controverso). Entre Minotouro e Caldeirão, a derrota para Rashad Evans.
Muito forte fisicamente, principalmente na parte do tronco, Davis é um dos melhores wrestlers da categoria, campeão da Divisão I da NCAA que aplicou pelo menos uma queda em todas menos uma luta que fez no UFC. Seu kickboxing está em constante evolução, apesar de lhe faltar poder de nocaute. No solo, Davis raramente perde posição e é capaz de tirar finalizações da cartola como a kimura modificada que aplicou em Tim Boetsch ou o triângulo de mão invertido sobre o hoje parceiro de treinos Gustafsson.
Depois de abusar da paciência do UFC ao falhar miseravelmente em várias pesagens, Johnson (16-4 no MMA, 7-4 no UFC) foi demitido após ser finalizado por Vitor Belfort no UFC Rio 2. Foi a melhor coisa que lhe aconteceu. “Rumble” resolveu lutar como meio-pesado, mais condizente com seu 1,88m de altura, e finalmente mostrou sua capacidade destruidora no Titan FC, XFL e WSOF.
Sem precisar baixar de 100 quilos para 77, Johnson passou a lutar em bom ritmo por mais de um round, mostrando sua combinação de kickboxing com wrestling. Porém, apesar de ser competente nas quedas e no clinch contra a grade, seu forte mesmo é a troca de golpes, seja atacando ou contra-atacando com violentos socos e chutes.
Por um lado, Davis leva larga vantagem na luta agarrada. Por outro, Johnson é um verdadeiro artista do nocaute. Será importante que Phil seja astuto na transição da longa distância para o clinch, principalmente no primeiro round. Controlando Johnson no chão, Davis deixará encaminhada uma vitória por decisão.
Peso médio: Luke Rockhold (EUA) vs Tim Boetsch (EUA)
A elevada moral de Rockhold (11-2 no MMA, 1-1 no UFC), campeão do Strikeforce que vencera Ronaldo Jacaré e Tim Kennedy, foi seriamente abalada logo ao chegar no UFC, nocauteado no primeiro round, cortesia do 2013 assombroso de Vitor Belfort. Recuperado do violento nocaute sofrido em Jaraguá do Sul, Luke voltou a mostrar seu talento ofensivo ao dar cabo de Constantinos Philippou ainda no primeiro round, em janeiro, no segundo card do ano.
Rockhold é um faixa marrom de jiu-jítsu de Dave Camarillo, quando o desenvolvedor da Guerilla Jiu-Jitsu ainda puxava treinos na American Kickboxing Academy. Porém, apesar de ter conquistado metade das vitórias por finalização (foram quatro mata-leões seguidos e uma chave de braço na primeira luta da carreira), o lutador fez fama com um kickboxing tecnicamente acima da média, com combinações em grande quantidade de golpes e chutes variados – ele nocauteou Philippou com uma canelada na linha de cintura, movimento pouco visto no MMA.
Com quatro vitórias seguidas desde que baixou de categoria, Boetsch (17-6 no MMA, 8-5 no UFC) viu a perspectiva de se tornar desafiante ao cinturão ruir. Se não tivesse recebido de presente dos juízes a vitória sobre CB Dollaway, o Bárbaro agora estaria na corda bamba, vindo de três derrotas consecutivas, já que perdera para Philippou e Mark Muñoz.
Ex-wrestler da Divisão I da NCAA, Boetsch tem um bom arsenal de quedas – o harai goshi aplicado em Nick Ring foi de cinema -, mas costuma perder posições no chão. Seu ponto forte na luta agarrada é o clinch, de onde dispara verdadeiras bombas no dirty boxing como as que liquidaram Yushin Okami. Tim também é graduado em jeet kune do, mas é tecnicamente inferior a Rockhold na troca de golpes nas longa e média distâncias.
A tarefa de encurralar Rockhold contra a grade para trabalhar no clinch será árdua para Boetsch, já que a movimentação lateral recheada de socos e chutes do oponente atrapalha a aproximação. Como não é dos mais técnicos trocando, provavelmente o Bárbaro será induzido a um duelo de gato e rato, onde passará todo o combate buscando a direita redentora enquanto recebe toda sorte de socos e chutes com Rockhold controlando a distância. O palpite é que o ex-campeão do Strikeforce vença por nocaute ou finalização no terceiro assalto.
Peso leve: Jim Miller (EUA) vs Yancy Medeiros (EUA)
Desde que bateu de frente com Ben Henderson numa luta que era praticamente uma eliminatória para o título, Miller (23-4 no MMA, 12-3 no UFC) entrou em fase gangorra. Alternadamente, venceu uma e perdeu outra quando foi finalizado por Nate Diaz e Pat Healy (esta ficou sem decisão após o vencedor ser pego no antidoping) e bateu Melvin Guillard, Fabricio Morango e Joe Lauzon, este na melhor luta de 2012.
Apesar da irregularidade, Miller é tecnicamente um dos melhores lutadores da divisão. Faixa preta de jiu-jítsu com base no wrestling, ele tem um muay thai decente, muito útil na missão de encurtar distância à base de alto volume de golpes, sempre deixando os oponentes ocupados. Fora isso, Jim tem uma mentalidade ofensiva que sempre o conduz para a frente no octógono, carregado por um condicionamento físico acima da média e coragem para trocar socos no pocket contra qualquer um. A força física às vezes o deixa em má situação, como aconteceu nas disputas de clinch com Henderson e Healy, mas nem isso faz Miller parar de buscar o ataque o tempo inteiro.
O havaiano Medeiros (9-1 no MMA, 0-1 no UFC) chegou ao UFC como um prospecto a se prestar atenção, mas não tem dado muita sorte no octógono. Ele estreou contra a máquina de derrubar russa Rustam Khabilov e deslocou o polegar ao defender um suplê. Na luta seguinte, nocauteou Yves Edwards, mas viu o resultado passar a no contest depois de ser flagrado com maconha no antidoping. Depois de cumprir suspensão, ele voltaria no card preliminar, mas mudou de posição para substituir Bobby Green, oponente original de Miller.
Medeiros chegou a ficar três anos sem lutar antes de estrear no UFC. No período, o ex-Strikeforce baixou de meio-pesado para leve, cortando mais de 20 quilos no processo desde que passou a treinar e a se alimentar com os irmãos Diaz (pelo resultado de seu antidoping, pelo visto ele andou praticando outras coisas com Nate e Nick Diaz). Kickboxer de talento, ele se diz ainda mais forte agora do que na categoria mais pesada.
Este combate representará um forte teste para Medeiros, talvez acima de sua condição no momento. Contra Edwards, o havaiano mostrou boa movimentação, mas deixou brechas na troca de golpes que deverão ser bem exploradas pela pressão do fluxo de Miller. Como Jim não para de avançar, mesmo sob fogo cerrado, não é difícil imaginar que ele buscará cortar a distância, chegar ao clinch, derrubar e finalizar. Resta saber quanto tempo ele vai levar para alcançar a meta.
Peso pena: Max Holloway (EUA) vs Andre Fili (EUA)
Apesar de ser um dos atletas mais jovens do plantel do UFC, com 22 anos, Holloway (8-3 no MMA, 4-3 no UFC) já junta ótima experiência de octógono. É verdade que caiu quando o nível da concorrência foi elevado – Dustin Poirier, Conor McGregor e Dennis Bermudez (este, em resultado muito controverso) -, mas mostrou qualidades na troca de golpes, coragem para encarar qualquer tipo de concorrência e tempo de desenvolvimento suficientes para um futuro no mínimo confortável na organização.
O que mais chama atenção no jogo deste havaiano é o boxe de combinações versáteis, com ótimo trabalho na linha de cintura dos oponentes (Pat Schilling deve ter urinado sangue por dias depois da luta contra Max, tamanho o castigo que sofreu na região abdominal). Mais um atleta orientado ao ataque, muito agressivo, Holloway encontra dificuldades na luta agarrada, o que provavelmente será explorado no sábado.
Fili (13-1 no MMA, 1-0 no UFC) é mais um talento das categorias mais leves que o Team Alpha Male despeja no UFC. Em seu único compromisso na organização atual, que ele aceitou de última hora, Fili reforçou a impressão de prospecto a se acompanhar no nocaute técnico aplicado em Jeremy Larsen.
Diferentemente do padrão da equipe, de jogo baseado no wrestling e forte ritmo no solo, Fili se parece mais com o (praticamente ex) técnico Duane Ludwig. Mais alto que seus companheiros de time, Andre deposita suas fichas no kickboxing de movimentação lateral bem aprimorada e bom controle de distância, lançando combinações extensas e golpeando de variados ângulos.
Fili até tem o wrestling e o ground and pound para tirá-lo de enrascada caso a trocação contra Holloway se mostre complicada. Porém, possivelmente veremos um animado duelo disputado em pé, com o havaiano tentando puxar o ritmo e o adversário contragolpeando enquanto circula no octógono. No fim, o Alpha Male deve sair com uma vitória por decisão.
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Jon Jones deixou de lado os olhares tortos e enfim encarou Glover Teixeira como manda o ritual. O atual campeão dos meio-pesados e o desafiante bateram 93kg na balança de Baltimore (EUA) nesta sexta-feira, exatamente o limite em lutas em que há cinturão em jogo, e confirmaram o duelo de sábado no UFC 172. Na hora do cara a cara, eles foram logo se cumprimentando, e então Jones olhou fixamente para Glover e se aproximou do adversário. Antes disso, quando subia ao palco, o americano levou tapas na cara de seus dois irmãos jogadores da NFL (liga de futebol americano), Arthur e Chandler Jones, que o acompanharam durante a pesagem. O evento na Baltimore Arena teve todos batendo os pesos de suas respectivas categorias.
- Ele é um ótimo lutador. Tem todas as armas. É um grande campeão, mas vou tomar o cinturão dele amanhã (sábado) - afirmou Glover Teixeira ao fim da pesagem, seguido de Jon Jones:
- Quero dizer que amo vocês. Amanhã vou para mais uma defesa de cinturão. Prevejo a vitória.
A peso-galo Bethe "Pitbull" Correia foi a primeira representante do Brasil na balança. Ela bateu 61,2kg e foi só sorrisos para o público. Mas a expressão mudou na hora da encarada contra a grandona Jessamyn Duke, que pesou 61,5kg. Bethe deu passos à frente e olhou para cima, deixando seu rosto próximo ao da americana.
No coevento principal, a expectativa estava em cima de Anthony Johnson, que foi demitido do UFC em 2012 após não bater o peso. Mas desta vez ele cumpriu seu papel, cravou 93kg e confirmou o duelo contra Phil Davis, que bateu 93,2kg. A encarada entre os dois foi tranquila.
Além dos tapas em Jon Jones, a parte curiosa ficou com o peso-mosca Joseph Benavidez, que inovou ao subir ao palco já de cueca, sem precisar tirar a roupa. Ele vai enfrentar Tim Elliott. E também com o peso-pena Andre Fili, que vai encarar Max Holloway. Fili fez um sinal para a ring girl Arianny Celeste antes de se pesar, como se estivesse dando em cima dela.
Veja o card completo, com os pesos batidos pelos atletas:
CARD PRINCIPAL
Peso-meio-pesado (até 93kg): Jon Jones (93kg) x Glover Teixeira (93kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg*): Phil Davis (93,2kg) x Anthony Johnson (93kg)
Peso-médio (até 84,4kg*): Luke Rockhold (84,1kg) x Tim Boetsch (84,1kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Jim Miller (70,3kg) x Yancy Medeiros (70,5kg)
Peso-pena (até 66,2kg*): Max Holloway (65,8kg) x Andre Fili (65,8kg)
CARD PRELIMINAR
Peso-mosca (até 57,2kg*): Joseph Benavidez (56,9kg) x Tim Elliott (56,9kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Takanori Gomi (70,5kg) x Isaac Vallie-Flagg (70,5kg)
Peso-galo (até 61,7kg*): Jessamyn Duke (61,5kg) x Bethe Correia (61,2kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Danny Castillo (70,8kg) x Charlie Brenneman (70,5kg)
Peso-galo (até 61,7kg*): Chris Beal (61,2kg) x Patrick Williams (61,2kg)