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Mac in Touch #19 - "Vitórias Morais"


Mac in Touch a caminho das 2 dezenas de edições aqui no Wrestling Notícias! É assim que o vosso Pete O'Mac vos introduz para mais uma das suas crónicas neste histórico blogue de wrestling.

Começo por vos agradecer o feedback da semana passada (15 comentários) e salientar a discussão saudável criada na zona de comentários do blogue. Finalmente consegui puxar alguns comentários e tirar da vossa "toca" algumas palavras (nem que sejam azedas, já fico satisfeito)!.....

Aos que criticaram o artigo, terei de lamentar o facto de não terem gostado e acabar por dar alguma razão ao facto de o terem feito. A crónica foi criticada legitimamente por quem não concordou com a minha visão que, a esta distância, posso confessar, estava um pouco enevoada. A semana não foi fácil, e o artigo não teve a qualidade do costume, eu sei... nem as ideias saíram como eu as queria expressar. Aceito todo o criticismo com realismo, serenidade e seriedade, assim como todos os elogios (creio que houve mais comentários positivos que negativos, ainda assim).

O artigo desta semana, creio, estará melhor que o da semana passada e fala sobre o último PPV da WWE, conjugado com a ambiguidade de uma vitória e uma derrota no wrestling e no seu impacto na personagem que a conquista ou sofre. Aqui fica:

Vitórias Morais


O conceito de vitória ou de derrota no wrestling é algo extremamente vago. Temos a prova ao longo dos anos, com derrotas injustas que servem para “subir” pessoas na hierarquia – tomo como exemplo o reinado de Triple H em 2003/2004 que levava à frente qualquer obstáculo que lhe aparecesse à frente graças à ajuda de uma corporação bastante especial (Evolution) e que acabava por pôr esse mesmo obstáculo “over” devido à questionável conquista do The Game, e ainda, como caso mais recente, o reinado de CM Punk, que acabou por dar destaque a … Ryback nos confrontos entre ambos e que terminaram, invariavelmente com vitórias injustas para o campeão da WWE, mas com pontos conquistados por parte do seu adversário na subida ao cume da montanha da popularidade da WWE.

As vitórias podem, por vezes, no sentido inverso constituir presentes envenenados, dado que apesar do nome do vencedor ser o anunciado, quem sai a ganhar desse combate é quem o perdeu injustamente. Ou seja, não há prova de que a personagem que venceu é, de facto, melhor que o seu oponente.

No que concerne ao Mac in Touch desta semana, vou falar de personag… personalidades que, apesar de terem saído derrotadas no Elimination Chamber, acabaram por manter invicto o seu estatuto aos olhos do público e, quiçá, ainda ganhar alguns pontos entre o mesmo:

Mark Henry


Tem sido vendido como uma força destruidora, uma autêntica máquina de destruição que varre tudo o que lhe aparece à frente. Dá a sensação de que ninguém no balneário da WWE o quer enfrentar e que a chamada da “National Guard” é necessária para abater ou acalmar esta besta insaciável.

Assim tenho visto Mark Henry. Uma fórmula que não se gasta ao longo do tempo porque acaba por resultar sempre que aplicada por pessoas competentes, e estamos perante um excelente worker.

Como pará-lo no ringue? Como não imaginá-lo vencedor do Elimination Chamber perante o rasto de destruição que o “World’s Strongest Man” deixou pelo caminho?! O trabalho feito com a personagem tem sido notável e trouxe muita imprevisibilidade ao combate gimmick do último PPV da WWE.

Swagger era o favorito, assim como Orton, mas ninguém descartaria Henry. Contudo, não seria ele a vencer. E que maneira de o eliminar? Code Breaker e RKO! Dois finishers de duas das mais respeitadas e históricas estrelas da WWE… algo que pôs a besta a dormir, mas não a abateu, pois continuou o seu rasto de destruição e libertou a frustração de ter sido eliminado em todos os restantes participantes na Elimination Chamber.

Foi eliminado? Sim. Mas não se pode dizer que a sua personagem “perdeu pontos” na Elimination Chamber. Pelo contrário. Contudo, há que notar a estranheza em ter ficado sossegado quando a figura de autoridade (Booker T) apareceu e reconhecer que provavelmente isso não ajudou à credibilidade da personagem… mas é claro que a forma como (não) perdeu deixou a sua reputação intocável.

CM Punk


Da vastidão de atletas e ex-atletas da WWE, há um nome que irá sempre valorizar quem se oponha a ele. Aliás, o nome a que me refiro deverá ser mesmo o maior e aquele que mais público consegue arrastar consigo na actualidade. Falo, obviamente, de The Rock. Punk beneficia, desde logo, com esta rivalidade com o The Great One pela visibilidade que está a ter e pela palavra que tem a dizer rumo àquela que se espera ser a maior Wrestlemania de sempre em temos de buyrates (ESPECULA-SE). Assim, mesmo que acabe derrotado destes confrontos, sai  sempre valorizado porque foi da cintura dele que foi tirado algo que um nome tão grande queria tanto e ainda porque houve a questão desse nome se preocupar com o nome dele (Punk) ao ponto de ter uma rivalidade com o mesmo, e ser levado como um sério oponente do mesmo.
Temos aqui já várias e boas vitórias morais no que ao desenvolvimento da popularidade de CM Punk diz respeito e nem sequer foi referido o facto de a WWE ter dado 434 dias de reinado ao auto-proclamado “Best in the World”, algo que muito provavelmente não se irá repetir num futuro próximo (10, 15 anos) na companhia de Vince McMahon.

Podem lamentar o facto de se ter desperdiçado a oportunidade de estender o seu reinado com o regresso de um lutador que trabalhará 4 meses num ano, ponto de vista que eu entendo… mas a verdade é que o ano de 2012 foi o ano de Punk e ele continua a ser bem trabalhado pelos responsáveis da WWE. Sim, já não tem o título à cintura, mas outras prioridades se agigantam para a indústria, e Rock e Cena num combate é a via de acesso mais fácil ao verdinho, assim como a detenção do título por parte de The Rock, alguém que tanto já deu à indústria e que tanta popularidade e simpatia recolhe à volta do mundo (extra-wrestling, portanto!), que acaba por lhe dar credibilidade e sustentabilidade à indústria –  “O ano passado via The Rock como um intruso, uma pessoa que vem trabalhar durante 3 meses, invade o nosso balneário e não como a estrela que pode trazer coisas boas ao wrestling e fazer com que no futuro as pessoas liguem a TV para ver-me a mim ou a outro a falar e a combater” – Dolph Ziggler (a tradução não é literal).

Com tudo isto em cima, a vitória de CM Punk sobre The Rock (limpa ou não) seria algo fantástico para qualquer um de nós, fãs da personagem! Mas tal não aconteceu, e tal não era esperado … nem lógico de acontecer no último domingo.

Punk perdeu, mas foi ele que retirou pontos do combate do The Rock, porque manteve-o apagado durante “18 segundos” durante o desmaio do árbitro do combate, algo que o impediu de reconquistar o título que lhe permite, hoje, dizer que devia ter vencido The Rock, acabando por legitimizá-lo enquanto figura de excelência na WWE, a par dos nomes incontornáveis e famosíssimos do seu adversário e de John Cena!

CM Punk perdeu dois combates seguidos e um título… mas nunca a credibilidade nem a reputação- continua a levar um push com todos os pontos amealhados nas sucessivas vitórias morais que foi somando.

Dois exemplos de derrotas que se transformam em vitórias, ou no mínimo em empates. Duas históricas que refletem a ambiguidade de vencer ou perder no pro-wrestling
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