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Rise and Fall de Punk em 30 minutos


Sempre gostei de Punk. Desde a sua inata capacidade de cativar o público, ao seu estilo em ringue, as variadas personagens e a psicologia e metodologia que utilizava no quadrado, e acima de tudo, a maneira inovadora como via o negócio, como uma refrescante bebida numa tórrida e pachorrenta tarde de Verão....
Por isso, muito antes de ganhar o seu primeiro MITB, almejava em ver o dia em que ia envergar o cinturão e levar a companhia, e se me permitem o negócio em si, para um nível ascendente face à pesada estagnação onde se encontrava.

Foi por isto que, no seu verdadeiro reinado (vulgo este último) e após todo o buzz gerado, achei sinceramente que iriamos ver algo novo. Que sempre que a sua música se fizesse ouvir, saberíamos que cada momento se iria sobrepor ao anterior numa relação de proporcionalidade direta entre entretenimento e qualidade de ringue, entre promos e segmentos de backstage.

Mas não.

Numa perspetiva estritamente pessoal, senti que não foram logradas as minhas esperanças. Punk acabou por falhar num ponto essencial, crucial num espetáculo cuja vertente tende a pender muito mais para o entretenimento do q ue para o desporto: entreter. O reinado, bem lançado depois do sólido passar de tocha nas vitórias frente a Cena, foi ganhando contornos no homem que combatia o sistema perverso de John L, mas acabou por cair num turn e numa demanda por respeito enfadonha, com promos repetitivas, enquanto Cena tinha que estar necessariamente afastado do spotlight e monstros eram construídos à velocidade de Ryback para ser exequível em recorde que me parece uma tentativa, por força bruta, de cimentar um processo que nunca vingou.

Por isso aguardava com alguma ansiedade esta RAW. E quando o vi entrar no ringue para mais uma “pipe bomb”, naquela que, e mais uma vez numa óptica única e ousadamente pessoal, me parecia uma oportunidade de viragem num rumo de uma personagem, de um talento, que estagnava. Um investimento sem retorno. Nem em audiências, nem em merchandising, nem em lugares de assistência.

E assim foi.

Se na primeira vez considerei inteligente a jogada de quebrar a kayfabe (que por si só daria assunto para outra crónica), mesmo para um purista como eu, a mesma cartada (deveras arriscada) usada de novo só mostrou o evidente: um Punk cansado, sem capacidade de renovação, que necessitava de tocar no mais débil dos pontos para lograr uma atenção de maior relevo, quiçá inatingível de outra maneira. Pensava eu.

The Rock entrou e o pop foi tremendo (dada a ferocidade exercida no micro nos minutos anteriores). E mais uma vez provou que está num pedestal, muito restrito, de wrestlers que conseguem ter o público onde querem e quando querem (que para mim continua a ser a característica mais preponderante no negócio). Punk não está a esse nível.

Mas aí veio a melhor.

A segunda parte da promo de Punk. O falar após Rock. Aquela ferocidade no olhar. A maneira como expôs o combate sem necessitar de obliterar qualquer mandamento ancestral da modalidade pelo caminho. O facto de dizer que não é Cena. Que é mais letal, mais feroz, mais cerebral. Que não está ali para rimar, nem cantar. Que não se importa com a agenda dele. Mesmo que ele só viesse uma vez por ano, iria derrubá-lo. E este curto espaço de tempo conseguiu provocar em mim um sentimento de ansiedade muito mais mordaz e intenso do que as tretas anteriores, ludibriadas para parecerem secretas, usadas para encaminhar como quer uma comunidade eletrónica que tudo pensa saber.

E por essas mesmas palavras, simples, duras, letais, sinto-me verdadeiramente ansioso pela Royal Rumble. Porque isso sim é Wrestling. O resto são criações de pacotilha.

“Your Arms Too Short to Box with God”


Cordialmente.

Maquiavel.
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