Challengers: Norte 2 volta a abanar o cenário Nortenho de MMA [ Com video da luta de Manel “Prodígio” Kape]

Cerca de 800 fãs, em apoteose, de Mixed Martial Arts esgotaram a Arena de Matosinhos para testemunhar uma memorável noite de combates que contou com novos prospects do cenário Nortenho e lutadores já vencedores da edição anterior. Grandes combates e novos atletas que deixaram indicações fantásticas para o futuro da modalidade. A efervescente moldura humana sempre presente em todos os eventos do Cage Fighters provam inequivocamente que já existe um núcleo duro muito forte de aficionados da modalidade, especialmente na zona do Grande Porto, que faz com que as diversas equipas da região Norte possam fazer crescer os seus novos atletas num ambiente explosivo e com todos as condições desportivas e de espetáculo...

"Este artigo foi originalmente editado pelo website MMA Portugal e é aqui reproduzido com autorização exclusiva para o Wrestling Notícias. Visita o MMA Portugal para estares sempre a par de todas as notícias sobre Mixed Martial Arts e de Desportos de Combate".

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No primeiro combate da tarde, um jovem atleta que vem brilhando no circuito amador do Arte Do Combate Patrick Ndayambaje (VS Team), actual primeiro classificado até 66kgs no ADC, defrontou Ivo Furtado (De La Riva Centro), que vinha de uma recente derrota contra Helson Henriques (5-1-0) como profissional, por KO.

A estreia em jaula para ambos traduziu-se num primeiro assalto bastante equilibrado onde Ivo conseguiu disferir alguns low kicks e levar para baixo com um double leg takedown mas Patrick aproveitou o seu alcance e maior envergadura para tentar inverter e encaixar um rear naked choke que não sortiu efeito e Ivo fica na guarda onde castiga até ao combate regressar em pé, onde trocam mais alguns golpes. No segundo round houve mais acção em cima com Patrick bem no sprawl a defender uma tentativa de takedown de Ivo e a encaixar bons golpes na etapa final, tendência que se estendeu para o terceiro assalto com mais equilíbrio no striking mas com o jovem atleta da VS Team a voltar a ganhar maior ferocidade com o aproximar da campainha.

O colectivo de jurados pontuou a contenda com uma decisão unânime para Patrick (29-28, na nossa análise) que assim se consolida como um dos grandes prospects do pais, em featherweight, categoria para a qual possui uma fisionomia excelente, caso conseguia manter este peso. Ivo Furtado também se apresentou bem e deu a volta por cima depois de ter sido derrotado apenas em 30 segundos por Helson Henriques, provando que pode ir à distância e que esta categoria mais baixa será a sua divisão natural. Um combate entre Patrick e o jovem prospect da Portugal Gold Team Vitor Marinho (1-1-0) seria interessante.

A contenda entre os pesos leves Paulo Durão (Kleber JJ) e Fábio “Saddam” Lage (SMD) criou grande expectativa na plateia pela forma intensa como o stardedown se desenrolou, enquanto o árbitro Rogério Aguiar dava as últimas indicações, especialmente por parte de Fábio, atleta que curiosamente começou a sua carreira na Kleber JJ e que fez o seu único combate em 2009 no Arena Warriors 5, tendo sido derrotado por Bertlim Semedo (3-1-0). Por seu turno, Durão é um jovem atleta que evoluiu no ADC e fez, em 2012, a sua estreia como profissional no evento Norte-Americano WCMMA tendo sido derrotado no segundo assalto por J.P. Reese (9-4-0), veterano de 32 anos da conceituada equipa American Top Team com passagens por eventos de topo como a IFL, o Bellator FC ou a Strikeforce.

O combate começou a todo o vapor com Fábio a defender um pontapé ao rosto e a levar para baixo junto à rede mas Paulo manteve a compostura e conseguiu levantar e recuperar a posição inicial onde ambos trocaram joelhadas no clinch. Durão conseguiu controlar o centro da jaula onde pressionou Fábio contra a grade e conseguiu levar para baixo com um bonito e poderoso slam do qual ganhou posição, transitando do side control para as costas do adversário, e castigou-o com um poderoso ground and pound que o nocauteou e obrigou o árbitro a para a contenda, atribuindo-lhe a vitória por KO aos 02:11 minutos do primeiro assalto. Óptimas indicações para o atleta da Kleber JJ que luta já este mês no Brasil. Fica também no ar a curiosidade para a realização do combate que tinha marcado com Helson Henriques (5-1-0) no Portugal Combat 2 e que não se chegou a realizar pois seria uma luta que colocaria o vencedor num patamar bem alto do cenário Nacional.

A terceira luta também estava envolta em bastante expectativa uma vez que iríamos ver a estreia na cage de outro prospect da VS Team que brilha no ADC, uma vez que o welterweight Pedro Pranto (actual primeiro classificado na sua categoria, à frente no ranking de nomes como, por exemplo, Jorge Mendes “Rambo”) iria medir forças com um estreante da conceituada equipa Vimaranense RS Team, do mestre Rafael Silva, na pessoa de Hugo Peixoto. O que saltava à vista com maior realce era a diferença de reach e de estatura uma vez que Pranto é muito mais alto e comprido do que o seu adversário, mais baixo e robusto, mas a verdade é que Hugo Peixoto imediatamente puxou o adversário para a sua guarda e conseguiu fazer a transição e encaixar um rear naked choke que o obrigou a bater, aos trinta segundos da luta. Fica a vontade de rever Pedro Pranto para conferirmos todo o seu potencial e Hugo poderia subir um degrau e lutar contra o explosivo lutador da Nova União Portugal Tiago Prata, vencedor no primeiro Challengers.

A contenda seguinte foi o único combate de pesos-pesados da noite e trouxe à cage Nuno Mendes, da RS Team, que se apresentava em Portugal depois da derrota nos EUA, na sua estreia, contra Steve Skrzat (6-6-0) enfrentando o estrante da De La Riva Centro Alessandro “Mão de Pedra” Silva, que veio substituir Luís “The Giant” Silva da SMD. Os três assaltos disputaram-se na mesma toada com Nuno a acertar mais socos, facto que era visível no rosto castigado do seu adversário, e Alessandro a contra-atacar, a espaços, com low kicks.

 O ritmo foi algo morto com Nuno a nunca investir com tudo para a finalização e com o seu adversário a constantemente deixar cair a protecção bocal, facto que interrompia o combate com alguma frequência. No final do terceiro round o colectivo de jurados pontuou a luta com uma decisão unânime para o atleta de Guimarães Nuno Mendes, com 30-26 na nossa leitura (com a dedução de um ponto pelas constantes quedas da protecção). Seria interessante ver Nuno Mendes evoluir contra outra promessa Nacional na categoria dos pesos pesados como o campeão do ADC Jorge Vale, da Cidade Gym Barcelos, ou ainda Duarte Fonseca (1-0-0), da Brazilian Power Team.

Com a quinta luta começava o duplo impacto entre lutadores que tinham vencido na primeira edição do Challengers e a emoção estava em alta rotação para ver o atleta invicto da Kleber JJ Jorge Mendes “Rambo” – com vitória no primeiro Challengers contra Filipe da RS Team – e sem derrotas no ADC medir forças com Fábio Ferreia (Fight Zone Aveiro) que vinha de vitória sobre José Lopes e se apresentava como campeão de médios do ADC. O combate começou com uma troca de golpes dinâmica por parte de ambos os atletas com Mendes com um bom jogo de pés a mover-se bem e a procurar vários ângulos – bastante confiante, com a guarda algo baixa – enquanto Fábio ripostava com alguns high kicks vistosos e bastante perigosos até que perto do fim do assalto o atleta de Aveiro consegue um takedown e fica na meia guarda de Jorge.

O segundo round continua bastante movimentado em pé com destaque para uma tentativa de finalização com um  rear naked choke por parte de Jorge Mendes e no terceiro assalto Fábio consegue disparar um forte high kick e prosseguir com um bom takedown junto à rede. Mendes consegue sair dos “100 kg”, levantar e levar para baixo, mesmo com Fábio a tentar atacar com joelhadas ao tronco, mas voltam a levantar e a levar o combate para o solo mas quando parecia que Mendes ia tentar uma derradeira manobra de submissão – a dez segundos do final do tempo regulamentar – o atleta da Kleber JJ, aparentemente e pelo facto de ter sido anunciada desistência pelo speaker, dá ordem verbal de abandono e o árbitro Rodrigo Pereira interrompe a luta evitando uma difícil decisão para o colectivo de jurados, que parecia inevitável.

Uma vitória importante para Fábio Ferreira que se consolida como um dos tops amadores em Portugal com vista à subida para profissional e à procura de novas aventuras mais ambiciosas como, por exemplo, um combate contra Isaac da Gun (2-3-0), da Gracie Barra Seixal. Jorge Mendes também mostrou bons apontamentos técnicos e boa postura tendo sido traído apenas nos momentos finais (aparentemente) pelo cardio desejando-se que esta primeira derrota sirva de degrau de aprendizagem e motivacional para o seu combate no Brasil, ainda este mês, naquela que será a sua estreia como profissional.

O segundo confronto entre vencedores do primeiro Challengers colocou frente-a-frente dois jovens atletas que tinham deixado marca na jaula, em Novembro: Deiby Lima, da SMD, com a sua explosão e irreverência ao derrotar Filipe Soares por TKO e Pedro Carvalho, da RS Team, pela exímia postura e rigor táctico que demonstrou ao finalizar Carlos Silva “Bertinho”, apesar de ser ainda bastante jovem. O combate começa com algum estudo mútuo e troca em cima até Pedro levar para baixo castigando na guarda com algum ground and pound. Deiby consegue subir e o primeiro assalto acaba com Pedro a pressionar contra a rede. No segundo round Deiby consegue superiorizar-se na troca franca e leva para baixo tentando um rear naked choke mas sem conseguir finalizar.

No derradeiro assalto o atleta Vimaranense ataca com um high kick e com um double leg takedown e leva para baixo ficando na guarda mas quando Deiby consegue escapar, Pedro transita de uma tentativa de heel hook para a guarda, novamente, onde termina a castigar. O colectivo de jurados atribuiu a decisão unânime a Pedro Carvalho, numa leitura com a qual podemos facilmente concordar e pontuar com um 29-28. Grande vitória para Pedro Carvalho que mostra que tem tudo para se tornar num atleta de topo e continuar com esta evolução notória e que poderá estar a alguns combates de distância de desafiar alguns nomes de topo do nosso cenário podendo agora tentar medir forças com competição mais experiente como João Simões (2-1-0), da Champions MMA, ou mesmo Jocimar Ferreira (0-3-0) da Albufeira Top Team.  Deiby Lima volta a provar que é sempre um feroz e excitante competidor que nasceu para estar na jaula podendo um combate com o também vencedor da primeira edição do Challengers Nuno Silva, da VS Team, ser bastante excitante.

Por fim aproximava-se o main event da noite e sentia-se a electricidade no ar especialmente quando entrou Manel “Prodígio” Kape, ídolo local e invicto na sua carreira contando só por vitórias todas as lutas no seu trajecto no ADC – tendo sido considerado o melhor lutador da organização em 2011 – e com vitória no Challengers 1 por TKO, contra o reputado Kickboxer Renato Ferreira, e uma vitória como profissional no Cage Fighters 2, contra Artur Gomes (0-2-0). O seu adversário, Ricardo “Legionaire” Teixeira, era um estreante do qual apenas se sabia que esteve na Legião Francesa onde fez parte do seu projecto interno de artes marciais e técnicas de combate e que vinha com intensidade e confiança,  a julgar pela postura.

O combate começou a um ritmo frenético com Ricardo a tentar pressionar   mas Kape aplicou-lhe um know down com um cruzado de esquerda e partiu para cima com uma torrente de socos que terminaram num rear naked choke pujante que parecia pôr término à contenda mas “Legionaire” lutou com tudo para se libertar e conseguiu-se levantar, estando a Arena completamente ao rubro com cânticos e gritos, mas Kape rapidamente levou-o para a sua guarda e procurou logo um triângulo ou uma armbar conseguindo encaixar a segunda e mais uma vez Ricardo parecia condenado mas girou na direcção certa e voltou-se a conseguir soltar tentando de imediato castigar Kape com alguns socos mas o “Prodígio” continuava a demonstrar todo o seu poderoso e cirúrgico arsenal e desta vez aplicou-lhe um estrondoso slam e ficou na montada enquanto Ricardo ainda tentava encaixar uma guilhotina mas Manel consegui-se soltar e castigou com algum ground and pound mas quando parecia estar a progredir para uma knee bar Ricardo conseguiu impedi-lo e ficaram ambos numa guerra de grappling pela melhor posição até que, aparentemente, Kape deixa a acção retomar em pé para aplicar um high kick que conecta mas Ricardo parecia sobreviver a tudo e conseguiu ficar na meia guarda do seu adversário onde ainda disferiu alguns golpes mas Kape reverte, passa para side-control, monta e começa a disparar golpes muito fortes que fazem com que o seu adversário lhe dê as costas para, finalmente, o fazer bater em submissão com um rear naked choke.

Fantástico combate de Manel Kape que provou mais uma vez tratar-se de um jovem com potencial infinito, já com um jogo bastante sólido e completo, que pode sonhar com os maiores palcos mundiais. Pediu o cinturão com os gestos que fez no fim da luta e acreditamos que mal o Cage Fighters começar a casar as disputas para coroar os seus campeões, Kape terá uma vaga reservada nos bantamweights. Ricardo Teixeira provou ser um guerreiro e ter alma e presença para singrar neste desporto, veremos como os treinos o farão evoluir. Certamente muitos fãs ficaram curiosos para o voltar a ver na jaula, talvez até contra Artur Gomes (0-2-0) ou Renato Ferreira, numa próxima oportunidade. Kape enquanto espera pela disputa do cinturão do Cage Fighters seria uma séria ameaça ao cinturão de campeão Português de MMA da WKA, em bantamweight, que está nas mãos de Fábio “Bi” Barros (2-3-0), da Brazilian Power Team, caso algum promotor tenha interesse em casar a luta.

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Tratou-se de mais um fantástico evento com a chancela Cage Fighters que deu a melhor sequência ao primeiro Challengers e que confirmou que temos organização, público, lutadores, imprensa e suporte televisivo para crescer ainda mais. Estas séries para recrutar novos talentos são de certo modo confinadas ao fãs mais hardcore e ao universo directamente ligado a este desporto mas a organização já fez saber, em exclusivo ao MMA Portugal, que estão a preparar um evento maior para meados de Maio onde pretendem colocar milhares de fãs num pavilhão maior com uma promoção mainstream, produção ao nível do Cage Fighters 2 e um fightcard que contemple lutas que envolvam os melhores lutadores Nacionais, já consagrados, e as novas esperanças.

Este evento será transmitido, em diferido, na Sport TV em data e alinhamento a definir pelo próprio canal.