Mac in Touch #16 - O sucesso às a fatias (I+II+III)
E já lá vão 16 edições do Mac in
Touch, nesta casa nobre que é o Wrestling Notícias. Um quarto das crónicas
pertencem à “coleção por fascículos” (tenho uma panca por esta palavra,
desculpem) Sucesso às fatias, incluindo a que vos apresento hoje. Será uma
espécie de conclusão sobre aquilo que fiz, com o peso de cada um dos os fatores
que considero essenciais para a existência de um bom combate e ainda a sinergia
necessária entre eles para que cada um seja cumprido exemplarmente. Assim, será um artigo mais curto
que o habitual, mas que encerra a série do Sucesso às Fatias, que muito bom
feedback trouxe, e o qual quero agradecer, desde já.
Sim, eu falei em escrever uma
crónica a meio da semana e uma análise aos dados atuais no dia habitual do MiT
(quarta-feira), mas não tive disponibilidade para o fazer até ao fim-de-semana,
e chegada a Royal Rumble e a RAW houve muitos apontamentos mentais atirar e é
preciso deixar a poeira assentar para não se cometer disparates no que se diz.
Assim, aqui fica o últim “fascículo” (eheh) do…
O sucesso às fatias (Última Parte)
A crise económica e financeira
empurrou os fumadores para uma preferência cada vez mais vista: o tabaco de enrolar.
Em vez de se comprar 20 cigarros por 4€, passa-se a comprar o vício às “peças”,
e dando o mesmo dinheiro pelo dobro dos cigarros, mas com o acréscimo (capital humano)
do trabalho de os fazer/enrolar adicionado à equação.
Assim, vêm tabaco, mortalhas e
filtros separados, mas juntam-se em todo um processo que obriga os fumadores a:
1) desfiar o tabaco 2) “salivar” a mortalha, e abri-la 3) pôr tabaco dentro da
mortalha 4) adicionar o filtro 5) enrolar.
Processos somados e há cigarro para o fumador. Mas e se falta algum? Se a mortalha fica mal salivada, ou se esquece de adicionar o filtro? O enrolar ficará comprometido, e apesar de se poder adicionar o filtro ou voltar atrás para se lamber a mortalha, corre-se o risco de se perder tempo ou de o fumo inalado ser (ainda) menos saudável.
Processos somados e há cigarro para o fumador. Mas e se falta algum? Se a mortalha fica mal salivada, ou se esquece de adicionar o filtro? O enrolar ficará comprometido, e apesar de se poder adicionar o filtro ou voltar atrás para se lamber a mortalha, corre-se o risco de se perder tempo ou de o fumo inalado ser (ainda) menos saudável.
“Mas que raio!, então vens-me
falar de taba…” Esperem! Podemos chamar todo este processo (ou qualquer outro
fabrico de outra coisa qualquer [escolhi o tabaco por ser algo que se faz muito])
para uma analogia entre todos os ingredientes já referidos do bolo do sucesso
de um combate: embora cada um se reporte a coisas distintas e tenham conceitos
diferentes, têm todos relação entre eles, é preciso haver sinergia entre eles
para que cada um deles seja bom… sendo, por isso, preciso que cada um seja
cumprido para que o outro não fique comprometido. Por exemplo, a química (factor
3) que as partes apresentam no ringue é essencial para não se achar o combate “coreografado”
e isso tem implicações na condução do mesmo e na psicologia de ringue (factor
2).
Assim, uma das coisas mais importantes
é a SINERGIA que “faz” o combate, a interação de todos os fatores e a sensação
que provoca a última impressão, o último paladar de um combate. São todos
iguais, mas uns “mais iguais que outros”:
É provavelmente aquilo que mais
interessa que haja num combate para que este garanta uma boa impressão juntos
dos fãs. Gira tudo à volta da credibilidade, algo imprescindível no wrestling
para o levarmos… a sério (como conceito vago, neste caso). Ou seja, temos de
acreditar na história, nas sequências, consequências, no domínio e no
contra-ataque. Nos comeback’s, nos double downs, no heat. Tem tudo de ser
credível para que acreditemos e possamos apreciar, no fim, o combate.
Parte tudo daqui, da história que
nos contam. Assim é a fatia que mais peso tem na avaliação de um combate.
40% do bom combate é isto.
Trazer o público para o ringue é
algo ao alcance de profissionais. É certo que se começassem a ver uma briga no
café mais próxima, toda a gente ficaria cativada com a mesma… mas eventualmente
alguém a iria parar e surgiu de forma imprevista. Nos ringues, já se espera a
luta, e cabe aos lutadores superarem imprevisibilidade da malta do café e colocarem
mais atenção àqueles 20 mil pares de olhos a observá-los que os 20 olhos que
observam a briga.
Claro que o glamour é outro, claro
que a luta é outra, claro que se parte de antemão que o fim é programado… mas o
engraçado é fingir que não. E há muitos que conseguem fazer esquecer isso-
veja-se o Punk vs Cena no Money in the Bank 2011! Neste caso foi a história a
trazer a reação do público ao mesmo, mas podemos recuar ao Triple H de
2003/2004 para encontrar um lutador capaz de imobilizar um mar de gente.
O combate de wrestling tem na
psicologia de ringue algo de fundamental para que esse seja bem sucedido. 35%,
diria.
Vejamos as partes dos lutadores
como fios que se juntam. Os fios podem ficar embaraçados, criar um nó perfeito
ou saírem intactos do “ajuntamento”. É um pouco essa a ideia a retirar das
opções no que concerne ao entrosamento, à química de lutadores num combate: ou
as partes se atrapalham, ou nem se tocam e fica cada uma virada para seu lado
ou há um nó perfeito, um resultado final extra – algo mais que as
individualidades. Quando acontece a 3ª temos um bom indício de combate, e isso
tem a sua quota parte na avaliação de um combate. 15%
A duração de um combate tem de
estar no meio daquilo que se considera ideal para o que se faz, e o fim do
mesmo tem de estar em consonância com o resto do mesmo. Tem de haver uma
sequência lógica e não fins abruptos ou nearfalls excessivas de um número
abusivo de finisher’s aplicados. Há que haver meio termo.
Juntamente com os factores que
referi, a existência deste é um pouco discutível porque os outros 4 já construíram
o combate e pressupõe-se que o próprio final e a própria duração esteja implícita.
Contudo, nem sempre é assim. E há bons combates com duração a mais do que o que
devia e outros com fins abruptos e inexplicáveis (RAW de ontem: Barret – Dallas
[não resisti!]).
10% de peso.
O Gimmick Match exigirá uma reavaliação
dos outros pesos consoante o contexto que se insere. Mas este terá que surgir
numa altura em que a companhia, ou mesmo a indústria não abuse do mesmo e terá
de surgir num contexto de culminação de algo.
O peso é relativo consoante
aquilo que referi nas palavras atrás.
P.S.: Vale a pena seguir os vídeos das pessoas do vídeo abaixo :). Ontem passei a noite toda a vê-los e cheguei a uma forte conclusão - a partir de agora, quem me falar na hipótese de ver reality shows ou o que quer que seja, terá a minha resposta com isto:
P.S.: Vale a pena seguir os vídeos das pessoas do vídeo abaixo :). Ontem passei a noite toda a vê-los e cheguei a uma forte conclusão - a partir de agora, quem me falar na hipótese de ver reality shows ou o que quer que seja, terá a minha resposta com isto:
Kid Behind a Camera
THE ANGRY GRANDPA SHOW (AUTÊNTICO MUST-SEE!!)