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Challengers do Cage Fighters incendeia a Arena e o cenário Nortenho - Reportagem


No passado Domingo dia 4, aconteceu a primeira edição do Challengers do Cage Fighters, uma série de eventos que pretende lançar e dar oportunidade às novas estrelas e aos jovens em ascensão das principais equipas Portuguesas de MMA. Este Challengers: Norte teve lugar na Arena de Matosinhos, às 18 horas, e levou à jaula Manel Kape – melhor lutador do circuito ADC em 2011, que vinha de vitória na estreia profissional – para enfrentar o conhecido Kickboxer Renato Ferreira, que se estreava em MMA, assim como Rute Frias (nº1 feminina no nosso país) ou Simão Rodrigues “Sifu”, campeão Nacional de Sanda, para além de muitas outras jovens promessas das equipas de top do Norte do país...

"Este artigo foi originalmente editado pelo website MMA Portugal e é aqui reproduzido com autorização exclusiva para o Wrestling Notícias. Visita o MMA Portugal para estares sempre a par de todas as notícias sobre Mixed Martial Arts e de Desportos de Combate".

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Ao apostar no formato Challengers a promoção Portuguesa de Mixed Martial Arts Cage Fighters deixou bem claro que pretende ter um papel activo na formação de novos atletas e construir a carreira e o espaço mediático das suas potenciais estrelas desde a formação. O card era composto maioritariamente por novos atletas desconhecidos (ou que migravam do Kickboxing ou Boxe para o MMA, alguns com um currículo bastante conhecido) e por figuras já com provas dadas, e algum hype, no circuito amador (através do grande trabalho desenvolvido pela Arte Do Combate, especialmente no Norte do país). Tratando-se, supostamente, de um cartaz com os nomes menos sonantes das principais equipas do Norte e com regras amadoras (três rounds de três minutos e não utilização de joelhos e cotovelos) foi, talvez, com alguma estupefacção que alguns dos fãs que se deslocaram com várias horas de antecedência à bilheteira da Arena de Matosinhos se depararam com o cenário da absoluta lotação do recinto e com o aviso de que os bilhetes haviam esgotado.

Nesse contexto, uma enorme moldura frenética e ruidosa de mais de 600 fãs de Mixed Martial Arts ocuparam todos os lugares possíveis e imaginários da Arena de Matosinhos, o que configurou um background fantástico para o registo fotográfico e para a captação profissional televisiva que foi realizada no local, para posterior transmissão em diferido, assim como conferiu uma estética e uma atmosfera absolutamente mágica para os lutadores se apresentarem. Com um civismo que poderia servir de referência às claques de outros desportos mais conhecidos e apoiados, os fãs Nortenhos mostraram enorme conhecimento do desporto apoiando os seus atletas preferidos nos momentos-chave e rendendo-se, em grandes explosões de energia, quando ambos os lutadores se lançavam em trocas francas e movimentações mais dinâmicas. Na verdade – e como acontece com eventos semelhantes nas ligas mais conhecidas – os combates dos newcomers nunca costumam desapontar porque estes vêm com vontade de mostrar quem são e deixarem a sua marca e aquela ansiedade natural dos primeiros combates actua como uma sirene que os impele a tentar “acabar o serviço” rapidamente.

Deiby Lima (SMD) vs Filipe Soares (Nova União Portugal)

O primeiro combate da noite foi um confronto de pesos-leves entre dois atletas desconhecidos da maioria do público mas que se revelou uma boa maneira de iniciar o evento pois tratou-se de uma luta dinâmica em pé e no chão, que chegou ao segundo assalto, e que teve emoção e entrega por parte dos dois atletas. Filipe começou melhor em pé, a ganhar alguma vantagem na troca de boxe (onde ambos não apresentavam uma guarda muito cerrada) mas Deiby conseguiu facturar dois takedowns que resultaram em algum castigo, embora não tivesse conseguido manter uma posição sólida e tivesse deixado o seu adversário levantar rapidamente, sendo que Filipe aproveitou para encaixar alguns low kicks e socos, encostando o adversário à rede, no clinch, controlando o centro da jaula.

Depois de um relativo equilíbrio no primeiro assalto, Deiby entrou mais determinado e trocou golpes de igual-para-igual conseguindo a queda do seu adversário, ajustando melhor a sua posição e castigando com ground and pound, o que obrigou o árbitro a parar a contenda por força dos seus hammer fists bastante fortes e certeiros, facturando uma importante vitória por KO aos 01:23 minutos do segundo round. Grande estreia para o jovem da SMD que parte com uma vitória sobre um bom adversário, de uma das melhores academias do país. Boa luta de ambos a abrir as hostilidades.






João Branco (Kick Team Viseu) vs Nuno Pantera (VS Team)

O segundo combate terá sido, por ventura, o mais desequilibrado da noite uma vez que era notória a grande diferença de peso e de envergadura entre os atletas, facto previamente acordado por ambas as equipas que aceitaram o combate na categoria dos pesos-leves.

É verdade que no MMA já se viram diferenças de peso abissais que não se reflectiram no vencedor do combate (lembremo-nos dos torneios de open weight no Japão e dos primeiros UFCs ou dos tempos remotos do Vale Tudo, onde não haviam categorias de peso e se viu, por exemplo, o jovem e magrinho Carlos Newton a submeter Jean Riviere, que pesava mais 50 kgs do que ele, no Extreme Fighting 2, em 1996) mas esta noite, esse, não foi o caso uma vez que Nuno Pantera entrou com tudo para cima do jovem João Branco e encostou-o à grade com um potente cross de direita para lançar mais alguns socos e projectar o jovem adversário para o solo onde, e apesar da rápida intervenção do árbitro, ainda acertou alguns golpes sendo que, possivelmente, o seu adversário já estaria nocauteado. Vitória relâmpago para Pantera que mostra toda a sua potência, na estreia, e uma demonstração de grande coragem por parte do jovem Visiense que certamente irá progredir e fazer grandes combates, na sua categoria de peso.

Rute Frias (Kleber JJ) vs Ana Azevedo (SMD)

Pelo entusiasmo do público, que conferia um ambiente ensurdecedor durante o combate, e pela demorada salva de aplausos que ambas receberam no fim da contenda, será fácil para qualquer analista ou simples entusiasta concordar que esta se tratou da luta da noite e uma séria candidata a luta do ano, em Portugal.

Curiosamente numa altura em que Dana White dá sinais de abertura em incluir divisões femininas no UFC – e a nova promoção Norte-Americana Invicta FC, exclusivamente para mulheres, tem grandes números de audiência – é interessante constatar que Elas também têm argumentos para conquistar, por direito próprio, o seu direito a estarem na cage, no nosso país. E se os atletas masculinos Portugueses chegaram com algum atraso ao complexo e gigante mundo do MMA Internacional e mainstream, as lutadoras femininas estão a dispultar numa altura em que o desporto começa a aceita-las com maior naturalidade e em que os rosters das diferentes divisões das grandes promoções globais ainda não são muito profundos e necessitam de futuras estrelas, estatuto que ambas estas guerreiras poderão alcançar com a sua técnica e coração.

A luta começou com ambas a trocar golpes certeiros e bastante potentes em cima, com ligeira vantagem para Ana que também fazia uso do seu forte low kick, facto que surpreendeu muitos dos presentes no recinto que, certamente, não estariam à espera de ver duas guerreiras tão aguerridas e técnicas na primeira vez que duas mulheres se desafiavam dentro de uma jaula, em Portugal. É certo que muitos estariam alheios ao facto de que Ana Azevedo é uma experiente e potente Kickboxer com “carteira” Internacional e que Rute é, por ventura, a maior estrela feminina do circuito amador Português de MMA, e portanto melhor match up seria muito difícil de acertar, por parte da organização.

Talvez sentido o enorme arsenal de Kickboxing da sua adversária (ou tentando explorar a sua potencial fragilidade), Rute conseguiu levar para baixo com um single leg takedown (depois de apanhar uma perna que vinha, precisamente, com um low kick) e tentou fechar um arm triangle choke mas à medida que o tempo passava sentia-se que este não estaria devidamente encaixado e o facto de ela não tentar rodar para maximizar a pressão fazia adivinhar que iria “queimar” os braços e Ana conseguiu-se soltar e reverter a posição e acabou o assalto a castigar por cima, na guarda da adversária que fechava na tentativa de apanhar alguma aberta para contra-atacar no chão, nunca tentando afastar a adversária com, por exemplo, uma posição de guarda em borboleta.

O segundo round foi algo de imenso e intenso e a plateia gritava e vibrava em uníssono ao ritmo brutal a que as duas atletas trocavam socos e pontapés que encaixavam mas que não faziam nenhuma cair e ambas passaram três inacreditáveis minutos a dar e a receber golpes fortíssimos enquanto os seus rostos e corpos escorriam sangue e ficavam marcados pela veemência do seu querer. Ana começou mais cirúrgica e acertiva a misturar combinações de mãos e pernas mas Rute conseguiu equilibrar e ganhar superioridade á medida que o assalto foi avançando com jabs fortes e golpes de ângulos algo imprevisíveis. Fantástica preparação física, técnica e coração demonstrada por ambas, facto que foi assinalado com uma ovação electrizante pelo público presente quando o gongo encerrou o segundo round.

O assalto final começou com a mesma toada mas Rute voltou a insistir na queda e levou com relativa facilidade para baixo tento a sua adversária, já algo cansada, dado as costas onde a atleta da equipa Kleber JJ, com o seu Jiu Jitsu superior, encaixou um apertado rear naked choke que obrigou a sua adversária a bater, aos 01:55 min do terceiro round, e a acabar com uma luta inesquecível. Em declarações exclusivas para o MMA Portugal, Rute afirmou que foi um combate muito difícil contra uma atleta duríssima e quando confrontada com a pergunta de quais seriam os planos futuros para a sua carreira (próximos combates, se faria a transição para profissional) a atleta afirmou humildemente que tudo está nas mãos da sua equipa. Agradeceu também o apoio do MMA Portugal e de toda a nossa comunidade e aos seus fãs.

Tiago Prata (Nova União Portugal) vs João Soares (Artes Nobres)

Enquanto que João Soares, agora a representar a Artes Nobres,  era um atleta ligeiramente conhecido no cenário Nortenho por ter treinado durante algum tempo na Kleber JJ e por já ter uma luta profissional de MMA no seu palmarés, tendo sido derrotado no Arena Warriors 5 em 2009, Tiago Pratas era uma incógnita nesta sua primeira prestação na modalidade. Atleta da Nova União Portugal,

Pratas apresentava-se com um status promissor no Boxe mas restava saber se essa sua faceta se iria impor na jaula. Todas as dúvidas foram desfeitas logo depois do soar da campainha com Pratas a partir determinado para cima do seu adversário, resistindo à tentativa de queda com um sprawl,  e a encaixar potentes cruzados de direita e esquerda que encostaram o seu adversário à rede e obrigaram o árbitro a parar a contenda, para proteger a integridade física do atleta e impedir danos maiores, atribuindo uma vitória por TKO logo a0s 28 segundos do primeiro assalto, para o prospect de Matosinhos. Excelente e explosiva estreia de Tiago que deixa um aviso sério à divisão Nacional dos meios médios e João Soares certamente terá mais oportunidades para mostrar o seu jogo.

Jorge Mendes “Rambo” (Kleber JJ) vs Filipe “Ninja” (RS Team)

Este foi um combate, infelizmente, um pouco sem história uma vez que depois de alguma troca inicial e de algum estudo mútuo Mendes, com um cruzado de direita, abriu um golpe na arcada esquerda do atleta treinado por Rafael Silva que obrigou o árbitro a interromper a contenda e embora a equipa médica tenha aprovado a continuação da luta, o canto de Ninja viu-se forçado a atirar a toalha, em desistência, uma vez que o sangue jorrava abundantemente numa altura em que ambos os atletas lutavam no solo depois de Mendes ter fugido ao ataque, em pé, de Ninja e ter ganho as costas para um projecção. No entanto, é uma vitória por TKO (corner stoppage) no fight record de Jorge Mendes, que se estreia bem deixando boas indicações, e Filipe abandona a jaula depois de ter mostrado vontade e até alguma frustração por não ter podido continuar. Terá mais combates pela frente para mostrar o seu trabalho a todos os fã que o ficaram a conhecer.

Simão Rodrigues “Sifu” (Tai Long) vs Bruno Cruz “Gaiato” (VS Team)

Em meios-pesados, este foi o combate na categoria de peso mais elevada da noite e notava-se o maior volume corporal de Gaiato, facto que tinha sido apurado na pesagem, no dia anterior, e que foi alvo de concórdia por ambos os treinadores. Ambos se iam estrear em MMA sendo que se sabia que Simão é o líder da equipa Tai Long (que já participou no ADC) e que foi campeão Nacional de Sanda enquanto que de Gaiato apenas se sabia o facto de, a par de Pantera, ser uma das apostas da nova equipa treinada por Sori Djaló, a VS Team.

Mal o combate começou tornou-se notório que a estratégia de Simão seria levar para baixo e conseguiu-o mesmo com um takedown mas Bruno conseguiu reverter e ficar na guarda de Sifu onde castiga com algum ground and pound. Obrigado a tentar algo para escapar ou mudar o momento da luta, o atleta da Tai Long tenta encaixar uma armbar mas não consegue fechar a posição e continua a ser castigado, dando as costas ao adversário momentos antes do primeiro round terminar. O segundo assalto começa com alguma troca mas vai novamente para baixo onde Bruno tenta aplicar uma guilhotina mas Simão consegue soltar a cabeça e monta-o começando com um pesado castigo de ground and pound ao qual Bruno vai resistindo à medida que Simão ia perdendo as forças para bater. Vivia-se um momento dramático na luta porque ambos os atletas estavam exaustos e Simão já estava a castigar na montada há algum tempo pedindo, inclusivamente, ao árbitro para que este parasse a contenda mas o mesmo decidiu que Bruno ainda se estava a defender de forma activa e mandou continuar sendo que teve mesmo de parar alguns golpes depois para dar a vitória por TKO, aos 02:22 minutos do segundo assalto, a Simão que deixou a jaula absolutamente exausto. Foi um bom combate de estreia para ambos onde mostraram grande vontade e persistência, mesmo em condições difíceis, ficando os fãs a aguardar por novas incursões.

Fábio Ferreira (Fight Zone Aveiro) vs José Lopes (Kleber JJ)

Este era um combate entre dois atletas já com experiência amadora e que davam um passo em frente na sua carreira ao competirem na jaula e com uma componente de espectáculo mais comercial. Esta foi a única luta da noite a ir para decisão, o que prova que o evento contou com lutadores capazes de nocautear e submeter mas também de aguentar os três rounds. O primeiro assalto abriu com alguma troca franca em pé sendo que Lopes encaixa alguns socos. Fábio levou para baixo e caiu na guarda – com Lopes a prender uma perna – e castiga as costelas do adversário mas não consegue melhorar a posição, transitar ou causar grandes danos.

O atleta da Kleber JJ consegue-se levantar, junto à grade, mesmo no fim do assalto. Pelo takedown, posição superior no chão e ligeira vantagem em pé e no controlo de onde a luta se desenrolava o MMA Portugal pontuou este assalto com 10-9, com vantagem para o atleta de Aveiro. O segundo assalto começa com Fábio a cair em cima do seu adversário onde este tenta uma chave na cabeça, numa posição algo diagonal, que não consegue encaixar, sendo que Fábio levanta-se e pressiona contra a jaula. O round prossegue com ambos os lutadores a trocarem em pé sem conseguirem encaixar muitos golpes, com ligeira superioridade para Lopes que desse modo leva-nos a pontuar este assalto com um 10-9, a favor do atleta da Kleber JJ. Numa luta extremamente equilibrada partíamos para o último assalto com o combate empatado, na nossa opinião, e qualquer pormenor poderia fazer a diferença para alcançar a vitória na mesa dos jurados, especialmente com rounds de três minutos.

Quando se poderia esperar alguma fadiga os dois lutadores partiram com tudo com trocas duras de socos e low kicks sendo que o combate teve de ser interrompido quando o atleta de Aveiro atingiu, inadvertidamente, a zona genital do seu oponente. Reiniciado o confronto, Fábio tenta uma super man punch que não entra e mesmo no fim quando era extremamente difícil decidir um vencedor para o assalto derradeiro Fábio consegue um takedown vital que, na nossa opinião, o fez ganhar o round e também luta, por 29-28. O colectivo de jurados decidiu no mesmo sentido que nós e atribuiu a vitória a Fábio Ferreira que se mostrou sempre muito focado e intenso. José Lopes também fez uma excelente luta e mostrou que tem argumentos para se bater com qualquer um na divisão dos pesos-leves.

Pedro Carvalho (RS Team) vs Carlos Silva “Bertinho” (Nova União Portugal)

Notava-se pela atmosfera da Arena que este era um dos combates mais esperados da noite e era notória uma larga massa de fãs que tinham vindo para ver a estreia de Bertinho. Por outro lado, também é fácil constatar que há sempre uma grande expectativa para ver uma nova aposta da lenda do MMA Nacional Rafael Silva a estrear no MMA.

Logo no início do assalto Bertinho apostou no conhecido forte jogo de chão da sua equipa e conseguiu uma boa projecção conseguindo encaixar alguns golpes na top position mas Pedro consegue-se levantar e levar para baixo com um single leg takedown ficando na meia guarda do adversário conseguindo melhorar a posição e montar, onde começa a castigar com ground and pound. Ao estar a ser atacado, Bertinho dá as costas e Pedro consegue encaixar um forte rear naked choke que obriga o seu adversário a bater, aos 01:37 min. Excelente vitória para o atleta de Guimarães que se mostrou bastante sólido e composto mas também uma boa luta de Carlos Silva que foi apanhado no jogo de chão do adversário. O público vibrou com o combate e estará, certamente, com vontade ver ambos os lutadores de regressos à jaula. Mais dois atletas a ter em conta na vibrante divisão de pesos-leves que se está a construir em Portugal.

Manel Kape (Kleber JJ) vs Renato Ferreira (Nova União Portugal)

Chegava o momento do combate principal da noite que contava com dois atletas que dispensavam apresentações, nos cantos opostos. De um lado estava Manel Kape, jovem prodígio da Kleber JJ com um registo imaculado no circuito amador (oito vitórias, zero derrotas) – considerado o melhor lutador do ADC em 2011 – e já com uma vitória profissional no Cage Fighters 2, em Maio deste ano, desafiando o prestigiado Kickboxer, a estrear-se no MMA, Renato Ferreira com vários títulos Internacionais incluindo um campeonato da Europa.

Na mente de muitos dos presentes estariam alguma dúvidas como saber se o striking de Kape chegaria para acompanhar um adversário tão perigoso em pé ou se Renato teria argumentos para defender os takedowns de Manel e combater no chão. Mal começa o combate Manel Kape assume uma postura que ficou popularizada pelo campeão do UFC Jon “Bones” Jones ao ir de encontro ao adversário de gatas, o que é ainda mais seguro nas regras do Challengers porque não valem joelhadas, o que obrigaria Renato a ficar algo vulnerável a ter que lutar no solo, caso atacasse. Mal Kape assume uma postura mais convencional consegue a projecção com um double leg (transformado em single) mas Renato consegue levantar-se, mostrando bom treino para MMA, sendo que Kape acerta um high kick de esquerda que faz o adversário cair e parte para cima castigado com vários socos, aos 45 segundos do primeiro round. O árbitro entendeu terminar a contenda para defender a integridade física de Renato num altura em que o atleta parecia estar a tentar recuperar e levantar-se mas a pressão de Manel Kape também era uma realidade e o árbitro estava numa posição melhor do que qualquer outra pessoa na Arena para avaliar a situação.

É uma conjuntura sempre subjectiva, recorrente no mundo do MMA, e os árbitros têm uma fracção de segundo para decidir e se por vezes são criticados por acabarem, supostamente, cedo de mais também o são quando deixam um atleta ser alvo de castigo desnecessário. Na nossa opinião poderá, do local onde nos encontrávamos, ter parecido uma paragem algo precoce mas aceitamos a decisão do árbitro por 1) estar melhor posicionado do que nós e poder ter visto algum pormenor que nos escapou; 2) por ter a responsabilidade de proteger a integridade física do atleta.

De qualquer modo, o árbitro está lá para decidir e entendeu que seria a melhor decisão, facto que tem de ser respeitado também pela sua tarefa ser complexa e subjectiva e requerer decisões extremamente rápidas. Tratou-se de uma vitória muito importante para Manel Kape, logo no início do primeiro assalto, contra um nome conhecido que faz crescer ainda mais o hype à sua volta. Renato também mostrou boas indicações na sua transição para o mundo do MMA e esperamos voltar a vê-lo em breve pois é sempre bastante emocionante quando um grande atleta, com provas dadas, de outro desporto de combate faz a transição para o MMA.

Noite memorável com o regresso do MMA aquela que é a catedral dos Desportos de Combate no Norte e que deixou os fãs satisfeitos, com água na boca para futuros eventos, e que revelou mais nomes que podem explodir, não só no Cage Fighters e no nosso circuito interno mas também a nível Internacional! Todas as equipas estão de parabéns pela postura profissional e cordial e pela forma como treinam e fazem os seus pupilos evoluir. A organização já fez saber que, fruto do estrondoso sucesso desta primeira edição do Challengers, logo no início de 2013 haverão mais edições neste formato (com a zona de Lisboa e do Minho também no horizonte). Certamente, muitos destes atletas serão vistos nas galas principais do Cage Fighters, a curto prazo, a competir com os nomes já estabelecidos nos cartazes profissionais.

Não sabemos se foi fruto deste evento mas no dia seguinte ao Challengers a Arena de Matosinhos fez saber que voltará a ter uma equipa de MMA residente (depois das passagens, como treinadores, de Rafael Silva, Kleber Repolho e Marcus Santos). É muito importante agradecer aos sponsors porque só com eles e com a entrada das grandes marcas e da imprensa generalista em cena é que o desporto poderá evoluir mais e passar a ser um fenómeno também de dentro para fora, que conquiste o espectador comum, como acontece em vários outros países. Nesse sentido o MMA Portugal saúda o patrocinador principal do evento – o site Stock Off, que oferece descontos até 90% em inúmeros productos – por apostar no MMA como mercado efectivo e contundente na intercepção com o seu público-alvo.

O futuro do Cage Fighters parece bastante risonho e é incrível ver como a promoção cresce de popularidade e de qualidade a cada eventos, fruto também do trabalho desenvolvido pelas equipas, que cada vez são mais. O que se espera, a nível desportivo, é que organize mais Challengers para fazer rodar e dar a conhecer os novos talentos (esperemos que também no Minho, Centro e Sul do país) e que organize grandes galas principais onde contrate os melhores lutadores Nacionais e lance estas novas estrelas para começar a definir os primeiros campeões (em formato torneio seria fabuloso!). Claro que trazer adversários Internacionais de qualidade para desafiar os Portugueses também seria interessante. Estrategicamente, esperamos que consiga captar o interesse de patrocinadores para poder ter margem para ter bons nomes e produção de alto nível, que capte a atenção dos meios de comunicação social generalistas e que tenha bons ratings nas transmissões televisivas. Este evento terá transmissão televisiva em data e canal a ser divulgado pela organização em primeira mão, aqui, no MMA Portugal.

Resultados rápidos:

Manel Kape (Kleber JJ) derrotou Renato Ferreira (Nova União Portugal) | TKO (punches) 00:45 R1
Rute Frias (Kleber JJ) derrotou Ana Azevedo (SMD) | submissão (rear naked choke) 01:55 R3
Simão Rodrigues “Sifu” (Tai Long) derrotou Bruno Cruz “Gaiato” (VS Team) | TKO (ground and pound) 02:22 R2
Pedro Carvalho (RS Team) derrotou Carlos Silva “Bertinho” (Nova União Portugal)  | submissão (rear naked choke) 01:37 R1
Tiago Prata (Nova União Portugal) derrotou João Soares (Artes Nobres) | TKO (punches) 00:28 R1
Deiby Lima (SMD) derrotou Filipe Soares (Nova União Portugal) | KO (ground and pound) 01:23 R2
Jorge Mendes “Rambo” (Kleber JJ) derrotou Filipe “Ninja” (RS Team) | TKO (desistência do corner) 01:26 R1
Fábio Ferreira (Fight Zone Aveiro) derrotou José Lopes (Kleber JJ) | Decisão (unânime)
Nuno Pantera (VS Team) derrotou João Branco (Kick Team Viseu) | KO (punch) 00:11 R1
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