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Os melhores heels da história por Johnmds: Colocados 4, 3 e 2


O Professional wrestling é uma história a ser contada ao longo das gerações, e como toda a história, tem de ser completa. Não é a toa que são mais de cinco décadas de sucesso que se mantém com a fórmula concreta de produção com personagens. Existem os bons personagens e os personagens maus. Os mais importantes, os maus, são a base da pirâmide, ajudam a criar heróis e movimentam mercados. Nesta nova série do blog, elejo os 10 melhores heels de todos os tempos.

Os heels, ou vilões, são a essência para qualquer grande ação na luta-livre. Não se faz um face sem um heel, mas se faz um heel sem um face. Eles são como que a válvula para tudo funcionar bem e trazer uma tonalidade de credibilidade para os shows. Uma conversa bem conduzida ou golpes sujos prendem o espectador na televisão muito mais do que ver um sonho de um herói a se tornar realidade.

São eles que trazem emoção e momentos de torcida. Os nomes a seguir fazem parte do grupo célebre que abriu as portas para que se encorajassem e soubessem o modelo de um vilão, e não aquele que fala mal da cidade, mas o que pelo simples andar já tem de ser protegido por seguranças para que o público não o nocauteie. Agradeçam aos 10 títulos desta série e boa leitura.


Bobby Heenan, The Brain, hall of famer.

Bobby Heenan não era um lutador.

Mas foi melhor do que muitos lutadores combinados.

Heenan sempre foi um multi-talento. Desde que estreou na WWE a ser manager e coordenar carreiras, ele catapultou nomes como Paul Orndorff, Andre the Giant, King Kong Bundy, Brain Busters, Rick Rude, Harley Race e Mr. Perfect.

Muitas vezes, o “The Brain” era a máquina de vaias dos lutadores. Era ele que tinha o trabalho dobrado e agir em combates e ao mesmo tempo tornar seus pupilos e outros faces em estrelas de nível.

Todos ou quase todos os seus talentos viriam a se tornar oponentes de Hulk Hogan, que era indiscutivelmente a coisa mais quente na década de 1980 na WWE. Mas não só por alçar estrelas da forma como fez, mas Heenan também agia como se fosse um imã de heat.

As vaias eram sempre presentes e acompanhavam-no quer fosse o combate ou o lutador que estivesse a acompanhar.

E exatamente este era o papel de um manager: ser bom, não para si, mas para os outros.

E pela totalidade, Bobby era completo e não é a toa que é considerado por muitos como melhor manager de todos os tempos e o melhor heel dos 80’s. A arte de colocar outros over não é algo fácil. Não basta ser suficientemente grande para si.

Meus elogios não são exagerados. Basta ver que tão logo rumou aos comentários, Heenan obteve uma vez mais sucesso.

Sou um grande fã do seu trabalho a comentar. Ele é daqueles heels extremamente chatos que defendem até ao fim um vilão e são, apesar disto, um grande fator para tornar um combate atrativo. Muitas lutas eram boas em decorrência de suas palavras, quer ao lado de seu amigo pessoal e inimigo na televisão, com quem detinha uma química magistral, Gorilla Monsoon. Ou quer ao lado de Steve McMichael e Eric Bischoff.

O dom de falar é divino, entretanto ainda mais daquele que o doa para outros.

The Brain deveria ser levado como um exemplo para qualquer profissional da luta-livre, quer wrestler quer comentarista ou agente. Sua qualidade e sua rede de talento foram destaque por uma década (depois aumentado o tempo nos comentários) e sobrevivem até hoje na memória dos fãs que de certeza não esquecem o homem que amava ser odiado. E que amávamos odiar: Bobby Heenan.


Freddie Blassie, “Classy”, hall of famer.

Freddie Blassie é muitas vezes um heel esquecido.

Injustiça.

Em sua época, nos anos de 1960, havia um número ínfimo de pessoas em que pudesse se inspirar para criar seu papel. Talvez apenas Buddy Rogers, mas Blassie era ainda mais odiado.

Sua personagem foi moldada para o sucesso: como um arrogante e imponente sujeito de Hollywood, que tinha classe a esbanjar, com seu robes e maneira de agir e falar. Na realidade, muitas de suas características foram depois incorporadas por Ric Flair, que viria a reinventar-se em lenda ao adicionar mais alguns estilos.

Blassie é conhecido por muitos, até mesmo, como o primeiro dirtyest player in the game, um mestre ao usar artimanhas às costas dos árbitros, para conseguir ainda mais heat.

Ao microfone, sua excelência era provada com uma qualidade grande. Não havia absolutamente ninguém que conseguisse sair por cima em uma discussão com Freddie, afinal ele sempre tinha respostas prontas para todos insultos e replicava na altura.

Sua interação com o público era fenomenal. Sabendo da qualidade ao microfone e a forma arrogante como tratava a todos, bastava um minuto de falatório para milhares de pessoas vaiarem-no a plenos pulmões.

Inclusive, certas vezes eram precisos diversos policiais para conter o público, que desejava fazer justiça com as próprias mãos e bater no tão odiado vilão.

A forma como chamava os outros lutadores, “pencil-neck geeks” também tornou-se célebre. De fato, mesmo com vaias, seu fenômeno popular foi muito estridente, participando depois em shows de televisão com grandes como Andy Kauffman.

Seu prazer em irritar fãs era evidente. Em combates fáceis contra jobbers, onde não precisava usar de táticas sujas para ganhar, ele as fazia da mesma forma, pois o seu maior feito era conseguir entrar para a alma do público. Quem o vaiasse tinha a resposta do próprio Freddie: uma gargalhada.

Outro fator que lhe ganhou notoriedade veio antes de chegar a WWWF, quando ainda tinha a alcunha de The Vampire. O Hall of famer mordia os adversários até o ponto em que sangravam, algo que prosseguiria a fazer até se retirar dos ringues.

Sua vinda a WWWF era questão de tempo. O rebuliço criado foi imediato. Seu ego estava mais cheio do que nunca, estreando com um título mundial criado, proclamando-se o campeão do pacífico, após passagem pelo Japão. Logo recebeu uma chance ao original título mundial, de Bruno Sammartino.

A contenda dos dois foi uma das mais antecipadas da décadas. Ambos combateram num ginásio gigante, o que precisou de ainda mais medidas de segurança para proteger a Blassie, que teve de, por exemplo, passar pelos fãs quase que correndo.

Na disputa, ele mostrou não temer as pessoas presentes e usou de muitas táticas em um dos maiores heróis da história. Bruno sangrou após uma de suas mordidas e sofreu com muitos golpes de baixo calão. No final, Blassie foi desqualificado e perdeu, mas isto não diminuiu o ódio dos fãs.

Depois da disputa, Freddie teve de correr aos balneários, mas não foi o suficiente. Fãs começaram a forçar entradas para o backsage e locker rooms e só se acalmaram após o WWWF Champion mentir ao dizer que o Classy já havia ido embora da arena.

Em suma, palavras para quê?

Um heel na essência da palavra, vilão, mau, que sabia o que fazer para o sucesso e ao penetrar na pele de um fã ao aborrecê-lo, conseguia o heat de todos os outros. Ele era um fenômeno. Contagioso.


Gorgeous George, hall of famer.

É a vez de George entrar em ringue.

Soa a música orquestrada por Sir Edward Elgar, uma divina clássica.

Coberto com um de seus robes caríssimos, repletos de cores e extravagância, com ouro em partes, ele caminha, não desfila para o ringue, acompanhado de assistentes, que borrifam perfumes e checam se seu encaracolado cabelo loiro continua no lugar. Antes de entrar em ringue, ele checa os fãs com olhar de desdém, antes de chamá-los de pestes. Aguarda seus assistentes purificaram o ringue com um mais uma dose de perfume. Entra, senta em um banco, olha-se no espelho. Passa mais uma dose de perfume. O juiz vai checá-lo por presença de objeto ilegal. Ele se nega. Espera que o árbitro tenha suas mãos limpadas. Após a cerimônia, finalmente ele se prepara para combater. Dá mais uma olhada ao espelho. E soa a sineta.

Este era o cerimonial do narcisista em todos os seus combates.

Ele foi o primeiro grande heel. Ninguém foi melhor. Ninguém conseguia mais ódio. Ele foi o primeiro heel covarde, o primeiro a não querer combater, escapar de maneiras insólitas.

O melhor heel lutador de sempre.

Muitos o tentaram imitar, mas nunca chegaram a seus pés.

Em seus anos, George também foi o primeiro lutador com influencia na televisão, participando de talk-show e ficando famoso por sua parceria com Muhammad Ali, um dos maiores lutadores de boxe de todos os tempos. A conduta arrogante e a soar superiora de Ali foi inspirada em George, que deu dicas para a moldagem do personagem da lenda.

O interessante foi a grandeza em uma das principais eras do wrestling. Ao atuar no final dos 40’s ao início dos 60’s, ele foi assistido por mais de 20 milhões de americanos, quando como comparativo, por exemplo, apenas 17 milhões assistiam a baseball.

Seu sucesso o tornou no lutador mais bem pago dos 60’s, o que possibilitava ao vilão ser ainda mais odiado ao andar de limusine por todos os lugares e ter como serviçal um dos maiores comediantes da época e de todos os tempos, Bob Hope.

George viria a influenciar as carreiras de gente como Buddy Rogers e Ric Flair, apenas para citar “nomes de pequena expressão”.

Dentro do ringue, inteligente, não falhava um único golpe, sempre calculando erros adversários para roubar uma vitória, ou mesmo roubar sem vencer. Roubar sempre.

Bruto, muitos não entendiam como uma personagem de classe como a sua detratava um lutador tão físico dentro das doze cordas.

Como vaidoso, envolveu-se no que pode-se chamar de primeiro momento histórico do wrestling, quando perdeu uma disputa para The Destroyer (que depois o introduziria no hall of fame) a valer máscara contra cabelo. Para um homem que cuidava tanto de seus maiores bens, os encaracolados cabelos, o heel quase que perdeu sua essência ao começar a andar careca.

Ele viria a se aposentar após isto e nunca teria um combate sem cabelos, devido a problemas de saúde com abuso de álcool e a idade avançada.

Entretanto, isto não o tornou menos. A primeira e uma das melhores personagens da luta-livre sempre serão relembradas pelo sujeito por detrás, um exímio ator. Intérprete do que muitos homens queriam ser, com várias mulheres na platéia a irem ao alvoroço devido à presença da lenda.

Pode-se chamar a muitos outros de precursores, mas George foi precursor do wrestling, que apartir de narrativas como as dele, ganhou proporções grandes. Não era mais um ringue com atletas a se apresentarem, mas sim um show de entretenimento. Um espetáculo completo. Um fenômeno. George era um fenômeno. E fazia-o sem perder o tom.

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