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Mac in Touch #44 - Money in the Bank 2013 - Análise combate-a-combate (parte II)


Mais um PPV, mais uma análise. Esta chega bem cedinho, como os leitores do Wrestling Notícias merecem. Houve disponibilidade para isso e aqui fica já a última parte de análise escrita ao Money in the Bank.

Por uma questão de coerência, deixei os combates Money in the Bank para último, como já expliquei, assim como, logicamente, os combates pelos títulos a que os vencedores das contendas de escadote terão direito a lutar...
Obrigado a todos pelos comentários, fico muito agradecido por todos eles. Forte abraço.

Money in the Bank 2013 - Análise combate-a-combate (parte II)
Combate Money in the Bank pela oportunidade de lutar pelo título Mundial de pesos-pesados
Antonio Cesaro vs Jack Swagger vs Dean Ambrose vs Damien Sandow vs Cody Rhodes vs Fandango vs Wade Barret

Não que o combate tenha tido ausência de resposta do público, mas aquilo que aconteceu antes do mesmo (declarações de Zeb Colter e dos Rhodes Scholars) pode ter potenciado os “wow” e os “this is awesome” a cada spot executado pela aproximação do público à contenda. Uma coisa é certa, a responsabilidade dessas reacções não esteve no build up na mesma...

... que, vá lá, nem precisava para que o público aderisse de forma apaixonada ao mesmo. A audiência era propícia ao hardcore, e os spots executados ajudaram à festa. Foi, portanto, um spotfest como se esperava que fosse e não pecou pela originalidade – Wade Barrett pegou num degrau do escadote para atingir Sandow, Ambrose (apesar de ter falhado à primeira) protagonizou um spot impressionante onde deu uma cambalhota de forma a posicionar-se em cima de um escadote colocado horizontalmente por Swagger e Cesaro sobre a sua cabeça depois de o ter utilizado ao pescoço e ter afastado vários adversários, Rhodes esteve brilhante quando esteve prestes a vencer o combate pela primeira vez ao usar os Cross Roads de forma fantástica para gaúdio do público seguindo-se uma sequência em que as suas expressões faciais fizeram o momento na escolha do escadote maior. O final foi brutal e surgiu no pico do combate, precisamente quando se pedia um desfecho, e não poderia ter sido melhor!

Em termos de psicologia de ringue, então, tivemos um excelente combate excetuando um ou dois spots (como quando Cesaro pegou Ambrose pelo pescoço no topo de um escadote e o atirou sem grande convicção, ou quando o mesmo Ambrose caiu perante uma chapada de Rhodes à qual demorou a reagir).

Já no que toca ao storytelling, como é natural neste tipo de combates, não houve muita sequência lógica desde logo pelo (apesar de necessário) underselling e a troca constante entre os intervenientes no ringue que fez lembrar alguma sincronização. São erros desculpáveis dada a necessidade de isso acontecer de forma a proporcionar entretenimento ao público mas não que negar que pecou pela falta de lógica, apesar de algumas subtilezas interessantes como as alianças exercidas logo no início... e, por falar nelas e falta de lógica, porquê Cesaro e Swagger a colaborarem para ser o primeiro a ganhar o combate e não o segundo? Careceu de explicação.

O entrosamento entre os membros do combate pareceu adequado e a duração, já se sabe, nunca é demasiado longa neste tipo de contendas.







Total: *** 1/4


Combate pelo título Mundial de pesos-pesados
Alberto Del Rio (c) vs Dolph Ziggler

Uma história há 3 meses a ser construída traz outro tipo de atenção para o combate respetivo do que um que tenha 3 semanas de preparação. Estes dois andam pegados desde a noite após a Wrestlemania 29, quando Ziggler usou a mala Money in the Bank para conseguir o título Mundial de Pesos-Pesados. Entretanto lesionou-se, e Del Rio foi forçado a lutar pelo direito de reaver o que tinha perdido, no Extreme Rules. Conseguiu ganhar o direito de lutar pelo título Mundial frente a Jack Swagger e encontrou “Ziggy” no Payback, onde, em pleno combate, trocou de papéis com o seu adversário, assumindo-se como heel e aproveitando a lesão (por sinal, na zona da cabeça) deste para conquistar o título. Esta brusca mudança de direção fez todo o sentido e deu pernas para andar a esta rivalidade, com a justificada sede de vingança por parte de Ziggler a assumir o pano de fundo das últimas semanas. Tudo isto é necessário dizer para entender o porquê do público estar tão agarrado a este combate e tão familiarizado com as duas personagens. O double turn protagonizado no Payback ajudou muito a esta rivalidade e aos combates da mesma, já que, finalmente!, há um consenso no apoio a um lutador por parte do público – Dolph Ziggler – e um vilão declarado – Del Rio.

Estes dois lutadores não precisavam de uma história tão bem construida para puxar pelo afeto do público. A simpatia que Ziggler recolhe é contagiante e qualquer que seja o seu adversário, arrisca-se a ser apupado... se fôr alguém de quem o público não goste, ainda melhor. E foi esse ambiente que se viveu. Uma autêntica batalha com o jogador da “casa” a beneficiar do apoio do público e a tornar o combate ainda mais emocionante pela vivacidade do mesmo, assim como a figura de vilão em Del Rio. Para além disto, o uso intelegentíssimo do Fam-asser após uma primeira tentativa falhada, a troca de murros, o uso das cotoveladas características de Ziggler cedo no combate, as manobras em desespero por parte de Del Rio para travar o ímpeto do seu adversário e ainda o recurso a pontapés e murros à cabeça dele foram qualquer coisa de fantástico, obrigando-nos a estar atentos ao combate.

Em termos de storytelling, a contenda também merece elogios apesar da tentativa de pin por parte de Ziggler logo no início do combate não ir de encontro ao passado histórico do mesmo – fazia mais sentido querer vencer massacrando o seu oponente depois de tudo o que este o fez passar e não obter uma vitória demasiado rápida. A troca de domínios inicial fez todo o sentido, assim como o facto de não termos um dominador evidente durante o combate já que Ziggler queria vencer para retomar o título e conseguir vingança e Del Rio, como ficou visto, é um lutador que faz tudo pelo cinto adotando qualquer estratégia que lho permita conquistar independentemente da sua controvérsia. A linha seguida pelos lutadores foi positiva e lógica, daquele tipo de fio de história cujos pormenores não interessam mas sim o cômputo geral da mesma e da qual se retira o que de melhor se quer e deve retirar dela e não aquilo que é mais irrelevante.

Até o final se aceita. Lembro-me de uma AJ Lee escandalizada pelo que Del Rio fez ao seu namorado no Payback e é crível que não quisesse que se repetisse o mesmo, intervindo no combate de qualquer forma para assegurar o bem-estar dele. No entanto, isso prejudicou a duração do combate pela forma abrupta como foi terminado.

De resto, excelente combate.






Total: *** 3/4



Combate pelo título da WWE
John Cena (c) vs Mark Henry

A história que suportava a este combate ajudou ao “big fight feel” que se sentiu antes do mesmo: Henry simulou que se ia reformar numa perfomance brilhante (possivelmente A promo do ano), colocando o nome/honra dos filhos em jogo para poder ser levado a sério e atacar Cena. É o sinal do quanto se importa com o título da WWE e esse simples fato chama a atenção do fã coum. Do outro lado estava uma estrela com carisma e a quem ninguém fica indiferente. Ou seja, o apelo ao público era grande e, por isso, a psicologia de ringue já ganhava pontos... e isso prolongou-se ao longo do combate pese embora o domínio de Mark Henry, que foi nota dominante, mas que soube gerir as coisas de forma a não tornar o combate aborrecido.

Em termos de storytelling foi perfeitamente lógica a vantagem adquirida por Henry cedo no combate tanto pelo jogo psicológico de que beneficiou à priori como pela notória diferença corporal entre ambos os lutadores. A forma como se manteve por cima no combate foi qualquer coisa de fantástico, conseguindo dar lógica a um combate de um só sentido e não o tornar aborrecido. O pior foi o final que, apesar de servir os propósito da WWE e da própria indústria no que toca à sua sustentabilidade (pela manutenção do necessário conceito de “superman”), não teve muita lógica pelo domínio exercido por Henry e pela suposta vontade do mesmo em conseguir adquirir o título, contradizendo-se a história com um desistir rápido ao STFU.

Cena vendeu bem as manobras de que foi alvo e passou, para o público, de forma eficiente, a superioridade do seu adversário. Isto revela entrosamento e uma boa química entre dois lutadores de quem não esperava um combate técnico ou cheio de spotfest’s, mas que acabaram por proporcionar um combate entretido.

O final chegou de forma abrupta e ilógica, sendo necessário mais tempo para haver a transição para a conquista do título por parte de Cena face ao longo domínio de Henry durante o combate. Ou seja, o combate foi demasiado curto para o que dentro dele se passou e não serviu os propósitos lógicos.







Total: ***


Combate Money in the Bank pela oportunidade de lutar pelo título da WWE
CM Punk vs Christian vs Daniel Bryan vs Randy Orton vs Rob Van Dam vs Sheamus 

O star power presente neste combate era suficiente para pôr um público de gente menos sensível ao espetáculo dentro dele. Eram nada menos de 6 ex-campeões mundiais/da WWE que estavam no mesmo ringue ao mesmo tempo, com toda a popularidade que lhes está inerente – RVD beneficiava do fator “casa” e de um build-up de um mês rumo à sua estreia, Orton e Sheamus recebem sempre grandes pops, tal como Punk e Daniel Bryan está num fantástico estado de graça.

A construção que antecedia o combate não era muito boa, mas sempre era melhor que o outro MITB e acabou por ser indiferente no que à psicologia de ringue diz respeito – tínhamos uma autêntica constelação no ringue, e um público ferveroso que (ainda) reagiu aos spots como se não tivesse estado sentado 3 horas no mesmo sítio. Congratulato o público e os atletas por terem mantido o combate “vivo” e o terem transformado em algo tão belo de se ver como foi este Money in the Bank, não só pelos spots, mas pela gestão de algumas manobras e o tempo dedicado a cada lutador- desde o início espampanante de Rob Van Dam a que se sucedeu um ataque de todos os lutadores, passando pela fantástica sequência de manobras executadas por Daniel Bryan e pelo ataque de Heyman a Punk e terminando com o brutal RKO como spot final.  Talvez o spot em que todos caíram ao mesmo tempo (onde também aqui tenho de encontrar brilhantismo, com Punk a mandar fora do alcance das mãos a mala que todos procuravam) tenha sido o único em que houve alguma trapalhice, mas até aí se ficou bem na fotografia.

Em termos de storytelling, ao contrário do combate de abertura, este conseguiu ser bem sucedido. Desde logo com a “eliminação” sucessiva de lutadores sobrando apenas Daniel Bryan e CM Punk que conseguiram causar frenesim no público, sucedendo-lhe outros lutadores no ringue de forma quase sempre lógica, entrando uns e saindo outros com toda a credibilidade. A forma como os lutadores foram afastados também foi excelente – Christian com um Five Star Frog Splash do topo de um escadote (cortesia de RVD); Sheamus com o spot brutal da queda que fez partir a escada (com Daniel Bryan como responsável); Bryan pelo ataque de Curtis Axel; CM Punk com o arrepiante ataque de Paul Heyman, atirando um escadote à sua cabeça; e claro, Rob Van Dam com aquele RKO sofrido em ato contínuo com a queda do escadote. Tudo justificável e em consonância lógica com o resultado final.

Senti que o combate teve demasiado “meio”. Isto é, o início e o fim foram bem doseados, mas aquilo que esteve entre eles demorou um pouco mais do que o que devia...

... mas é algo quase irrisório entre tanta espetacularidade.






Total: ****

NOTA FINAL DO PPV: 3,25/5
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