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Mac in Touch #17- A reforma da TNA


O Mac in Touch desta semana tem de começar com um pedido de desculpas pelo atraso da publicação do artigo a quem o acompanha e também à administração do WN. A responsabilidade do atraso da crónica foi minha e quando assim é, só temos de assumir a culpa e seguir em frente....

O artigo nº17 é o primeiro após a série de crónicas “O sucesso às fatias”, onde tentei explorar o que cada bom combate tem que nos apela à vista e que nos faz categorizá-lo como tal. Vou voltar à análise da atualidade “wrestlingiana” neste artigo, mais particularmente as mudanças que se avistam num horizonte próximo para uma companhia que se quer concorrente à toda-poderosa WWE.  Nomeadamente as medidas tomadas por Dixie Carter e parceiros em reduzir o número de PPV’s e em começar a fazer as gravações do Impact na “estrada”, isto é, fora de Orlando.

 A reforma da TNA

Depois de ver grandes estrelas do passado pisar o tapete hexagonal e rectangular da Impact Zone, depois de calcular o quanto custava tê-los lá, do quão irracional era, para a grandeza e exposição da companhia ter que comportar com esses  encargos, e juntando isso à estagnação desde há algum tempo para cá nos ratings e nos buyrates dos PPV’s (e que, já agora, dão provas da inutilidade dessas estrelas) que teimam em não sair dos números esperados… cheguei à conclusão de que esta companhia devia estar prestes a estar falida. Ainda por cima com os processos em tribunal de que foi alvo e nos quais se envolve um dos seus membros de influência (Hulk Hogan) com regularidade!

A banca não tem dado tréguas a ninguém e obviamente que é avaliado em baixa o potencial desta companhia descolar dos ratings de forma a que o que se compromete a pagar seja cumprido no prazo previsto e com os devidos juros. Ou seja, havia chance remota de “arrancar” um empréstimo ao banco e mesmo aos parceiros que com a TNA colaboram.

Mas investigando um pouco,  como fiz, é fácil sair deste raciocínio falacioso de que a empresa de Dixie Carter é vulnerável – a empresa caiu nas mãos da menina bonita de uma das mais influentes famílias no Texas como que um brinquedo e ninguém está disposto a ouvir birras por aqueles lados.  Daí se chega à conclusão de que os lucros da Panda Energy (de Robert W. Carter, pai de Dixie) e parceiros  terão de ir para os bolsos de Dixie…

… mas esperem!, as ajudas do papá já são demasiadas, os sub-primes e a retracção do consumo já aconteceram há 4 anos a esta parte. A menina Dixie já não pode contar com a “mama” financeira e finalmente tomou medidas rumo a um futuro, que ESPERAMOS TODOS, virá a ser sustentável, designadamente:

1-      Redução do número de PPV’s


Foi uma medida tomada em vésperas do primeiro PPV do ano e visa passar de 12 para 4 “grandes eventos” pagos. Assim, os fãs da TNA ficam com Genesis,  Lockdown, Slammiversary e Bound For Glory aos Domingos. Essencialmente, os três maiores shows que a companhia tradicionalmente exibe e ainda um que serve de ligação entre dois deles para que a espera não seja tão longa.

Em que é que isto se traduz? 

1-      Menos despesa

Em primeiro lugar, acho que importa apontar o menor número de gastos com eventos “pagos” e que serão sempre maiores quanto maior nº de PPVs houver, já que não há suporte publicitário (“commercials”), a “cobertura” de um grande evento será sempre maior (mais câmaras, mais “guys in the truck” a receber dinheiro) e o facto de serem 3 horas “em direto” exige mais esforço e logicamente mais dinheiro gasto com a produção. Logo aqui, gasta-se um quarto do que se gastava antes
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           Mais receita e Maior credibilidade

As buyrates dos PPV’s normais da TNA costumavam ser relativamente baixas para o investimento feito no mesmo, e raras foram as vezes em que houve lucro num determinado PPV “vulgar”… algo normal para a dimensão da própria companhia, para a disponibilidade financeira do público geral e ainda para a evolução dos webstreams ilegais.

A maior parte dos shows vulgares (e falo de No Surrender’s, Turning Point’s etc) acabavam por ter um trabalho penoso no seu build-up e o buzz gerado à volta dos mesmos era francamente reduzido… a questão de “haver um PPV da TNA” num determinado fim-de-semana era algo vulgar e menosprezado! Agora, vai haver tempo para “montar” histórias,  mais tempo para a TNA ser aquilo que consegue ser tão bem: um show com histórias semana-a-semana e não com constantes paragens e mudanças de rumo. Vamos ter agora um base bem construída para fazer o build-up do LockDown, Slammiversary e Bound For Glory e todo o tempo de espera, todo o acumular das histórias fará bem ao negócio (e qualquer tipo de desvio, ou erro cometido terá margem de manobra de ser corrigido dado o tempo que se para um PPV do outro)  e quase de certeza que vamos ter recordes de buyrates, já que quando se chegar à altura de dizer “este fim-de-semana há um PPV da TNA”, tenho a certeza que será ouvido com mais recetividade e irá haver muito mais atenção ao que se passará no mesmo. Ou seja, mais fidelidade, uma maior sensação de “novidade” e maior probabilidade em “ganhar” público e, porque não, “market share” .

Ou seja, uma medida fantástica tomada pelos responsáveis da TNA. Vai sair menos dinheiro do cofre, e vai lá entrar mais “pilim”… com maiores resultados práticos no que toca à exposição e expansão da empresa. Uma medida super-eficaz, portanto, no que à sustentabilidade da companhia diz respeito, e, se as coisas correrem bem, também quanto ao seu crescimento.  

2-      Impact’s na “estrada”


“  É injusto comparar WWE e TNA porque são dois produtos diferentes”, farto-me de ouvir em fóruns americanos e blogues nacionais, mormente da parte de fãs “hardcore” da TNA (como demonstram comentários anteriores ou os próprios avatares).

Concordo que estamos a comparar uma companhia a dar uns primeiros passos e outra que já tem a sua posição cimentada na indústria. Mas é impossível não olhar para ambos os lados e não comparar no nosso subconsciente e dizer o que uma tem melhor que a outra. Uma dessas coisas, é a sensação de “major league” que sinto quando vejo um RAW ou uma SmackDown! relativamente a um Impact. A atmosfera é diferente, e na WWE essa é criada com a sensação de novidade, de o público sentir que tem de se aproveitar o tempo que a WWE está a perder com aquela cidade para mostrar o seu produto. O mesmo não acontece em Orlando, na Flórida porque os fãs do Impact Zone já tomam a companhia como “garantida” e o produto que vêm já estão habituados a ver... ou seja, atmosferas diferentes geram reacções diferentes quanto à grandeza de uma companhia e basta ver o último Impact (gravado no Reino Unido) para sentir que parecíamos ter uma TNA diferente, mais poderosa e maior no número de seguidores.

É portanto, importante, andar de um lado para o outro. Digo mais, é necessário(!!!) andar com a casa as costas, se a queremos mostrar ao mundo! E é isso que a TNA vai fazer, com, presumivelmente, excelentes resultados: 1. A sensação passada para casa será de um show maior, de uma companhia que entretem os seus fãs e os coloca “histéricos” ao invés da frequente apatia que sinto regularmente nos fãs da Impact Zone; 2. O espalhar da palavra por aquele país fora, o alimentar de que “a TNA está na cidade”.

As consequências disso mesmo são fáceis de descortinar no que toca ao crescimento da companhia: “REACH FOR THE SKY, BOY!” (parafraseando a maior tag team da indústria nos últimos dez anos).

É certo que há custos financeiros e físicos inerentes a esta mudança, mas há que se ter em conta que é para o bem da companhia e o proveito que se irá retirar será compensador ao desgaste, afinal, quem não quer subir mais na carreira, ser mais conhecido!? Essa é a oportunidade que a TNA irá começar a oferecer durante este ano, e basta haver motivação de lutar em lugares e pessoas diferentes para que o desgaste da estrada e as saudades da família sejam atenuadas.

O desafio passa por convencer as “divas” do balneário disso mesmo.

A estas duas medidas, acrescentaria criar estrelas de raíz para o projecto do crescimento da TNA, (algo que já se começou, espero, a fazer com Kenny King, por exemplo) e projectá-las tal como se fez com Bobby Roode e Austin Aries, e ter preferência nestas relativamente às estrelas “pré-fabricadas”, cujo estatuto, na minha opinião, só deverá ser aproveitado para pôr as estrelas da casa por cima.

Se tudo correr bem, e se estas medidas não encontrarem buracos no precurso, acredito que 2013 possa ser o ano de viragem da TNA.
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