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Slobber Knocker #43: A pedido de muitas famílias...


… Ou de duas vá. Para a quadragésima terceira edição do Slobber Knocker, respondo ao pedido de um leitor. Numa altura em que ando a ver se consigo arrecadar perguntas para uma edição de “Q&A”, alguém preferiu lançar-me uma espécie de desafio – que na verdade era mais um pedido – para algo que eu escrevesse.....

É que até veio a calhar porque eu não sabia bem sobre o que escrever para esta semana, como me acontece em 80% das semanas. Mas fui pedido por um gentil leitor para que escrevesse sobre a TNA. Não é um assunto exclusivo, já escrevi sobre a TNA, incluo-a sempre em artigos de listagens, recentemente falei sobre o novo sistema de PPV e faço sempre os rescaldos dos seus grandes PPV’s. Leva-me a crer que o pretendido seja apenas um artigo generalista, um destaque, uma menção privada honrosa.

Mas porque será? Noto através de leitores que sentem que exista algum escárnio por parte deste site em relação à companhia, algo que não noto de todo. Será a má reputação que a companhia colocou em si mesma há uns anos atrás que agora está difícil de superar? Ou será que os leitores agora encontram-se mais defensivos ao deparar-se com um acréscimo de qualidade que não acreditam que esteja a ser devidamente creditada? Não tenho a certeza, até porque sempre fui dos mais neutros no que diz respeito ao que cada companhia faz, ao que cada uma vale, às asneiras que faz, etc.

Acho que é por aí que começo então. Quando comecei a ver, a impressão que tinha da companhia, o que sentia na altura, o que mudou desde então. 
 
Eu e a TNA


Comecei a acompanhar muito recentemente. Talvez demasiado recentemente. Tinha total conhecimento sobre uma tal companhia secundária. Conheci-a talvez por volta de 2006, quando estava nos meus inícios a assistir a WWE e falava-se na tal companhia com um ringue esquisito que tinha vários tipos que antes faziam parte da WWE. E dava na EuroSport. Nunca a apanhei devido ao pouco acesso que eu tinha à TV e aos difíceis horários.

Desde então, desvaneceu o interesse nacional pelo wrestling e a minha atenção também se tornou quase nula. Já bem depois de ter retomado o meu seguimento à WWE, ainda bem consciente da sua existência e importância e até de parte do seu plantel, lembrei-me: e então e a TNA? Sabia bem dela, sabia bem do seu impacto e até sabia um pouco da sua reputação. Mas porque não acompanhá-la?


Verão de 2011. Eu disse-vos que tinha sido muito recente. Mas que tremenda pontaria. Acertei numa fase de transição. Muitos esperariam intencionalmente por uma altura assim para começar a ver: programa novo, cara lavada, é uma boa altura para começar. Comecei aí mas por mera coincidência. Sabia lá eu que o Impact! ia mudar para Impact Wrestling. Apenas tive um gesto impulsivo em que pensei “Vou começar a ver a partir do próximo PPV!” Era o Sacrifice. Com um main event entre Sting e Rob Van Dam. Foi nesse PPV que anunciaram a mudança e foi no Impact seguinte que vieram com cara nova. Apanhei aí por coincidência.
E que impressão tive eu desse PPV? Nada de mais. Nada de mal a apontar, nada que me exaltasse demais. Vi uns lutadores que gostava, outros que gostei de recordar – fã instantâneo da gimmick de Brian Kendrick – e uns combates porreiros. Mas sempre aquele feeling mediano. O mesmo se viria a passar com os programas semanais e seguintes PPV’s. Não eram maus, mais uma vez, tinha bons combates, às vezes grandes combates – como aquele tremendo Last Man Standing entre Bully Ray e AJ Styles no Slammiversary, cujo fim foi a única coisa que não gostei – bons lutadores lá presentes. Mas também com muitas falhas. Qual o problema?

Comecei a ver TNA numa má altura.

Estes foram basicamente os últimos passos que se deram das más ideias que predominavam vindas de uma equipa de cabeças já infame e que se prolongaram até ao início de 2012 mais ou menos.

Vince Russo a fazer das dele, Hulk Hogan e Eric Bischoff a fazer daquilo quase o “Hogan & Bischoff Show”, combates bons que eram imediatamente manchados por um final mal pensado – é aí que entra o cérebro de Russo – uma mal pensada rivalidade entre grupos com os Immortal e os Fortune que tinham tanto potencial e talento em cada um e teve tão pouco fruto e as palavras “Wrestling Matters” estampadas na arena em episódios que às vezes tinham metade do programa com o Bischoff a queixar-se de alguma coisa.

Mas eu via na mesma. Não sou daqueles de “não presta, não vejo mais.” Prestava mas com as suas falhas. E mesmo com isso, havia algo na sua duração que me mantinha o interesse, porque em nenhum momento me sentia aborrecido e pensava “vou desligar isto e ver outra coisa”. Posso dizer que apenas senti sono durante o Hardcore Justice desse ano, mas creio simplesmente que era eu que não tinha o sono muito em dia. E via sempre porque havia algo que me fazia ver outra vez e algo que me puxasse. Uma delas até podia ser a esperança de que melhorasse.

Mas afinal o que é que constituiu a “fase negra” da TNA?

Os erros


Vejamos. A companhia agora tem 10 anos, mais coisa menos coisa. Se eu me lembrar de mim quando tinha 10 anos, muito fino não era. Portanto compreenda-se que é normal que haja alguns trambolhões num trajecto vital na procura de novos métodos e novas experiências, ainda para mais numa empresa jovem. Poças, a WWE tem os anos todos e ainda faz asneiras com regularidade!

E a astuta mas ingénua Dixie Carter tinha que ir aproveitando algumas coisas. A companhia tinha os seus “poster boys”, aqueles “originais” do sítio e que colocaram a TNA no mapa. Essa foi a primeira parte da notabilidade, a segunda foi por ser porreiro para poder rever alguns talentos que faziam parte da WWE anteriormente. Caramba, tinham o Kurt Angle! Tinham o Jeff Hardy! O Raven, com quem ele teve uma feud épica! Team 3-D! E olha tão bem que eles aproveitaram o Christian! Até aí impecável. Pensava-se “este tipo anda a ser desperdiçado na WWE, não tarda nada é despedido e vai para a TNA onde finalmente tem o destaque e tratamento que merece”.

Era bom mas parece que começaram a ficar sedentos e a querer basear-se demais nisso. Em 2010 tínhamos Kevin Nash ou Scott Hall como membros activos do plantel. Hulk Hogan veio para mostrar que já não pode ou consegue lutar, mas que ainda é ele que importa. Ric Flair que é tudo menos jovem e com um aspecto ainda pior veio para continuar a cortar-se – mas o segmento que teve com Jay Lethal até fez valer a pena. E o Sting, por muito bom que seja e por muito boa forma em que ainda se encontre, já não é tempo para ainda andar a ganhar títulos mundiais. E para juntar, foram buscar uma equipa também veterana para os bookings, mas cujo “veteranismo” nem sempre se associa a coisa boa.


Não correu assim tão bem. Teve os seus bons momentos e manteve sempre a nostalgia lá no alto para muitos. Felizmente parecem ter notado e não creio que procurem isso agora. Já têm o seu próprio território de desenvolvimento, têm o “Gut Check” como uma medida para resgatar malta nova, têm um main event e midcard alto repleto de atletas no topo da sua condição e a ser recompensados pelo seu trabalho e não pelo seu nome.

E quanto aos erros, não penso referir-me a más ideias para storylines. Isso há em todo o lado, em qualquer momento. Seja na TNA, na WWE, na independente que luta num ginásio para 14 pessoas, agora, antigamente, na tão glorificada Attitude Era, nos estados iniciais ou finais de cada companhia. O wrestling é um negócio difícil e com a procura de algo que inove, mantenha interessa e seja versátil. Muita asneira sai daí. E vai sempre sair, mentalizemo-nos.

Mas vamos então ver como é que ela anda agora?

TNA hoje em dia, ponto por ponto

Ora deixa cá ver algo que tenha a apontar na actual programação do Impact Wrestling:

O main event: Tem-me satisfeito. E mais recentemente tem-me satisfeito bastante, quando incluía os meus favoritos Austin Aries e Bobby Roode. Têm tratado o título mundial como deve ser: a principal prioridade e que leve os melhores combates da noite – nisso ajuda que também seleccionem os lutadores ideais para o fazer. Quanto ao Campeão em si, crio um novo tópico.

A recompensa a Jeff Hardy: A atribuição do cinturão principal a Jeff Hardy um ano e meio depois de ter causado bronca é algo que deixa alguns fãs cépticos. Alguns não conseguem ainda olhar para Jeff actualmente sem ver a figura que fez no Victory Road de 2011 e não aceitam que o maior prémio lhe seja atribuído. Para ser muito sincero, vejo uma redenção a sério por parte do ex-Hardy Boy. Mesmo que já não seja a primeira vez, parece que vejo muito mais dedicação nesta. E para justificar faço um paralelismo simples: Victory Road 2011 fez aquela figura de urso. Victory Road 2012 e teve o combate da noite, com Kurt Angle. Já ganha o meu respeito. E até então não tenho tido nada contra o seu reinado, mesmo que muitos os vejam como o Cena da TNA, ainda não houve nada que me desagradasse, muito menos os combates…

O midcard: Algo que eu noto na TNA desde sempre. Não parece haver um midcard tão bem definido. E se está, é por uma linha muito ténue. Vejo lutadores a saltar em candidatura pelo título Mundial e de TV e uns saltos até à X Division. É claro que há aqueles lutadores que não os vemos como “lutadores de fechar” como Magnus, Gunner – que nem sei onde ele anda -, Hernandéz, Chavo Guerrero, Kazarian – apesar de eu adorar o tipo – ou qualquer um na X Division que não seja o RVD. Mas se o midcard foi referente a alguém que não esteja no main event no momento, então posso dizer que sucedem em criar vários pontos de interesse em todo o programa em vez de nos fazer só esperar pelo fim. Apenas façam menos “Bro Downs”, por favor…

Aces & Eights: Receberam o prémio anual da WON para “Pior gimmick”, mas talvez seja só pela inspiração mais vincada na série Sons of Anarchy. Porque a história tem sido interessante. Gosto da originalidade das suas entradas e gosto das surpresas e da imprevisibilidade que levam, assim como a sua atitude de destruir tudo para mostrar que são Heels credíveis e temíveis. Já muitos se juntaram ao grupo e é por esse caminho que não quero que vão: até agora ainda está bem, mas muitos grupos perdem o interesse quando começam a entrar uma data de novos membros, a sair outros, a mudar e ao fim já são uma pobre cópia do que eram ao início. Muitos grupos, em várias companhias, tiveram esse infeliz desfecho e não gostava de ver isso a acontecer com os motards.

Divisão feminina: É uma má era para o wrestling feminino em todo o lado. A TNA foi sempre estando à frente no que diz respeito às mulheres, não propriamente porque tenham mais talento, mas porque dão uso propriamente dito às suas talentosas, enquanto na WWE têm-nas mais a encher ou a apaijar gigantes que mal caminham. Parece que em ambos os lados existe a vontade de querer arrebitar esta divisão e eu sou totalmente a favor. E eu, como feminista até, quero que as mulheres tenham um papel importante na programação de wrestling, sem ter que tirar roupa para agradar frustrados. É esperar que isso aconteça.


Divisão Tag Team: Outra divisão moribunda a nível geral mas que está a ser trabalhada de formas diferentes nas duas grandes companhias. Enquanto a WWE está a construir uma divisão propriamente dita e a vender-nos possibilidades e variedades de pretendentes aos títulos de pares, a TNA parece estar a trabalhar em manter valor e notoriedade nos cintos sem os deixar desvanecer e formar uma aliança de cada vez para cada nova rivalidade. Não vemos equipas à espera da sua chance, mas vemos uma aliança nova logo a seguir a outra a mostrar interesse em reter aqueles valiosos cintos. É uma boa maneira? Não posso dizer que seja ou que não seja, mas vai tendo resultados. Se os Campeões não me são assim tão notáveis, é só porque não gosto tanto deles – mas mudou agora para os meus dois favoritos, olha que sorte!

O TV Championship: Este desgraçado, houve uma altura em que devia valer uma moeda de cêntimo. Entretanto voltaram a preocupar-se em dar-lhe valor. Mas não conseguem manter-lhe muita atenção. Tentaram a medida de ter o cinto a ser defendido todas as semanas, mas foi de pouca dura. Actualmente o Campeão é um tipo notável e importante na programação. Mas lembramo-nos dele e não que ele tem um cinto. Não anda assim no seu melhor e se é para continuar então têm que trabalhar um pouquinho nele…

As menções da WWE: Ao princípio fazia um bocado de confusão. Agora parece significar uma coisa: eles querem demonstrar que estão confortáveis com a sua posição e conscientes da competição, sem ter que fazer de conta que não existe mais nada. Ao início causava algum gozo e fazia esboçar aqueles sorrisos de estranheza a pensar “Ui, quem mesmo?” mas depois de mais “namedrops” dá-me a entender isso. O mais estranho foi o “daquele tipo conhecido como Mike Knox na WWE” que parece traduzir-se para “vocês certamente que vêem a WWE portanto lembram-se dele, se não, temos pena!” É curioso mas não vejo o mal de companhias dizer o nome umas das outras.

Os novos conceitos: O “Open Fight Night” e o “Championship Thursday” são porreiros, apesar que o “Open Fight Night” anda a ficar previsível e acabam por marcar combates normais que aconteceriam de qualquer maneira marcado por um General Manager. O “Gut Check” é uma boa ideia, apenas não gosto que eles nunca mais apareçam. Então para um gajo que tanto gostou da Taeler Hendrix… Não se faz…

Más storylines: Gosto de incluir isto como algo comum porque realmente é. Todas as companhias as têm frequentemente, é só questão de analisar o que elas fazem. No ano passado houve a Claire Lynch. Como raio é que aquilo culminou em combates épicos, só o Styles e o Daniels o conseguem explicar. Este ano temos a nova temporada especial do “Hogan Knows Best: Bully Ray Edition”. De imediato que não gostei da história dos Hogans e de Bully porque não via aquilo a ter qualquer culminação em ringue até há bem pouco tempo e mesmo assim foi depois de dispersar um pouco do tema inicial. Qualquer história tem que ter algum conflito, algo que desencadeie uma reacção entre dois lutadores para que se desdenhe um combate. Aqui via um tipo que já não pode lutar a suspender um lutador porque não queria que ele casasse com a filha. E foram a PPV… Falar do casamento. E ainda o que gosto menos na história – para além de ter os maus dotes de representação da família Hogan – é a parte de terem estragado uma grande parte da personagem de Bully Ray. Portanto até lhe deram com alguma força nesta má história, esperemos apenas que a resolvam e avancem sem que se tenham causado grandes danos.

Maus lutadores: Também temos que admitir que todas as companhias têm aqueles de “Oh meu Deus, lá vem este outra vez…” O Crimson mandaram-no de volta para a OVW, ao menos. Não sei se adianta, é que por acaso não lhe via potencial sequer. O Garrett Bischoff, a quem atribuo o prémio de “nabo nº1”, andaram a fazer pouco com ele e era suficiente. Veremos no que é que a sua aliança vai dar. O Matt Morgan, não gosto dele em ringue, mas não é propriamente mau e até ando a gostar da sua personagem. O Robbie T, parece que querem torná-lo Face, mas nem sei bem porquê, é o que tem os momentos menos bons quando assisto ao Impact. E o Jesse também, acho que só lá anda a meter nojo, só vale para quando ele leva porrada dalguma Knockout, que isso eu já gosto. Felizmente vão dando valor aos seus bons…

Nota: As secções "Más storylines" e "Maus lutadores" não são para ser consideradas como um defeito apontado à TNA. Eu é que considero mesmo isso algo como comum em todas as companhias, com direito à sua própria secção para análise.

Mais algum ponto que me tenha falhado mesmo que considerem importante, ou que queiram saber, podem sempre deixar nas perguntas para eu responder mais tarde… Já que eu ainda tenho isso em aberto.

 Com isto, avanço para um balanço conclusivo.

De modo geral


De forma muito geral, digo de forma muito simples, gosto da TNA. Porque não havia de gostar? Bom plantel, bons combates, entretenimento… E sou fã de wrestling, é mais um para acrescentar à grelha. Agora a complicada pergunta:

Será a TNA melhor que a WWE?

Não. É pior? Para ser muito sincero, também claro que não. Tudo a nível pessoal, claro. Qual é que prefiro? Ora, essa já é mais simples: a que estiver a ver no momento. Se estou a ver WWE, estou a gostar e é isso que quero continuar a ver no momento. Se estou a ver TNA, estou a gostar e é isso que quero continuar a ver no momento.

Para mim é mais uma para juntar à lista de wrestling à qual assisto, WWE, TNA, agora recentemente Ring of Honor, WWF antiga, ECW antiga, talvez pondere mais algumas indys, gostava de poder andar mais a par do wrestling Português.

Quanto à competição, isso é com eles. Eles é que têm os negócios, eles que se esforcem e que compitam entre si – de forma saudável, claro – e que dêem o seu melhor para colocar todas as semanas, a tempo e horas, um novo episódio para todos desfrutarmos. Nós temos a função receptora de gostar ou mandar para a beira do prato e, gostando de wrestling à séria, não é difícil conseguir gostar-se de tudo.

Toda uma mixórdia para dizer, em tom conclusivo, que acho descabido comparar a TNA à WWE. Ambas são boas, ambas têm defeitos. E eu cá vou assistindo às duas.

Quanto a uma palavra conclusiva em relação à TNA em si… Acho que é bem seguro dizer – e os fãs que confirmem, se for verdade – que 2012 foi o melhor ano para a empresa em muito tempo…

Por aqui fico e para a semana voltarei, mas agora já sabem:

Se tiverem algo que queiram saber em relação ao que eu penso quanto à TNA que não tenha mencionado no artigo, deixem nas perguntas. Se tiverem algo a questionar quanto à WWE, deixem nas perguntas. Se tiverem algo a questionar sobre o que eu ando a ver de antigamente, deixem nas perguntas. Se tiverem algo a questionar quanto a uma receita de sopa de cação que queiram fazer para o almoço este fim-de-semana, deixem nas perguntas. Só para lembrar que isto ainda se mantém.

Até à próxima, com os meus melhores cumprimentos,
Chris JRM

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